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O paladar afiado de Lizandra Freitas, presidente da Suntory Global Spirits

Com cursos na Le Cordon Bleu e na Alain Ducasse, a executiva tem por hobby a cozinha

Lizandra Freitas no Instituto Le Cordon Bleu: gosto pela cozinha começou com os programas do chef inglês Jamie Oliver (Leandro Fonseca /Exame)

Lizandra Freitas no Instituto Le Cordon Bleu: gosto pela cozinha começou com os programas do chef inglês Jamie Oliver (Leandro Fonseca /Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.

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Para diversos executivos, praticar um hobby é uma forma de aliviar a pressão da rotina de trabalho. Isso não é diferente para Lizandra Freitas, presidente da Suntory Global Spirits na América do Sul e Central, que encontra na cozinha um momento para si — e acaba complementando seus conhecimentos no setor de gastronomia e bebidas.

Esse gosto nasceu tarde. Freitas cresceu em uma família em que a comida reunia muita gente ao redor da mesa. “O Natal na minha família é um evento, com uma mesa com mais de 20 pratos”, lembra. Mas, na infância, cozinhar parecia mais uma tarefa domiciliar do que um passatempo. A virada veio aos 30 anos, em um período em que decidiu testar receitas sozinha, inspirada por programas de televisão. “Eu não cozinhava nada, mas, depois de assistir a muitos programas do [chef inglês] Jamie Oliver, decidi tentar e vi que levava jeito.” Sem pressão, o hobby foi entrando na rotina da executiva.

O interesse aumentou a ponto de Freitas buscar uma formação. No Peru, onde morou enquanto trabalhava na Coca-Cola, ela se matriculou na Le Cordon Bleu, em Lima. Foram três anos no total, sendo quatro semestres de comida internacional e mais um ano de culinária peruana. Depois, em um ano sabático, foi para a França fazer curso na Alain Ducasse, além de aulas curtas temáticas, como curso para aprender receitas com foie gras, massas folhadas e doces. Freitas fazia escolhas por temas e por curiosidade, sem a pressão de se tornar uma profissional na área.

Hoje, ela cozinha nos fins de semana e transforma esses momentos em rituais. “Aos domingos coloco uma música para tocar e vou para a cozinha.” Antes, acompanhava as receitas com uma taça de vinho; agora, prefere sucos. Cozinhar em casa, com música e tempo, é parte do que torna o hábito significativo para ela.

A cozinha também funciona como uma forma de desacelerar. Freitas diz que, quanto mais estressada está, mais sente necessidade de ir para o fogão. “Para mim, cozinhar é terapêutico. Quanto mais nervosa eu estou, mais fininho eu corto os ingredientes”, brinca. “Presto tanta atenção no processo que não penso em mais nada.”

Para Freitas, cozinhar ajuda a reorganizar a cabeça. Ela está desde 2022 à frente da operação brasileira da terceira maior companhia de destilados do planeta. O Brasil é um dos sete mercados prioritários para a Jim Beam globalmente. Atualmente, a Suntory Global Spirits possui mais de 6.000 funcionários em escritórios, destilarias e vendas no mundo.

Sob a liderança de Freitas, a Beam Suntory tem investido fortemente no segmento de destilados premium, crescendo oito vezes em vendas de produtos de alto valor agregado no Brasil no último ano.

Para além das viagens a trabalho, o hobby aparece nos destinos de férias, já que os locais de descanso também são escolhidos de acordo com a culinária local. Freitas organiza roteiros em torno de experiências gastronômicas, como visitas a restaurantes e cursos locais. Na Jordânia, viveu uma experiência marcante em Amã, ao cozinhar com uma senhora cuja neta traduzia a receita para o inglês.

“Passei a tarde com essa senhora. Cozinhamos e jantamos todos juntos na casa dela. Para mim, a gastronomia é uma forma de entender o país.” Na Tailândia, fez um curso focado em curry na escola Blue Elephant. Na Austrália, acompanhava programas de cozinha na televisão e replicava as receitas no dia seguinte.

Com o tempo, a gastronomia virou uma ponte familiar. O gesto aproximou ainda mais mãe e filha. Elas cozinham juntas no Natal, com Freitas fazendo a massa da lasanha enquanto a mãe, aos 83 anos, a acompanha e orienta. As receitas passam entre gerações: a mãe organiza o próprio caderno, a sobrinha aprende pelas redes sociais, e os encontros de família muitas vezes giram em torno da comida. “Cozinhar é um ato de amor”, diz.

*Agradecimento ao Instituto de Artes Culinárias Le Cordon Bleu São Paulo

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