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Carta de EXAME: os grandes timoneiros

Os acontecimentos nos Estados Unidos e na China comprovam a máxima de que nada está garantido para sempre — tudo precisa ser reconquistado a cada dia.

No topo do poder: as controvertidas decisões de Donald Trump e Xi Jinping afetam o mundo todo | Jonathan Ernst/REUTERS /  (Jonathan Ernst/Reuters)

No topo do poder: as controvertidas decisões de Donald Trump e Xi Jinping afetam o mundo todo | Jonathan Ernst/REUTERS / (Jonathan Ernst/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2018 às 05h01.

Última atualização em 2 de agosto de 2018 às 15h47.

Bastaria a posição que ocupam, de presidentes das duas maiores economias do planeta, para os homens da foto merecerem ser o centro das atenções — e das preocupações — da humanidade. Mas os atos mais recentes de Donald Trump, chefe de governo dos Estados Unidos, e Xi Jinping, mandatário da China, indicam que eles vão dar cada vez mais o que falar e podem marcar a história por conduzir as nações sob seu comando para mares tormentosos. Em ambos os casos, estão em curso mudanças que representam um retrocesso em relação às tendências que vinham predominando no passado recente.

No exemplo americano, a maior democracia do mundo está sendo submetida a um teste de estresse inédito. A cada decisão tomada por Trump — nada mais que cumprindo suas promessas de campanha, é verdade —, a corda vai esticando um pouco mais. A mais recente, de proteção ao aço e ao alumínio produzidos no país, vai na direção de desafiar o comércio internacional. É difícil ver algum resultado positivo da medida. O grau de confusão causado na Casa Branca tem chocado o mundo e está retratado no livro Fogo e Fúria, sobre os bastidores do primeiro ano do governo Trump. Em entrevista exclusiva a EXAME, o autor Michael Wolff fala que está se armando um confronto em Washington: “Nunca vi tantas vertentes do sistema político americano tão determinadas a retirar um presidente”.

Enquanto isso, com modos discretos que são o inverso do espalhafato característico de Trump, Xi Jinping acaba de obter do Partido Comunista Chinês a aprovação de sua permanência vitalícia na Presidência. Pelos poderes que agora acumula, Xi é comparado a Mao Tsé-tung, ditador que mandou na China de 1949 até sua morte em 1976. Seu governo de terror e decisões desastrosas ficou marcado pela morte de milhões de pessoas e pelo empobrecimento do país. As décadas seguintes foram de recuperação, até que se operasse o milagre do crescimento que tornou a China a segunda economia do mundo. Mas as expectativas de que a prosperidade, uma certa licença para o setor privado e o aumento do consumo levariam o gigante asiático gradualmente a se aproximar do modelo democrático ocidental foram sepultadas com a soberania absoluta concedida a Xi. Ao contrário, os sinais são de que ele vai reforçar o papel do Estado. Sobre o novo cenário da China, EXAME traz um artigo exclusivo de Minxin Pei, professor no Claremont McKenna College, nos Estados Unidos. Suas conclusões são preocupantes.

Os acontecimentos nos Estados Unidos e na China comprovam a máxima de que nada está garantido para sempre — tudo precisa ser reconquistado a cada dia. Felizmente, os males dos países também não são imutáveis. Uma mostra é o que está ocorrendo na Argentina com uma revitalização da economia, assunto de uma reportagem desta edição. Lá, medidas de abertura econômica após décadas de atraso começam a injetar um ânimo no espírito empreendedor do país. Ainda vai levar muito tempo para a Argentina se recuperar, mas os sinais são muito promissores. O Brasil, à beira de fazer escolhas, deveria refletir sobre as opções tomadas por nações tão díspares quanto Estados Unidos, China e Argentina — e seus resultados. Também precisamos fazer por merecer boas-novasna economia, na política e na sociedade.

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