A política americana será marcada em 2026 pelo esforço de Trump para vencer nas urnas (Alex Wong/Getty Images)
Repórter de internacional e economia
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.
O primeiro ano do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi de alta velocidade, com ações em muitas frentes ao mesmo tempo. O segundo ano terá uma parada obrigatória: as midterms, eleições de meio de mandato para renovar o Congresso. É uma chance para os americanos dizerem se querem seguir esse caminho ou mudar de rota.
Para prever o resultado, não adianta ver só as pesquisas. É preciso olhar o gerrymandering, a prática de redesenhar os distritos eleitorais para tirar vantagem. Como cada distrito elege um deputado, o truque é traçar as linhas para que cada área tenha mais eleitores de um partido. Assim, os políticos acabam definindo quem serão seus eleitores.
Trump pediu explicitamente que os governadores republicanos mudassem os mapas para o partido ir bem na votação, em 3 de novembro de 2026. Assim, veio uma onda de alterações, em estados como Texas, Califórnia e Missouri, com governos democratas também tentando mudar os mapas. Muitas delas foram questionadas na Justiça, em processos sem data para acabar. “Ainda não está claro para ninguém quais distritos estarão em disputa, e isso introduz uma incerteza enorme”, diz Mauricio Moura, professor na Universidade George Washington.
As eleições locais de 2025 deram razões para Trump se preocupar. Os democratas elegeram os governadores na Virgínia e em Nova Jersey, com mais de 15 pontos de vantagem. Em Nova York, o democrata Zohran Mamdani conquistou a prefeitura ao apostar em promessas para baixar o custo de vida e em uma campanha digital colorida e irreverente.
Ao mesmo tempo, Trump viu sua taxa de aprovação cair para menos de 40%. É um patamar pior do que o do antecessor, Joe Biden, na mesma etapa do mandato, e também do que o próprio Trump somou em seu primeiro governo.
Para Moura, os dois principais motivos disso são a perda de apoio entre o eleitorado latino, alvo da forte campanha contra a imigração irregular, e a demissão em massa de funcionários federais, que atuam com mais força nos estados.
Assim, a política americana será marcada em 2026 pelo esforço de Trump para vencer nas urnas. Para tentar baixar preços, ele recuou nas tarifas e deu isenções a vários produtos e países, incluindo o Brasil. Retroceder em outras áreas, como conter a caça a imigrantes e recontratar funcionários, é mais difícil.
Hoje, Trump tem maiorias no Senado e na Câmara, por margens estreitas. Se ganhar o controle de pelo menos uma delas, a oposição terá poder para barrar medidas da Casa Branca e abrir investigações. O republicano perdeu as midterms em seu primeiro governo, e vai acelerar como puder para evitar que a votação em 2026 se torne a entrada para um fim de mandato em baixa rotação.