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“O Brasil é um parceiro-chave”, diz secretária do Tesouro do Reino Unido

Para a secretária do Tesouro do Reino Unido, Elizabeth Truss, tanto os britânicos quanto os brasileiros podem se beneficiar com a saída do país da UE

Elizabeth Truss: o comércio entre Brasil e Reino Unido deveria ser maior | Jack Taylor/Getty Images /

Elizabeth Truss: o comércio entre Brasil e Reino Unido deveria ser maior | Jack Taylor/Getty Images /

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Filipe Serrano

Publicado em 10 de maio de 2018 às 05h00.

Última atualização em 10 de maio de 2018 às 05h01.

Desde que foi eleita para o Parlamento do Reino Unido pela primeira vez em 2010, Elizabeth Truss tem ocupado cargos estratégicos no governo britânico. Atualmente, ela é secretária-chefe do Tesouro, o segundo posto mais alto do ministério responsável pelas finanças públicas do país. Numa visita a São Paulo, ela falou a EXAME sobre a oportunidade de o Reino Unido e o Brasil estreitarem os laços comerciais num momento em que os britânicos estão saindo da União Europeia, o chamado Brexit.

O governo britânico já tem um entendimento claro de como a saída da União Europeia afetará a economia do Reino Unido?

Recentemente, a primeira-ministra Theresa May concordou com um acordo preliminar com a União Europeia. E agora está mais claro como será o caminho para o Brexit. Vamos deixar a União Europeia formalmente em março de 2019 e, depois, teremos um período de transição até o início de 2021. Isso oferece às empresas mais clareza. O que começaremos a ver agora é mais investimentos, porque as pessoas sabem qual é o formato do acordo.

Alguns analistas dizem que uma união aduaneira seria a melhor forma de evitar os prejuízos. A senhora concorda?

Claramente, uma união aduaneira permite um comércio sem atrito. Mas o problema é que, nesse caso, não poderíamos fazer acordos comerciais com o resto do mundo. Perderíamos a capacidade de ser flexíveis com o Brasil, com os Estados Unidos ou com outros parceiros. Queremos ter essa flexibilidade e queremos ter uma fronteira com a União Europeia que seja a mais aberta possível. O mais importante é poder fazer outros acordos.

Já há conversas com o governo brasileiro nesse sentido?

Sim. Os políticos brasileiros com quem falei dizem que estão muito entusiasmados com essa possibilidade. E meu colega Liam Fox [secretário de Comércio Exterior], responsável por negociar os acordos, está trabalhando muito nessa área. Então, estamos muito comprometidos. Vemos o Brasil como uma prioridade. Os dois países deveriam estar fazendo mais trocas comerciais. Existem áreas de muito potencial.

Poderia dar algum exemplo de uma dessas áreas?

Infraestrutura é uma delas. Podemos contribuir muito com nossa experiência. O Reino Unido conseguiu aumentar os investimentos em infraestrutura fazendo mais obras públicas com financiamento privado e mais concessões. Estamos interessados em discutir isso também com o Brasil.

Seu interesse é que empresas britânicas participem mais de projetos de infraestrutura no Brasil?

Estou interessada que empresas britânicas invistam no Brasil, que elas vendam mais para o Brasil, que as empresas brasileiras invistam na Grã-Bretanha. Estou interessada em tudo isso porque acho que é uma relação de mão dupla.

Como o Brasil se tornaria atraente para empresas britânicas?

Ajustar as finanças públicas faz parte disso. Saber que o governo tem um plano econômico sustentável de longo prazo também é importante. Minha opinião é que as coisas estão caminhando na direção certa. No Reino Unido, também tivemos um período longo de endividamento crescente. Neste ano, pela primeira vez, começaremos a reduzir a dívida pública em proporção ao PIB.

A incerteza em relação à eleição presidencial no Brasil, em outubro, atrapalha esses planos?

Eu não diria isso. Acho que há um reconhecimento na política brasileira em geral de que as reformas precisam acontecer. 

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