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5G pode gerar impacto de mais de US$100 bilhões no PIB na próxima década

A estreia da banda larga ultrarrápida deve mudar para sempre a internet

Pessoas usando smartphones na China: a tecnologia 5G impulsiona a conectividade nos negócios (Kevin Frayer/Getty Images)

Pessoas usando smartphones na China: a tecnologia 5G impulsiona a conectividade nos negócios (Kevin Frayer/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 05h00.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 14h14.

Os números são muito maiores do que cinco. Estima-se que a implementação da tecnologia de internet móvel 5G no Brasil vá gerar um impacto de mais de 100 bilhões de dólares no produto interno bruto do país na próxima década. Parte desse valor, algo em torno de 40 bilhões de reais, deverá vir de investimentos públicos e privados em telecomunicações. Os dados são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da consultoria KPMG. Além das cifras, a internet de quinta geração fará mais do que permitir dow­nloads e transmissões de vídeo mais rápidos nos celulares. Ela será essencial para desenvolver uma indústria mais ágil e inteligente, com o avanço de tecnologias de computação em nuvem. Nessa bola de neve tecnológica, o caminho para a popularização de carros autônomos e de cidades inteligentes fica mais curto.

A vida está mais complexa, a rotina mais intensa, mas a EXAME Academy pode ajudar a manter a mente em foco

O leilão para o uso da tecnologia está marcado para algum momento de 2021. As previsões mais otimistas apontam que ele poderá ser realizado já em maio. Isso dependerá, é claro, de como o país vai lidar com a crise do novo coronavírus até lá. O que está em jogo são as faixas de frequência nas quais a tecnologia vai operar e quais operadoras móveis terão os direitos de uso para cada uma delas. Quando o último martelo for batido, o governo brasileiro espera que os cofres públicos estejam 20 bilhões de reais mais recheados — isso sem contar o valor que essas companhias investirão em infraestrutura para permitir o uso da tecnologia. “O 5G não é apenas um G a mais na tecnologia”, diz Agostinho Linhares, gerente de espectro, órbita e radiodifusão da Anatel. “Será um divisor de águas. Inicialmente, com redes que priorizem a otimização da banda larga.”

(Arte/Exame)

Há imbróglios a ser resolvidos antes de qualquer lance. O principal está relacionado à Huawei. O gigante chinês é um dos maiores fornecedores de infraestrutura de telecomunicações. Presente no Brasil há 22 anos, a empresa enfrenta resistência por parte do governo federal, encabeçada pelo presidente Jair Bolsonaro. A Casa Branca faz campanha para que os países excluam a empresa, acusando a China de utilizar as redes da Huawei para espionar cidadãos e governos. “Colocamos equipamentos à disposição de testes para que o governo federal possa tomar sua decisão por meio de critérios técnicos e não discriminatórios”, diz Marcelo Motta, diretor de segurança digital da Huawei no Brasil. O banimento garantiria espaço para a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia, também já presentes no Brasil.

Essa não é uma decisão que agrada a todos no Planalto. “Se, por acaso, disserem: ‘A ­Huawei não pode fornecer equipamento’, vai custar muito mais caro, porque vai ter de desmantelar tudo”, afirmou o vice-presidente Hamilton Mourão em dezembro. Estudos recentes estimam que o banimento da Huawei custaria 200 bilhões de dólares. O valor é referente ao custo de substituir a infraestrutura por uma de outra empresa. Isso porque a ­Huawei é responsável por aproximadamente 50% dos equipamentos de rede utilizados por Claro, Vivo, TIM, Oi e Nextel. Sem eles, é impossível garantir que a tecnologia vá funcionar da forma como se espera. Mesmo assim, o presidente Bolsonaro vem desautorizando seu vice a comentar qualquer assunto relacionado ao 5G. Com ou sem a Huawei, o Brasil precisa se preparar para sua maior transformação digital.

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