Nesta escola de programação, o aluno só paga quando estiver empregado
Uma startup criou um modelo de negócios em que alunos da área de tecnologia estudam primeiro e só pagam pelo curso depois de conquistar um emprego, driblando assim as dificuldades de entrada no mercado de trabalho
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Alunos na sede da Trybe: escola de desenvolvedores utiliza o modelo “estudar antes, pagar depois” (Germano Lüders/Divulgação)
Publicado em 29 de julho de 2021, 06h00.
Última atualização em 2 de agosto de 2021, 12h49.
Um em cada três brasileiros de 18 a 24 anos não tem emprego, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os jovens que concluem o ensino médio, 65% do total, menos de um terço mostra aprendizagem adequada em língua portuguesa e apenas 9% dominam plenamente os conteúdos em matemática, segundo a ONG Todos pela Educação. A combinação desses números indica os desafios que essa geração de jovens vai enfrentar no futuro.
Mas como criar alternativas para jovens mal preparados e com poucas perspectivas no mercado de trabalho? Uma startup na área de educação criou um modelo de formação no setor de tecnologia para quem necessita de qualificação profissional e não tem condição de pagar pelo ensino. A proposta da escola de programação Trybe, de São Paulo, é capacitar profissionais em um modelo em que os alunos começam a pagar apenas depois de empregados com uma remuneração mínima e proporcionalmente ao salário recebido — 17% de sua renda mensal até quitar o valor total do curso, que custa 36.000 reais. Ou seja, estude antes, pague depois
Fundada em 2019 por cinco empreendedores — Matheus Goyas, Claudio Lensing, João Daniel Duarte, Marcos Moura e Rafael Torres —, a Trybe já formou 200 jovens no modelo chamado de “sucesso compartilhado”. De acordo com a startup, 92% dos profissionais formados pela escola conseguiram trabalho em até três meses após a conclusão do curso.
As aulas na Trybe são online — portanto, a pandemia não atrapalhou a rotina dos alunos. Mas é preciso dedicação ao longo dos 12 meses de curso. São 6 horas diárias de aulas ao vivo com professores para estudar desde linguagens de programação, como Java e Phyton, até desenvolvimento de habilidades sociocomportamentais, como colaborar em projetos, gerenciar o tempo ou falar em público.
Goyas, CEO da Trybe, trouxe a ideia da escola após uma viagem a diversos países que fez em 2018, depois de criar outras startups na área educacional (ele fundou e vendeu a AppProva em 2017 para o então grupo Ser Educacional, hoje Cogna). “Vi em diferentes países problemas comuns, mas que aqui no Brasil são mais acentuados.
O principal deles foi o da empregabilidade. Há uma matriz que profissionaliza a população, mas em profissões menos demandadas pelo mercado de trabalho”, explica. O setor de tecnologia é justamente uma dessas áreas em que faltam profissionais — e sobram vagas. Segundo um relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o déficit de profissionais no setor poderá chegar a 260.000 até 2024.
Além da formação para desenvolvedores, a Trybe atua como ponte entre os alunos da escola e empresas parceiras que precisam contratar profissionais de tecnologia. Hoje são mais de 100 companhias que recebem os alunos em seus processos seletivos, entre elas Ambev, Uber, Localiza e Loft. “O objetivo é oferecer cursos direcionados a profissões em que existe maior demanda de pessoas”, diz Goyas.
O sucesso da Trybe, que já recebeu mais de 20 milhões de dólares em duas rodadas de investimento, é atacar duas frentes: a baixa qualidade do ensino formal e currículos desconectados com a necessidade do setor privado no país. “As empresas perdem produtividade com a escassez de talentos, e as habilidades exigidas dos profissionais estão mais sofisticadas”, diz João Torres, sócio da consultoria de inclusão no mercado de trabalho Mais Diversidade. Combater o acesso desigual da população ao mercado de trabalho requer estratégias inovadoras. Que venham outras iniciativas para fazer a diferença.
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