Rafael Sales, CEO, e Daniella Guanabara, CFO: integração sem sustos e disciplina na alocação de capital — na compra e na venda de shoppings (Leandro Fonseca/Exame)
Editora do EXAME IN
Publicado em 17 de setembro de 2024 às 21h07.
Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 15h38.
Os shopping centers se saíram bem do teste de fogo da pandemia. Mas ninguém saiu mais forte que a Allos: em cinco anos, a então Aliansce passou de sexta maior empresa do setor na América Latina para a líder isolada em 2023 — duas vezes maior que a segunda colocada no Brasil em área locável.
O ano passado marcou o maior passo da Allos, com a conclusão da fusão com a BR Malls, em janeiro. A empresa combinada faturou 2,7 bilhões de reais, 10% a mais que no ano anterior. Os lojistas de seus mais de 50 empreendimentos venderam 40 bilhões de reais no ano.
Já cacifada depois da junção com a Sonae, em 2019, a integração ocorreu com uma entrega de resultados rápida. A projeção era chegar a um Ebitda de 2 bilhões de reais em um ano, ante 1,8 bilhão de reais das empresas combinadas na largada. O número veio já no segundo trimestre após a fusão, quando se considera o desempenho em 12 meses. “Queremos capturar cada vez mais 'share of life' do consumidor, trazer ele para o shopping com uma experiência cada vez mais agradável e completa”, afirma o CEO Rafael Sales.
Parte do bom desempenho vem também da parceria com os lojistas — e da tecnologia. Batizada de Sistema Bahia, uma plataforma proprietária trouxe ciência para a relação. A partir de uma ampla base de dados e inteligência artificial é possível saber qual é a precificação ideal de contrato por segmento e região.
Além de comprar shoppings, a Allos soube vender. Captou 1,8 bilhão de reais em dez vendas de participações e usou os recursos para aumentar a remuneração dos acionistas. Com isso, as ações fecharam 2023 com alta de 60%, bem acima de seus pares listados. “Fomos vencendo o ceticismo com trabalho e entrega de resultados”, afirma a CFO Daniella Guanabara. A executiva não é exceção: cerca de 50% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, um dos maiores patamares do varejo.