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7 empresas cinquentonas que seguem na ativa – apesar do Brasil

Em um país onde 60% das empresas morrem antes de completar cinco anos, as cinquentonas são casos raríssimos

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Mariana Segala

Publicado em 10 de agosto de 2017 às, 05h30.

Última atualização em 10 de agosto de 2017 às, 13h52.

Quando as empresas retratadas a seguir nasceram, há 50 anos, o ambiente corporativo no Brasil era outro. Em 1967, não havia nem CNPJ. Não se pagavam PIS ou Cofins, tributos que só seriam criados anos mais tarde. Ninguém acompanhava o sobe e desce do Ibovespa — o principal índice da bolsa brasileira também não existia na época.

De lá para cá, muita coisa mudou. “A maioria das fórmulas do passado para fazer negócios já não serve mais”, diz Sergio Comolatti, dono do restaurante paulistano Terraço Itália, uma das empresas cinquentonas. “Precisamos acompanhar um mundo que muda cada vez mais rapidamente.”

Se essas empresas, contemporâneas de EXAME, conseguiram completar cinco décadas é porque foram capazes de se adaptar. Afinal, não é simples manter uma empresa viva por muito tempo no Brasil — mais de 60% dos novos negócios aqui fecham as portas até cinco anos depois de ser abertos, segundo mostram os dados oficiais. Conheça algumas dessas empresas que desafiaram as estatísticas e continuam na ativa há 50 anos no país.


GRUPO INDUSVAL | Setor: Financeiro | Sede:  São Paulo (SP)

O grupo financeiro Indusval começou em 1967 como uma corretora de valores, que foi rebatizada há quatro anos como Guide Investimentos. “Investimos em tecnologia para atender pessoas físicas, que não eram nosso público-alvo”, diz Alexandre Atherino, diretor e sócio da Guide (à direita na foto, com os sócios Fernando Cardozo e Aline Sun). Comprando carteiras de instituições menores, a Guide chegou a 40 000 investidores cadastrados. Além da corretora, faz parte do grupo o Banco Indusval, voltado para grandes e médias empresas.


DORI ALIMENTOS |  Setor: Bens de Consumo | Sede: Marília (SP)

A Dori Alimentos nasceu há 50 anos como uma empresa estritamente familiar. A fabricante de balas, gomas e salgadinhos (na foto, a fábrica em Marília) foi batizada com o apelido de sua fundadora, Doraci dos Santos Spila. Na década de 80, a empresa foi vendida para outra família — os Barion, ainda hoje os controladores. Só mais recentemente ares de fora têm soprado na gestão da empresa. Pedro Lobo da Silva — um dos únicos sócios sem o sobrenome do patriarca, João Barion — assumiu a presidência em 2014. Sob sua administração, a Dori recebeu, no ano passado, capital do fundo de investimento americano Acon. Comprando as participações de familiares que deixaram o negócio, o fundo ficou com 30% da empresa e injetou 90 milhões de reais no negócio. “Embora familiar, a Dori adotou estruturas de governança corporativa no início dos anos 2000. Foi uma forma de assegurar a perenidade”, diz Silva, que trabalha na empresa há mais de 30 anos. Com certa folga no caixa, o que permitiu quitar dívidas caras de curto prazo, a expectativa é que a Dori volte a ter lucro em 2017, após três anos no vermelho.

912º entre as maiores

TERRAÇO ITÁLIASetor: Serviços | Sede: São Paulo (SP)

O empresário Sergio Comolatti (foto) costuma dizer que o Terraço Itália, localizado no topo do Edifício Itália, o segundo mais alto de São Paulo, com 41 andares, é a ponta de um iceberg. É o que mais aparece, mas representa a menor fatia do conglomerado que ele preside há 25 anos. O tradicional restaurante de comida italiana, que começou a funcionar em 1967 e logo virou atração turística, não significa nem 1% da receita anual de 1 bilhão de dólares do Grupo Comolatti, cujo carro-chefe é a Distribuidora Automotiva, do segmento de autopeças. Quando foi fundado pelo italiano Evaristo Comolatti, pai de Sergio, o restaurante tinha um glamour, que foi se perdendo nas décadas seguintes, no ritmo da degradação do centro de São Paulo. Mais recentemente, reformado, passou a atrair novos clientes. “Desde que começamos a investir em mídias sociais, conseguimos conquistar mais pessoas na faixa dos 20 aos 40 anos de idade, em comparação com o público de 40 a 60 anos que costumávamos ter”, diz Comolatti. Avançar sem perder a identidade com o passado — que dá charme ao lugar — é o desafio permanente.

- (Germano Lüders/Exame)

 


PANVEL FARMÁCIASSetor: Varejo |  Sede: Eldorado do Sul (RS)

Primeiro, as farmácias gaúchas Panitz e Velgos foram concorrentes. Depois, tornaram-se aliadas. Juntas, elas criaram uma central de compras, que viraria uma das primeiras distribuidoras de medicamentos do país — a Dimed. Era coisa rara no Brasil de 1967. Em geral, as drogarias abasteciam-se diretamente na indústria, o que consumia tempo e dinheiro com a manutenção de estoques. “Outras farmácias da região, além da Panitz e da Velgos, passaram a comprar da Dimed”, diz Julio Ricardo Mottin Neto (foto), presidente do grupo. O atacado foi o carro-chefe durante décadas — chegou a representar 80% do faturamento do grupo, que incluía as próprias farmácias e a produção de cosméticos. Com o Plano Real e o fim da hiperinflação, o varejo se fortaleceu. As farmácias do grupo, rebatizadas com a marca Panvel nos anos 70, hoje respondem por 80% da receita. O desafio atual é expandir a atuação para além dos três estados do Sul. Uma primeira loja Panvel foi inaugurada em São Paulo no ano passado, e mais uma dúzia está planejada até 2018. Em 2016, o faturamento do grupo alcançou 2,3 bilhões de reais.

299º entre as maiores

UNIMEDSetor: Saúde | Sede: São Paulo (SP)

Nos últimos 50 anos, os planos de saúde saíram praticamente do zero para formar um mercado que reúne nada menos do que 47 milhões de clientes. Uma fatia de 38% disso está nas mãos do sistema Unimed, que começou como uma pequena cooperativa de médicos em Santos, no litoral paulista. O grupo de duas dezenas de médicos virou um emaranhado complexo que hoje compreende quase 350 cooperativas, com 114 000 “sócios” — para se credenciar, os médicos compram cotas, que podem custar de 2 000 a mais de 50 000 -reais. “A concorrência nos grandes centros é grande, mas no interior temos espaço. As empresas de saúde suplementar ainda vão pouco para as cidades pequenas”, afirma Orestes Pullin (foto), presidente da Unimed do Brasil. O sistema conta com 113 hospitais próprios e 2 719 credenciados. A capilaridade garante acesso a novos clientes, mas dificulta a gestão. Uma das metas da gestão de Pullin é, aos poucos, enxugar a estrutura da Unimed e torná-la mais eficiente. “Ter de 100 a 150 operadoras de planos de saúde seria o ideal”, afirma. Em conjunto, a rede Unimed faturou 64 bilhões de reais em 2016.


PANASONIC | Setor: Eletroeletrônicos | Sede no brasil: São Paulo (SP)

A Panasonic já era uma empresa com quase 50 anos de atividades no Japão quando começou a importar e vender pilhas no Brasil em 1967. E foi justamente uma fábrica de pilhas a primeira unidade produtiva da empresa instalada no país — da unidade industrial localizada em São José dos Campos, no interior paulista, já saíram nada menos do que 10 bilhões de pilhas. A variedade de produtos feitos localmente pela Panasonic hoje é enorme. Além dos tradicionais televisores e aparelhos de som, a empresa fabrica produtos da linha branca, condicionadores de ar e sistemas de automação industrial. Os planos da Panasonic para o Brasil mostravam-se ambiciosos nos últimos anos, mas a crise política e econômica reduziu o ritmo de crescimento. A meta de dobrar o faturamento de 2014 a 2018 — embalada pelos estímulos da Copa do Mundo e da Olimpíada — foi postergada. “Isso vai ter de ficar para 2023 ou 2024”, diz Michikazu Matsushita (foto), presidente da Panasonic do Brasil. Em 2016, a empresa japonesa teve uma receita líquida de 475 milhões de dólares no país. Globalmente, faturou mais de 66 bilhões de dólares no ano passado.

412º entre as 500 maiores

INDAIÁSetor: Bens de Consumo | Sede: Fortaleza (CE)

Quando a Indaiá foi fundada, beber água mineral era um luxo para poucos no Brasil. Investir na produção da bebida em 1967 representava uma aposta no futuro — que, afinal, se revelaria acertada. O consumo per capita de água engarrafada no país atualmente beira os 100 litros por ano, segundo dados da consultoria americana BMC. Em 2010, eram 87 litros. Até a virada da década, os brasileiros bebiam mais refrigerante do que água, mas a relação se inverteu — hoje o consumo de água é 30% superior ao de refrigerante. “A água agora tem valor agregado”, diz Antonio Vidal, superintendente da Indaiá. O principal ativo da empresa são suas 41 fontes hídricas, localizadas em 15 estados. Ter fontes e fábricas (na foto, a unidade no município cearense de Horizonte) próximas dos mercados consumidores reduz as despesas com o transporte e assegura a regularidade no abastecimento do varejo. A empresa, que também é dona da marca Minalba, pertence ao grupo cearense Edson Queiroz. O conglomerado atua também nas áreas de comunicação, agroindústria, fabricação de eletrodomésticos e distribuição de gás.

Foto de: Drawlio Joca

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