Revista Exame

Rio de Janeiro, ansioso por negócios

Copa, Olimpíada e petróleo farão dos próximos anos um período de ouro para o Rio de Janeiro — desde que um planejamento ataque os inúmeros problemas da cidade

Que venham os turistas: para acomodar mais visitantes, os hotéis cariocas devem receber 1 bilhão de reais em investimentos e ganhar 15 000 apartamentos (André Nazareth/Veja Rio)

Que venham os turistas: para acomodar mais visitantes, os hotéis cariocas devem receber 1 bilhão de reais em investimentos e ganhar 15 000 apartamentos (André Nazareth/Veja Rio)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2011 às 14h45.

Após um declínio econômico e social de cinco décadas — desde que perdeu para Brasília a sede do governo federal —, o Rio de Janeiro tem diante de si um horizonte de desenvolvimento único entre as mais de 5 500 cidades brasileiras.

A realização de dois megaeventos esportivos, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, e a expectativa de crescimento da produção de petróleo nos próximos anos abrem inúmeras oportunidades — e também impõem desafios — para o Rio. Esse foi o tom das discussões do EXAME Fórum — A Hora do Rio de Janeiro, realizado na capital fluminense em 5 de outubro.

Aberto com uma palestra do ministro dos Esportes, Orlando Silva, o fórum teve debates com o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, o presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo David Zylbersztajn, além de consultores e acadêmicos.

Os participantes mostraram um entusiasmo mesclado com preocupação. “O Brasil precisa se livrar dos gargalos burocráticos para conseguir realizar todos os investimentos, pois os eventos têm data marcada”, disse o ministro Orlando Silva. O governo federal estima que os Jogos Olímpicos gerarão 51 bilhões de dólares em negócios até 2016 e 15 000 empregos permanentes no Rio. A hotelaria deverá ganhar mais 15 000 apartamentos, com investimentos de 1 bilhão de reais.

Foi consenso que o planejamento das melhorias de infraestrutura e segurança pública é urgente. Há muito a ser feito para garantir o deslocamento eficiente de pessoas e mercadorias, um dos principais compromissos assumidos pela cidade com o Comitê Olímpico Internacional.


“Estamos muito longe dos exemplos de Sydney, Londres e Barcelona”, afirmou Paulo Resende, diretor de desenvolvimento da Fundação Dom Cabral. “Na Austrália, havia metas para o tempo de liberação de estrangeiros em aeroportos. Em Londres, ninguém terá de andar mais de 500 metros para chegar a um ponto de transporte que leve para o local dos jogos.”

Quanto à segurança, um dos problemas mais graves da cidade, as expectativas estão depositadas na expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) — postos permanentes da polícia instalados em áreas anteriormente dominadas por traficantes. Implantadas com sucesso em 12 favelas cariocas, as UPPs foram tão bem avaliadas pela população que ajudaram a reeleger o governador Sérgio Cabral com 66% dos votos.

Será que o Rio finalmente vai voltar a seus melhores dias? Só o tempo dirá. Mas há no ar a expectativa de que isso, pelo menos, entrou no rol de possibilidades. Ter a Cidade Maravilhosa de volta à forma seria uma excelente notícia não apenas para os cariocas mas para o Brasil — o Rio, afinal de contas, é a principal imagem que milhões de estrangeiros têm do país. É auspicioso notar que, após décadas espantando as empresas, o Rio agora atrai o capital. As promessas e as oportunidades são boas. A hora é de torná-las realidade.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasDesenvolvimento econômicoEdição 0978EsportesMetrópoles globaisOlimpíadasRio de Janeiro

Mais de Revista Exame

A tecnologia ajuda ou prejudica a diversidade?

Os "sem dress code": você se lembra a última vez que usou uma gravata no trabalho?

Golpes já incluem até máscaras em alta resolução para driblar reconhecimento facial

Você maratona, eles lucram: veja o que está por trás dos algoritmos