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Proteger o patrimônio da inflação será regra fundamental ao investir

Ativos de risco devem perder fôlego com a alta dos preços e das taxas de juro no mundo desenvolvido

 (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

(Marcello Casal jr/Agência Brasil)

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Beatriz Quesada

Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 05h06.

Última atualização em 27 de dezembro de 2021 às 14h09.

A inflação, velha conhecida do brasileiro, voltou ao radar dos investidores e será um dos temas centrais na estratégia de alocação de ativos em 2022. Proteger o patrimônio da maior alta de preços em décadas será um dos objetivos do ano que começa.

A inflação está presente não apenas no Brasil mas também no mundo desenvolvido, em razão inicialmente de choques de oferta com a disrupção em cadeias produtivas globais, mas mais recentemente de forma persistente e disseminada para outros setores da economia.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor subiu a uma taxa anualizada de 6,8% em novembro, a mais elevada em 39 anos. Diante desse quadro, o Federal Reserve, o banco central americano, já declarou estar pronto para começar a adotar as medidas necessárias para conter a escalada de preços, como acelerar a retirada gradual de estímulos e aumentar a taxa de juro em meados do próximo ano.

“O mundo não vê uma inflação generalizada desde a crise de 2008, e estamos entrando em um cenário em que os bancos centrais devem subir os juros de forma alinhada. A consequência é uma migração de recursos para ativos [e mercados] menos arriscados”, explica George Wachsmann, gestor da Vitreo. O aperto monetário no exterior, ainda que de forma bem mais branda, já será o suficiente para pressionar investimentos de maior risco, como ações e criptoativos. “Quando o juro vai a zero, é possível que o mercado gere algumas bolhas de excesso de confiança, com opções arriscadas atingindo valores bastante expressivos. Agora esses ativos podem passar por uma correção”, afirma Carlos Eduardo Rocha, CIO (head de investimentos) da gestora Occam.

No Brasil, a inflação na casa de dois dígitos e as expectativas acima da meta levaram o Banco Central a aumentar a taxa básica de juro, a Selic, de 2% para 9,25% ao ano. A recomendação de especialistas para o investidor é dedicar maior atenção e espaço a títulos de renda fixa atrelados à inflação e a empresas que consigam repassar a alta dos preços para seus consumidores, no caso da renda variável. Uma das recomendações de Rocha é o setor de petróleo, que deverá continuar em alta com a retomada econômica. Outra dica é colocar parte do patrimônio no exterior, uma vez que a previsão é que ainda haja oportunidades em ações de setores mais resilientes à inflação e a seus efeitos sobre a economia.

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