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Para a Jacto o caminho é inovar sem perder a tradição

Sem esquecer suas raízes, a fabricante de implementos Jacto aposta em tecnologia para a agricultura de precisão e cresce dois dígitos

Melhores e Maiores 2019: Jacto (Exame)

Melhores e Maiores 2019: Jacto (Exame)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 04h58.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h36.

ano de 2019 marca uma importante passagem na história da Jacto, fabricante de implementos agrícolas de Pompeia, no interior paulista. Em uma cerimônia ecumênica que reuniu toda a família em julho, os Nishimura realizaram a transição do comando da empresa para a terceira geração. Jorge Nishimura, até então presidente do conselho de administração da empresa, entregou o cargo ao sobrinho Ricardo.

“Estamos celebrando algo muito raro, que acontece a cada 30 ou 40 anos”, afirma Jorge, filho mais novo de Shunji Nishimura, o imigrante japonês que fundou a Jacto em 1948, partindo de uma oficina para conserto de polvilhadeiras (aparelho para aplicação de defensivos). “Existe um ditado que diz: pai rico, filho nobre e neto pobre. Em nossa família, essa maldição está sendo quebrada”, diz Jorge, que continua dando suporte à nova geração no comando da Jacto. Para Ricardo, poder realizar essa passagem de forma tranquila é um sinal de que a família está em paz, o que só fortalece os negócios.

Fernando Gonçalves, presidente executivo da Jacto: a empresa investe de 4,5% a 5% do faturamento em pesquisa | Germano Lüders

E os negócios vão bem, obrigado. Em 2018, quando comemorou 70 anos, a Jacto obteve um crescimento de dois dígitos graças à estratégia de investir no lançamento de produtos inovadores e no relacionamento com os clientes. O faturamento, de 391 milhões de dólares, foi 19% superior ao do ano anterior — a maior taxa do setor. O lucro atingiu 36 milhões de dólares, representando um retorno de 12% sobre o patrimônio. “Almejamos ser uma empresa que não fica parada no tempo e acompanha as tendências do mercado, mas sem perder a conexão com os valores que remetem à nossa fundação”, diz Ricardo.

Uma das apostas da Jacto é a agricultura de precisão, que ganha cada vez mais espaço nas lavouras e vem transformando o agronegócio. O conceito, calcado na digitalização e intrinsecamente ligado à indústria 4.0, oferece um detalhamento das condições do solo e da plantação até pouco tempo inimaginável. Com o advento de tecnologias como georreferenciamento e drones, o produtor hoje precisa, às vezes, ter mais jeito de engenheiro do que de agricultor. “Há uma grande demanda por ferramentas que aumentam a produtividade do agricultor, o que só é possível com uma visão abrangente do que está acontecendo no campo”, afirma Ricardo. “Por esse motivo, investimos muito em inovação.”

A Jacto procura estar sempre em dia com a evolução da agricultura de precisão. Fernando Gonçalves, presidente executivo da empresa, cita como exemplo os pulverizadores. “Cada máquina sai de fábrica com 12 computadores e mais de 50 sensores, que são conectados a 8.000- metros de fios e chicotes”, diz Gonçalves. Entre as diversas funções de automação disponíveis está a de repetição de operações: basta tocar o processo uma vez, e a máquina grava na memória e o refaz automaticamente dali em diante. A previsão é que, em breve, nem de operador precisará mais. Além de investir perto de 5% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento, a Jacto mantém diversos programas de formação profissional. “De nada adianta ter a tecnologia se o produtor não sabe usá-la”, diz Gonçalves. “Só seremos competitivos se todo o ecossistema agrícola elevar a competitividade.”

Na visão de Ricardo Nishimura, esse pensamento foi fundamental para a Jacto superar um cenário complicado em 2018. “Tivemos a Copa do Mundo, as eleições presidenciais e a greve dos caminhoneiros, gerando muitas oscilações”, diz ele. “Para investir, o agricultor precisa de confiança na economia, algo que esteve em falta o ano todo.”

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