Marcelo Castro: mesmo com uma crise na área, o ministro da Saúde, deu uma saída para favorecer Dilma (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 18h01.
São Paulo – O ano mal começou, mas já está definido, logo em fevereiro, que o Brasil terá uma recessão superior a 4% em 2016, a pior da série ora estrelada pela presidente Dilma Rousseff, o que volta a confirmar as previsões de que estamos diante da mais longa série de retrocessos jamais registrada na história da economia brasileira.
A classificação do Brasil nas tabelas das agências internacionais de avaliação de risco acaba de piorar de novo; a situação de delinquência criada pelo presente governo afunda ainda mais o país na companhia de algumas das nações mais tenebrosas do planeta em matéria de nulidade econômica.
Só a Venezuela, segundo vem de constatar a ONU, está tendo um desempenho pior do que o nosso — coisa muito natural, na verdade, quando se leva em conta que o sonho dourado do governo, do PT e do mundo mental em seu redor é entregar-se um dia, se puderem, ao “modelo venezuelano”.
Fora os resultados da balança comercial, com superávit causado pelo desabamento das importações, nenhum outro dado é positivo; vai tudo de pior a pior ainda. Temos também uma epidemia de dengue, fruto da inépcia da ação sanitária do poder público.
O ex-presidente Lula, que teoricamente poderia colocar algum freio na demência progressiva do governo Dilma, está se perdendo num miserável processo de desmoralização, e não tem ânimo nem tempo para colaborar com coisa nenhuma que não seja a salvação do próprio couro.
A presidente e sua equipe não têm nada que se possa chamar de “plano de ação” para interromper a degeneração da economia em 2016 e adiante. Não sabem nem querem fazer qualquer coisa certa; e tudo o que querem é errado, inútil ou impossível. Botaram na cabeça que a CPMF vai resolver tudo e, como em toda atitude maníaco-depressiva, não conseguem pensar em mais nada — nem se sentem obrigados a mover uma palha enquanto esperam.
Esse é o lado ruim da moeda — e quanto ao lado bom? Não existe o lado bom. Não existe nem o lado mais ou menos. O que há é isso aí mesmo, e é com isso que se pode contar pelos próximos dois anos e dez meses. (Bem: talvez haja, no extremo, alguma coisa boa: em 1o de janeiro faltavam três anos inteiros para o governo Dilma acabar, e no momento falta um pouco menos.)
Qual seria a utilidade de ficar escrevendo essas coisas, quando se considera que elas estão aí na frente de todo mundo, todos os dias, e não existe o mais tênue risco de que alguém possa sofrer um surto de otimismo e acabe tomando, por isso, uma eventual decisão errada? A utilidade é pouca, para falar a verdade.
Mas sempre é bom lembrar que o país vive, realmente, um momento inédito — não há, como ocorreu em outras calamidades econômicas recentes ou remotas, a possibilidade de esperar, mesmo não esperando, que haja alguma mudança para melhor no curto e no médio prazo, ou que a situação deixe de piorar.
Perde por completo seu tempo quem imagina que o governo venha a acertar em alguma coisa, mesmo sem querer. Há gente assim. Em geral são empresários em busca de auxílio, favor ou dinheiro públicos, mas não só eles. Conta-se, aqui e ali, que a recessão vá segurar a inflação. Talvez o governo aceite fazer concessões de obras públicas, e com isso atraia algum investimento.
As exportações podem crescer mais um tanto, sobretudo se a burocracia permitir a aplicação de acordos internacionais de comércio que favoreçam o Brasil. Quem sabe aconteça isso ou aquilo. Mas a lógica mostra o contrário. O grande problema econômico do Brasil chama-se “governo Dilma Rousseff”.
Enquanto estiver aí, continuará a envenenar tudo aquilo em que toca e a impedir qualquer melhoria, pois só sabe agir como tem agido até agora — e não admite, nem por um segundo, a possibilidade de que possa estar errado em alguma coisa ou precise mudar o que quer que seja.
O que esperar de uma presidente da República que insulta os cidadãos de seu país exonerando por um dia o ministro da Saúde, justo ele, e justo numa hora dessas, para servi-la numa votação de quinta categoria na Câmara — coisa que interessava exclusivamente a ela própria? Mais do mesmo.