The GoodFellas: clássico do diretor Martin Scorsese comemora 30 anos de sua estreia em setembro (Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 12h20.
Clássico do cinema, Os Bons Companheiros (The GoodFellas, no original), do diretor Martin Scorsese, comemora 30 anos de sua estreia em setembro. Para coincidir com a data, ganha nova edição brasileira o livro com a história real do mafioso Henry Hill que serviu de base para o filme. A obra GoodFellas — Os Bons Companheiros, do jornalista e roteirista Nicholas Pileggi, será lançada no Brasil pela Darkside Books.
A obra foi publicada originalmente em 1985 com o título Wiseguy e estava fora de catálogo no Brasil desde os anos 1990. Jornalista criminal, o autor foi procurado por Hill (1942-2012) quando este já tinha outra identidade. Hill aceitou ingressar no serviço de proteção à testemunha em 1980, quando denunciou seus ex-bons companheiros de máfia para não ser morto na cadeia, onde estava preso por tráfico de drogas. Ele também testemunhou contra os velhos amigos e mentores nos tribunais, ajudando a garantir condenações pesadas.
Filho de imigrantes (pai irlandês e mãe italiana), Hill contou toda a sua vida no crime, iniciada em Nova York com apenas 12 anos. Pileggi também ouviu a mulher dele, Karen (incluída no programa de proteção), e algumas pessoas relacionadas à história e aos processos criminais.
É inevitável lembrar do filme a cada página. Você lê sobre Hill e vem à cabeça a imagem do ator Ray Liotta, que o interpretou. E várias cenas reproduzem passagens do livro de forma bem aproximada, como o assalto ao terminal de carga da Lufthansa em 1978 no Aeroporto JFK e a sistemática eliminação dos participantes desse crime — uma das razões do receio de Hill de ser executado.
Porém, pelo bem do fluxo do roteiro, alguns relatos foram ignorados. Já outras situações foram criadas numa licença dramática de Scorsese, como a cerimônia de batismo como mafioso de um dos personagens principais. Entre as diferenças está a mudança de alguns nomes. Jimmy Burke tornou-se Jimmy Conway (Robert De Niro), Tommy DeSimone virou Tommy DeVito (Joe Pesci) e o chefão Paul Vario foi renomeado Paulie Cicero (Paul Sorvino).
Jimmy é uma figura forte tanto no livro como no filme, e Hill identifica bem sua frieza violenta, que o tornava capaz de eliminar o melhor amigo por um deslize. Já o chefão Vario foi relativamente reduzido, apesar de continuar importante. Mas o poder que teve na vida real não foi tão detalhado na tela. Já o psicopata Tommy tem seu peso nas memórias de Hill, mas sua dimensão cresceu muito graças ao ator Pesci, que ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante por sua atuação intensa, que quase roubou o filme.
GoodFellas — Os Bons Companheiros | Livro de Nicholas Pileggi | Darkside Books | R$ 59,90
Mistura moderna
Com uma mistura de blues, soul e hip-hop, o americano Fantastic Negrito desenvolve desde 2014 um trabalho consistente e socialmente engajado que já lhe rendeu dois prêmios Grammy. Seu novo Have You Lost Your Mind Yet? é forte e variado como os quatro álbuns anteriores. Neste disco, o peso maior é para baladas R&B em faixas como How Long? e Your Sex Is Overrated, mas há lugar para funk (Chocolate Samurai) e rock (Platypus Dipster).
Cinco décadas de Verissimo
O prestígio do gaúcho Luis Fernando Verissimo como cronista é incontestável, pelo humor, pelo olhar sobre os comportamentos humanos e pela escrita enxuta. Sua produção ganha uma bela compilação com Verissimo Antológico: Meio Século de Crônicas, ou Coisa Parecida, com textos publicados desde abril de 1969, muitos inéditos em livro. Ótimo para quem quiser conhecer frases escritas por ele, e não as apócrifas.
Enfermeira durona
Ratched, novo seriado da Netflix, explora o passado da personagem malvada do clássico Um Estranho no Ninho | Marcelo Orozco
Com foco num rebelde contestador internado num hospital psiquiátrico na Califórnia, Um Estranho no Ninho foi sucesso como o livro de Ken Kesey publicado em 1962 e, mais ainda, como o filme de 1975 do diretor Milos Forman. O longa ganhou cinco estatuetas importantes do Oscar — Filme, Diretor, Ator (Jack Nicholson), Atriz (Louise Fletcher) e Roteiro Adaptado. Louise foi premiada pela atuação como Mildred Ratched,a enfermeira rígida, fria e até sádica. Essa vilã marcante do cinema é resgatada agora em Ratched, da Netflix, com estreia mundial marcada para 18 de setembro. Com nove episódios na primeira temporada (outros nove da segunda estão prontos), o seriado recua no tempo até 1947, quando a personagem-título começa no emprego na instituição médica. Promete ser mais sinistro do que Um Estranho no Ninho, mais em sintonia com o estilo atual de séries e filmes zde alta tensão. A ótima Sarah Paulson (da série American Crime Story) interpreta a protagonista. Os criadores são Ryan Murphy (de Glee e American Horror Story) e Evan Romansky.
Ratched — 1ª temporada | Com Sarah Paulson e Judy Davis | Netflix | Estreia em 18/9