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Globo se prepara para a luta no digital

Para Carlos Henrique Schröder, diretor-geral da Globo, conteúdo de qualidade será sempre o diferencial competitivo

Carlos Henrique Schröder: séries como House of Cards, da Netflix, não afetam 
a audiência da Globo (Ramón Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação)

Carlos Henrique Schröder: séries como House of Cards, da Netflix, não afetam a audiência da Globo (Ramón Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação)

ES

Eduardo Salgado

Publicado em 7 de setembro de 2017 às 05h56.

Última atualização em 7 de setembro de 2017 às 05h56.

São Paulo — O jornalista Carlos Henrique Schröder, diretor-geral da Globo, parece tranquilo diante da onda dos vídeos sob demanda. Para ele, o modelo da TV aberta e o digital são complementares. "As pessoas vão cada vez mais alternar momentos entre a TV aberta e os vídeos sob demanda", diz Schröder. Os números do Globo Play, plataforma digital da Globo, ainda são baixos, mas a tendência é de alta. “O crucial para o sucesso em ambas as plataformas é um só: ter conteúdo de qualidade.” Leia a seguir trechos de suas respostas enviadas por escrito.

Exame - Qual é a estratégia da Globo na área de distribuição digital de conteúdo?

Schröder - Nossas estratégias partem sempre do público, do que querem os 100 milhões de brasileiros com os quais falamos todos os dias. Queremos estar com o público quando, onde e do jeito que ele quiser. Isso vale para todas as plataformas. Além de ampliar no Globo Play, de forma mais consistente, o acesso a capítulos ou séries completas antes da estreia na TV, a oferta de entretenimento está começando a incluir produções originais para o ambiente digital. E para outras janelas. Atualmente, há seis projetos inéditos em produção e outros sete em desenvolvimento para a TV fechada. Estamos também avaliando um novo projeto internacional, produzido em inglês, nos Estúdios Globo. A ideia é que eles sejam o polo artístico e de inteligência dos novos modelos de criação e produção que vêm sendo experimentados nos últimos anos, seja em parceria com produtoras independentes para o mercado nacional, seja em coprodução com outras emissoras para o mercado internacional.

Exame - Qual é o público-alvo da estratégia digital? 

Schröder - Nossa audiência digital é ligeiramente mais feminina, adulta, a partir dos 35 anos. Mas estamos vendo uma mudança nesse perfil nos últimos meses. Entre os assinantes mais recentes do Globo Play, aqueles que se juntaram à plataforma a partir de abril de 2017, há uma predominância de jovens: 40% deles têm entre 18 e 34 anos de idade.

Exame - Qual é o tamanho desse público hoje? Quais são as projeções?

Schröder - No período de um ano iniciado em julho de 2016 e encerrado em junho de 2017, cerca de 80 milhões de pessoas assistiram a pelo menos um vídeo no Globo Play. Em julho último, tivemos 15,6 milhões de usuários únicos e o viés de consumo é de alta.

Exame - A audiência da novela das 8 da Globo entre o público de classe A se altera quando estreia uma nova temporada de House of Cards, no Netflix?

Schröder - Nossos resultados mostram que isso não está acontecendo. Não está correta a premissa de que um comportamento de nicho, típico do público de séries estrangeiras, esteja sendo reproduzido pela população brasileira como um todo, com sua diversidade em aspectos como idade, região, classe social e gostos.

Exame - Como será a TV em cinco anos?

Schröder - A experiência de assistir à TV numa tela grande, no sofá de casa, é insubstituível. O que veremos é uma evolução da oferta digital. O número de smartTVs vem crescendo. De acordo com projeções, elas já devem representar mais de 50% das vendas de televisores em 2017. Mas também acreditamos que a TV estará ainda mais presente nos smartphones e tablets. Ter bons aplicativos para essas plataformas será fundamental. Uma nova fronteira nesse campo é o dos assistentes pessoais. Você poderá chegar em casa e, por exemplo, pedir para assistir ao capítulo mais recente de A Força do Querer. Ou então pedir uma sugestão ao Globo Play de uma nova série. Nós já começamos os trabalhos de pesquisa nessa frente, estamos falando de um futuro de curto prazo. O público terá cada vez mais liberdade de escolha, alternando momentos em que vai desejar ver a programação ao vivo com outros em que o conteúdo será consumido sob demanda. Acreditamos que haverá mais competição — e encaramos isso como algo saudável. Vencerá essa competição quem for capaz de contar as melhores histórias. O diferencial competitivo estará no conteúdo. Por isso sou tão confiante.

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