Wagner Ruiz, da startup de pagamentos Ebanx: o Brasil não está parado (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 05h20.
Última atualização em 5 de dezembro de 2019 às 10h12.
Dizer que o Brasil deveria estar experimentando uma recuperação econômica mais rápida e mais vigorosa não é nenhuma novidade. EXAME fez esse ponto há algumas semanas, em reportagem de capa, enumerando alguns dos motivos pelos quais os resultados teimam em se demorar pelo caminho das incertezas.
O principal deles é que vivemos não uma mera recuperação de terreno, e sim uma transformação de matriz: da economia majoritariamente empurrada pelo Estado, à custa de impostos e endividamento, para outra puxada pelo setor privado, cujo motor é composto de inovação e de empreendedorismo (este traduzido tanto por trabalho quanto pela confiança de investir).
Não é um caminho fácil. Após anos abduzidos por políticas cujo traço comum é a ilusão de que o Estado é capaz de criar riqueza por decreto e distribuí-la por normas, é preciso dar tempo às reformas que melhoram as condições de investimento privado.
Um pouco de sorte também não faria mal: um clima internacional mais propício, menos desastres ambientais e menos bravatas de autoridades, menos ameaças de paralisação e, sobretudo, menos incerteza jurídica.
Por tudo isso, o otimismo dos primeiros meses de 2019 converteu-se em ansiedade, até em certo desalento. E, no entanto, parafraseando Galileu, o Brasil se move. No início deste mês, foi divulgado que o produto interno bruto cresceu 0,6% no terceiro trimestre, 50% acima da expectativa do mercado financeiro, e os dados dos trimestres anteriores foram revisados para cima.
O crescimento no ano deve ficar um pouco acima de 1%, segundo diversas previsões, e para 2020 já se espera mais do que 2% de alta. Não é muito, mas é um alinhamento na direção correta. Correta, não apenas porque os números apontam para cima, mas por sua natureza privada, o que permite crer num caminho mais sustentável. O Brasil cresceu mais do que o esperado porque as famílias consumiram mais. Porque os serviços se recuperam. Porque o investimento começa a reagir. Porque empresas constroem riqueza. É esse o caminho para a prosperidade.
Quem tiver alguma dúvida, basta perguntar aos jovens donos de startups como Ebanx, Gympass, Loggi, Wildlife ou QuintoAndar, exemplos de companhias que atingiram uma avaliação privada de mais de 1 bilhão de dólares. Suas histórias estão contadas na reportagem de capa desta edição. São histórias de gente que soube se mover. E que move o Brasil.