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Como fábricas cada vez mais eficientes ajudam o ambiente

Duratex e Masisa mostram que eficiência é central na busca pela sustentabilidade

Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex: reaproveitamento do lodo do tratamento de efluentes para  produzir adubo orgânico (Germano Lüders/Exame)

Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex: reaproveitamento do lodo do tratamento de efluentes para produzir adubo orgânico (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 05h15.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 09h58.

Duratex, fabricante de louças e metais sanitários e painéis de madeira, quer intensificar as ações para reduzir os impactos dos resíduos gerados em suas 22 unidades industriais e florestais. Por isso, decidiu reforçar o investimento em novas soluções e na modernização de equipamentos, que somaram 41 milhões de reais em 2016.

Atualmente, cerca de 80% dos rejeitos gerados pela empresa já são reciclados, reutilizados ou reaproveitados. Entre 2015 e 2016, a companhia diminuiu em 15% o envio de rejeitos para aterros, descartando ao todo 144 000 toneladas. Não à toa, os programas de eficiência ambiental ganharam maior relevância na atual estratégia de sustentabilidade da Duratex, que foi revisada em 2016, três anos depois de criada.

Em março deste ano, foram divulgadas as novas diretrizes de governança e gestão, reorganizadas em quatro pilares — pessoas, processos, produtos e serviços e novos modelos de negócios —, que contemplam 45 metas de desempenho social e ambiental até 2025. Uma delas prevê a redução de 20% do envio de resíduos a aterros.

Na unidade de negócios de madeira, uma das iniciativas é o reaproveitamento das cinzas de biomassa das caldeiras, na geração de energia térmica, e do lodo que sobra do tratamento de efluentes, em usinas de compostagem produtoras de adubo orgânico, utilizado nas áreas florestais.

Duas dessas usinas, instaladas em Agudos, no interior paulista, e em Uberaba, no Triângulo Mineiro, deixaram de destinar, juntas, 22 000 toneladas de resíduos para aterros no ano passado. “O diagnóstico que fizemos em 2016 mostrou que realmente evoluímos em termos de ecoeficiência de nossos processos, além do desenvolvimento de produtos sustentáveis”, afirma Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex.

De 2012 a 2016, a companhia diminuiu em quase 50% o envio de resíduos para aterros, em 17% o consumo de água e em 7% o de energia. Mas a empresa está ciente de que precisa continuar avançando. “Sabemos que ainda temos muito a fazer e, por isso, revisitamos nossa estratégia de sustentabilidade, um dos direcionadores do planejamento estratégico até 2025”, diz Oliveira.

Segundo ele, com práticas sustentáveis no tratamento de resíduos, a Duratex se antecipa às oportunidades para reduzir custos e prevenir riscos, mantendo-se competitiva. “Vivemos um momento de escassez de recursos naturais, principalmente hídricos, e sabemos que eles são importantes para continuarmos a produzir”, afirma Oliveira. “Ser mais eficiente na gestão é uma questão de sobrevivência do nosso negócio.”


Masisa

Masisa Brasil, filial da chilena Masisa, uma das líderes na produção de painéis de madeira para móveis na América Latina, vem realizando um esforço para eliminar os desperdícios em suas fábricas. Os avanços são notáveis. Na unidade industrial de Ponta Grossa, no Paraná, houve em 2016  uma queda no consumo de gás natural (10%), energia elétrica (6%) e óleo diesel (16%), além de redução no volume de lodo (30%) e de efluentes (20%) na comparação com o ano anterior. No mesmo período, na unidade gaúcha de Montenegro, o consumo de energia elétrica diminuiu 19%.

Ao todo, essas melhorias representaram uma economia de quase 400 000 reais e foram resultado dos programas de melhoria contínua dentro do conceito de TPM, sigla em inglês para “manutenção produtiva total”, um sistema desenvolvido no Japão para eliminar perdas e reduzir custos.

Agora a Masisa dá mais um passo para reduzir os desperdícios — de novo, inspirando-se nos japoneses. No ano passado, a fábrica de Ponta Grossa começou a implantar o conceito de lean manufacturing (“fabricação enxuta”), criado por Taiichi Ohno, um engenheiro da montadora Toyota, durante a reconstrução do Japão no pós-guerra.

Esse método consiste na disposição do material correto, no lugar certo e na quantidade adequada, para reduzir desperdícios, mas sem abrir mão da flexibilidade em mudar o que for necessário. “Ao eliminar as perdas nos processos, a qualidade dos produtos melhora e o tempo de fabricação e os custos diminuem”, diz Renato Lovizaro, diretor de operações da Masisa. “Reduzimos significativamente as perdas de papel impregnado (usado para revestimento) sem gerar resíduos.”

Segundo o executivo, o principal objetivo dos programas de melhoria contínua é integrar todas as áreas, da matéria-prima à entrega do produto final, eliminando as perdas em toda a cadeia. “Com isso, buscamos agilidade para responder às eventuais mudanças nos rumos dos negócios.”

Em outra frente de atuação, a Masisa trabalha para alcançar o objetivo de “zero resíduo” — a meta é eliminar a destinação de rejeitos para aterros industriais até 2025. Desde então, a empresa tem buscado alternativas para reaproveitar os resíduos do processo produtivo, aliando-se a parceiros com tecnologia para reciclagem, reaproveitamento e compostagem dos rejeitos. No início da década, para cada metro cúbico de painel produzido, a Masisa destinava 8,27 quilos de resíduos- aos aterros. No ano passado, esse número havia caído para 0,25 quilo. “Melhoramos a cada ano”, diz Lovizaro.

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