Revista Exame

Guia EXAME Sustentabilidade — Mais sustentáveis por categoria

Conheça as empresas que se destacaram em promoção dos direitos humanos, ética, transparência e outros critérios no Guia EXAME Sustentabilidade 2018

Participantes de grupos de afinidade da Basf: atenção à diversidade entre os funcionários e combate aos vieses inconscientes (Leandro Fonseca/Exame)

Participantes de grupos de afinidade da Basf: atenção à diversidade entre os funcionários e combate aos vieses inconscientes (Leandro Fonseca/Exame)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 04h58.

Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 13h24.

DIREITOS HUMANOS | BASF

Diversidade inclusiva

Medidas que vão da contratação de estagiários com perfis variados ao estímulo aos grupos de afinidade estão ajudando a mudar o perfil da indústria química Basf no país

As mulheres representam 29,5% do quadro de funcionários e ocupam 27,1% das posições de liderança da Basf na América do Sul. Ainda pode parecer pouco, mas é uma média ligeiramente superior à registrada globalmente pela companhia alemã. Em 2017, a Basf firmou uma parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares e contratou 12 estagiários negros. Ao mesmo tempo, o escritório da companhia em São Paulo contratou sua primeira colaboradora trans, cujo nome impresso no crachá e na folha de pagamentos é seu nome social.

Quando o assunto são as pessoas com deficiência, a Basf firmou uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e contratou 80 jovens aprendizes com deficiências severas. Do total de PCDs empregados pela companhia, 5% recebem toda a estrutura da Basf para exercer suas funções integralmente de casa. Para cada uma dessas minorias, a companhia incentivou a formação de grupos de afinidade para discutir os temas pertinentes a cada um: Women in Business (WIB), que discute e propõe ações sobre questões de gênero; Black Inclusion Group (BIG), para questões raciais; o grupo de pessoas com deficiência (PCD), de acessibilidade, valorização e inclusão; e Be Yourself at Basf (BY@B), para o público LGBTI+, cuja sponsor é Gisela Pinheiro, vice-presidente de materiais e soluções funcionais da Basf.

Para 2019, a Basf já programou o treinamento de toda a sua liderança para reconhecer os vieses inconscientes, que levam as pessoas a selecionar ou privilegiar profissionais que pensem da mesma forma — um modelo mental que precisa e deve ser quebrado. “Queremos cada vez mais incluir gente diferente, que pense diferente”, afirma Manfredo Rubens, presidente da Basf para a América do Sul.


ÉTICA E TRANSPARÊNCIA ELETROPAULO

Lupa nas denúncias e nos contratos

A distribuidora de energia Eletropaulo possui um programa de compliance há mais de uma década — no qual as melhorias realizadas para ganhar agilidade são constantes  | Maíra Teixeira

Sede da Eletropaulo, em São Paulo: critérios rigorosos para contratar fornecedores e treinamento para funcionários que lidem com o governo | Antonio Milena/Milenarimagem

A busca pela ética e pela transparência na distribuidora de energia Eletropaulo está longe de ser uma consequência da onda de compliance que ganhou impulso em 2013, com a aprovação da Lei Anticorrupção. A empresa, cujo controle passou para a italiana Enel neste ano, recebe, em média, 400 processos para análise de fornecedores por ano em seu programa existente desde 2005. Em 2009, a companhia centralizou todos os registros e análises no Portal de Compliance, um ambiente no qual qualquer pessoa pode fazer sua queixa, pedir investigação e documentar contratos e processos. “Tudo fica centralizado na plataforma, inclusive as documentações. Isso torna o processo mais ágil”, afirma Urbano Cirino, diretor de auditoria da Eletropaulo.

A busca por agilidade levou a outra modificação no programa de análise de fornecedores em 2016. Em vez de verificar os contratos, a companhia passou a analisar os fornecedores seguindo critérios de baixo, médio e alto risco. “Um prestador de serviço considerado de alto risco só é contratado mediante aprovação prévia”, diz Cirino. Para os processos de análise de conduta internos, feitos também pelo portal, o prazo de análise e conclusão é de 60 dias. O planejamento interno para a área começa na contratação, com um treinamento na integração de novos funcionários. Para os trabalhadores antigos, há um treinamento anual, que dura em média um mês e leva dilemas éticos práticos para ser exercitados. É um processo voltado, sobretudo, para públicos específicos, como no caso de quem se relaciona de maneira direta com órgãos ou agentes do governo.


GESTÃO DA ÁGUA BANCO DO BRASIL

Mais água para o Brasil

Com a ajuda de parceiros, o Banco do Brasil ajuda a disseminar boas práticas para ampliar a oferta hídrica de qualidade no país | Jiane Carvalho

Uma das ações do programa: 1 milhão de mudas plantadas | Divulgação

Desde 2010, o Banco do Brasil desenvolve um programa em parceria com a Fundação Banco do Brasil, a WWF Brasil e a Agência Nacional de Água. O objetivo é promover iniciativas que contribuam para conservar a água e os rios brasileiros. O programa se estrutura em quatro eixos: água e agricultura (melhoria da qualidade da água e da cobertura da vegetação natural), economia verde (desenvolvimento de modelos de negócios inovadores e sustentáveis), BB Ecoeficiente (mobilização dos funcionários do banco para uso eficiente da água) e marca, comunicação e engajamento (conscientização da sociedade em relação à conservação dos recursos hídricos e da natureza).

O balanço do programa mostra resultados expressivos dos 58 milhões de reais investidos em sua primeira fase: 1 milhão de mudas plantadas, aumento da oferta de água para 80.000 pessoas, restauração de 680 hectares de terras, 90.000 toneladas de carbono que deixaram de ser lançadas na atmosfera, entre outros avanços. Ao todo, estima-se que mais de 11 milhões de pessoas tenham sido, direta ou indiretamente, beneficiadas pelas ações.

Internamente, o Banco do Brasil também fez avanços. De 2014 a 2017, as agências e os prédios administrativos do BB diminuíram em 47% o consumo de água. “Buscamos conscientizar as equipes da necessidade de uso racional do recurso, mas também fizemos alterações importantes na infraestrutura das instalações e dos equipamentos”, diz Leandro Duzzi, gerente executivo de compras, contratos e pagamentos do BB. De 2016 ao final do ano passado, 6 000 funcionários administrativos foram realocados em um prédio cujo projeto já incorporava o uso racional do recurso, com reutilização da água da chuva e da condensação para irrigação. Outro prédio do BB em Brasília, que abriga a área de tecnologia, está em via de obter a certificação ISO 14001, de boas práticas ambientais.

Depois de investir na infraestrutura predial, o BB foca agora a melhoria dos processos de gestão. Contratou uma empresa para unificar as faturas de todas as unidades para, depois, separá-las por tipo de edificação, avaliando o consumo mensal para ver no detalhe o que pode ser feito em cada grupo de unidades para avançar no item água. Para o público externo, o BB oferece uma calculadora hídrica virtual, um simulador para o cliente ter uma visão da eficiência — ou não — do consumo de água em suas unidades. Com a análise do resultado, o BB oferece sugestões para reduzir o consumo hídrico.


GESTÃO DA BIODIVERSIDADE L’ORÉAL

Valorizar para preservar

Ingredientes da biodiversidade brasileira fornecidos por associações de agricultura familiar são fonte de inovação dos produtos da empresa de cosméticos L’Oréal  | Judith Mota

Ilha de Marajó, no Pará: é preciso aproveitar a sabedoria da natureza | Divulgação

Pracaxi, camu-camu, coco, babaçu e murumuru são algumas das espécies produzidas no Brasil e incorporadas às fórmulas das diversas linhas de tratamento de pele e cabelo da francesa L’Oréal. Seu uso não acontece por acaso. É fruto de pesquisas e de um esforço contínuo para identificar novos extratos que agreguem benefícios aos produtos e respondam à demanda dos consumidores por ingredientes naturais. “Aproveitar a inteligência da própria natureza é algo altamente estratégico”, diz Maya Colombani, diretora de sustentabilidade da L’Oréal. Isso é especialmente importante no Brasil, que detém 20% das espécies do planeta e um capital florestal ímpar. “Ao dar valor à biodiversidade, nós ajudamos a preservá-la”, diz Maya.

Por meio de um programa de abastecimento solidário, a L’Oréal adquire os ingredientes de cooperativas e associações de agricultura familiar ou produção extrativista, em sua maioria localizadas nas regiões Norte e Nordeste. Esse tipo de fornecimento esteve presente em 26% dos produtos lançados ou renovados pela empresa no Brasil em 2017 e beneficiou 408 famílias produtoras. O relacionamento com as organizações segue princípios de comércio justo e manejo sustentável da produção e envolve investimento em equipamentos e melhoria das condições de trabalho nas organizações. “Não é só comprar o ingrediente. É preciso fazer isso de maneira correta e apoiar o desenvolvimento de quem produz”, diz Maya.

Na Ilha de Marajó, no Pará, que abriga a cooperativa extrativista responsável pelo fornecimento de óleo de pracaxi, por exemplo, o apoio financeiro da L’Oréal possibilitou a construção de uma sede para os produtores e a instalação de um secador solar para o beneficiamento das sementes comercializadas. Por suas propriedades condicionantes, o óleo é utilizado em linhas de tratamento capilar que abastecem diversas partes do mundo.


GESTÃO DE FORNECEDORES NESTLÉ

Para não perder a relação

Com o objetivo de garantir o suprimento de grãos de qualidade para sua marca Nespresso, a Nestlé se une a fornecedores em busca de soluções para a escassez hídrica em área cafeeira no Cerrado | Michele Loureiro

Vista de São Roque de Minas, na Serra da Canastra: importante região produtora de café | Fillipe Abreu/Folhapress

O Brasil, como se sabe, é um grande produtor e consumidor de café. O país é responsável por cerca de um terço da produção global. A bebida está amplamente difundida no mundo e ajuda a movimentar o agronegócio brasileiro. Nos últimos anos, o consumo de café em cápsulas ganhou mais relevância e deverá crescer 9% até 2021. A Nespresso, marca de café em cápsulas da Nestlé, tem surfado a onda desse crescimento. Para garantir a qualidade do produto, no entanto, a companhia precisa ser rigorosa na escolha de seus fornecedores.

Dos 70 países produtores de café no mundo, a Nespresso compra de apenas 12 — o Brasil é o maior fornecedor de grãos de café de qualidade, com 30% do total. E a região do Cerrado, que abrange Minas Gerais, Bahia, Goiás mais o Distrito Federal, supre a maior parte desse volume — juntos, esses estados respondem por quase 40% da produção nacional. Mas há um problema: a região vem sofrendo com a escassez de água, o que pode colocar em risco o abastecimento da Nespresso.

Em vez de simplesmente buscar novos fornecedores, a Nespresso resolveu se unir aos produtores da região para encontrar soluções para o problema hídrico. Em 2015, a companhia iniciou uma mobilização que resultou na criação do Consórcio Cerrado das Águas, uma plataforma colaborativa e multissetorial que conta com a participação das ONGs Imaflora e UICN, da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro e de outras entidades civis e governamentais. O consórcio já fez o mapeamento da região, contatou 125 fazendas e elaborou planos de restauração ambiental para aumentar a infiltração da água no solo e proteger nascentes e rios. Também estão previstas ações de capacitação e assistência técnica, além de avaliações periódicas da qualidade da água e do balanço hídrico.

O projeto-piloto está sendo desenvolvido na bacia do Córrego Feio, principal zona cafeeira de Minas Gerais. A expectativa é aprimorar a produção local e replicar as ações em outras regiões, associando a restauração ambiental com o engajamento social. “Até agora realizamos um diagnóstico ambiental para a bacia do Córrego Feio, elaboramos dois manuais de restauração ambiental, criamos um modelo de governança interna e captamos 180.000 dólares de um fundo de investimento internacional para implantar as ações”, diz Jean-Marc Dragoli, diretor-geral da Nespresso Brasil. Ao que tudo indica, a Nespresso não quer abrir mão de tomar seu cafezinho com os fornecedores do Cerrado, mantendo com eles uma relação prolífica e duradoura.


GESTÃO DE RESÍDUOS SANTOS BRASIL

Menos resíduos nos portos

Atuando em várias frentes, a operadora de contêineres Santos Brasil diminuiu em 15% a geração de resíduos não recicláveis. Ao mesmo tempo, o volume de resíduos recicláveis cresceu quase 18% Carlo Cauti

Navios em terminal no porto de Santos: os efluentes sanitários são tratados em estação própria | Germano Lüders

Especializada na movimentação de contêineres em portos, a Santos Brasil tem um programa para reduzir a geração de resíduos decorrentes de suas atividades nos cinco terminais marítimos que opera e nos centros de logística de apoio. As ações têm sido desenvolvidas em várias frentes, com foco na redução do material consumido nas operações.

A Santos Brasil possui sistemas de tratamento que permitem o reaproveitamento de água em vasos sanitários, jardins e na limpeza de equipamentos. A empresa reaproveita também a água da chuva para a lavagem de máquinas na oficina e promove a coleta seletiva para diminuir a geração de resíduos em suas unidades operacionais e escritórios. Os efluentes sanitários do Tecon Santos, maior terminal de contêineres da América do Sul, são tratados em estação própria antes do descarte. Já os efluentes oleosos da unidade recebem tratamento em estação físico-química, também própria. As ações de logística reversa foram intensificadas, com a destinação de quase 105.000 toneladas de materiais conforme as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

No balanço geral de 2017, a Santos Brasil diminuiu em 15% a geração de resíduos não recicláveis em comparação com o ano anterior. Entre os resíduos recicláveis, houve um aumento de quase 18%. Esses números foram obtidos principalmente com iniciativas de educação ambiental dos funcionários e a destinação adequada de grandes estruturas metálicas em desuso. “Desde 2012, estimulamos nossos funcionários a adotar ações sustentáveis em suas rotinas”, diz Antonio -Carlos Sepúlveda, presidente da Santos Brasil. “Para isso, criamos a Academia de Sustentabilidade, um programa de educação continuada para transmitir conceitos e promover a conscientização.”


RELAÇÃO COM A COMUNIDADEEDP BRASIL

A mudança pela educação

No ano passado, 77% das escolas localizadas em área de concessão da EDP melhoraram o Ideb, indicador que mede a qualidade do ensino em escolas públicas Ana Paula Machado

Crianças em sala de aula: neste ano, 42 escolas estão recebendo o apoio do Instituto EDP, braço social da concessionária EDP | Divulgação

Para cuidar da gestão das ações socioambientais em sua área de concessão, a companhia elétrica EDP, presente em 12 estados, criou há dez anos o Instituto EDP. Em uma década de atuação, o instituto atingiu a marca de 3 milhões de pessoas beneficiadas e 100 milhões de reais investidos em mais de 300 projetos sociais, com foco em cultura, educação e geração de renda.

Uma das iniciativas que vêm dando mais frutos são os projetos na área de educação. No ano passado, 77% das escolas localizadas na área de concessão da companhia melhoraram o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino em escolas públicas. “Esse é um indicador de que estamos no caminho certo. A cada ano, aumentamos o número de escolas atendidas, tamanha é a melhora no ensino nessas instituições”, diz Luís Carlos Gouveia, diretor do Instituto EDP. No ano passado, 37 escolas receberam apoio do instituto por meio do programa EDP nas Escolas. Em 2018, são 42 escolas. O instituto ajuda escolas somente da educação básica, do 1o ao 9o ano.

As iniciativas do instituto na educação têm o apoio do Instituto Ayrton Senna. Desde o ano passado, as duas instituições trabalham juntas para promover melhorias em escolas do estado do Tocantins. Com a parceria, 45.000 alunos foram atendidos no estado. Estudantes e profissionais de educação participaram de atividades focadas na educação integral, incluindo o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como colaboração, criatividade e autoconfiança. Além disso, a parceria capacitou mais de 2 000 profissionais, entre professores, coordenadores pedagógicos, gestores e equipes das secretarias, que tiveram contato com novas metodologias e ferramentas.


RELAÇÃO COM CLIENTES | GRUPO SEGURADOR BB E MAPFRE

Ouvir e esclarecer

Depois que o Grupo Segurador BB e Mapfre criou um fórum para analisar reclamações dos clientes e atacar os problemas, o número de queixas no Procon diminuiu 17% | Daniela Rocha

Equipe das áreas de sustentabilidade e ouvidoria do Grupo BB e Mapfre: ações para mostrar aos clientes seus direitos e deveres | Germano Lüders

Há dois anos, o Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre criou um grupo interno batizado de Fórum de Melhorias, composto de representantes das diretorias gerais da organização. A ideia é analisar as reclamações de clientes que chegam à ouvidoria por meio dos diversos canais ou pelo Procon, o órgão de defesa do consumidor. O fórum também analisa sugestões enviadas por funcionários para desenvolver soluções mais ágeis e eficazes e melhorar a experiência dos segurados.

Desde a criação do fórum, foram realizadas 21 reuniões, que resultaram na revisão de processos e procedimentos, na criação de ferramentas de acompanhamento de soluções, em eventos de capacitação e em diversos projetos educacionais. Os resultados contribuíram para uma queda de 17% no número de queixas no Procon — isso ajudou a companhia a reduzir seu custo com escritórios de advocacia, bem como a diminuir o tempo dedicado ao atendimento dos consumidores. De acordo com a medição realizada pelo grupo, houve um aumento de 8,5% na eficiência dos atendimentos aos segurados.

Essa iniciativa é parte de uma estratégia mais ampla do Grupo BB e Mapfre para promover a educação financeira do público em geral e, particularmente, dos segurados. Uma ação com esse viés foi desenvolvida pelas áreas de ouvidoria e marketing, com o uso de mídias sociais. Um dos focos desse trabalho foi esclarecer os clientes sobre seus direitos e deveres, com a veiculação de vídeos e comunicados que contribuíram para fomentar o hábito de poupar e gerir bem os recursos. A ação atingiu 975.000 pessoas e gerou 353.000 interações em redes sociais.

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