Sérgio Finger, CEO da Trashin: temos visto um aquecimento tanto do lado das empresas como dos investidores (Trashin/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.
Quando pensam em construir uma caminhada rumo à sustentabilidade, muitas empresas centralizam os esforços no início da produção para diminuir resíduos e evitar descartes desnecessários. A gaúcha Trashin escolheu outro viés: olhar para o final. A startup trabalha com gestão de resíduos e logística reversa. Em bom português, faz com que o material que iria para o lixo volte para a indústria e seja reaproveitado, inclusive financeiramente.
Os produtos são coletados com a ajuda de uma rede de recicladores e cooperativas, que prestam os serviços da startup.
Desde que nasceu, em 2018, a Trashin destinou 17 milhões de quilos de resíduos para empresas como iFood, Movida, Natura e Havaianas. Na conhecida marca de chinelos, as pessoas podem deixar os calçados antigos nas lojas. Cabe à greentech pegar esses produtos e dar novos destinos, como tapetes ou pisos para playgrounds. A startup faturou 9,5 milhões de reais em 2023.
“Temos visto um aquecimento tanto do lado das empresas como dos investidores”, afirma Sérgio Finger, CEO e um dos fundadores da Trashin. “Nas empresas, pela pressão legal e pelo mercado consumidor, que pede por estratégias mais sustentáveis. Isso incentiva os investidores a colocarem mais capital no setor.” A própria Trashin vivenciou isso na prática, ao rodar uma captação na Captable, plataforma que funciona como uma “vaquinha” virtual, só que para investir em startups em troca de participação acionária. A empresa atraiu 201 investidores e 1 milhão de reais em recursos em quatro horas. Hoje, tem na base cerca de 500 investidores.
O capital chega para ajudar a startup a enfrentar gargalos do modelo de negócios, como custos operacionais. “Como lidamos com resíduos, não é só um software, precisamos colocar mais a mão na massa. Isso é um desafio, porque, quanto maior a empresa, maiores os custos”, diz o empreendedor. O alinhamento é crucial para o novo passo: olhar o lixo dos outros países da América Latina. É assim que a startup vai transformando o lixo em dinheiro — e em consciência ambiental. Em 2024, prevê 15 milhões de reais em receita.