Revista Exame

Para o Itaú Unibanco, o conhecimento é o caminho para a sustentabilidade

O Itaú Unibanco realizou um estudo de seus principais produtos para mensurar suas contribuições socioeconômicas ao país e também seus impactos ambientais

Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco: cada real de PIB gerado pelo banco contribui com 4,16 reais para o PIB brasileiro (Germano Lüders/Exame)

Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco: cada real de PIB gerado pelo banco contribui com 4,16 reais para o PIB brasileiro (Germano Lüders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h14.

Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 16h26.

O setor bancário tem um papel crítico no desenvolvimento de um país. Ciente disso, o Itaú Unibanco decidiu realizar, entre 2016 e 2017, um amplo estudo para mensurar suas contribuições socioeconômicas ao Brasil e também os impactos ambientais provocados por sua cadeia de fornecedores e por seus principais produtos bancários — dez linhas de crédito para pessoas físicas e empresas. As modalidades pesquisadas foram crédito pessoal, empréstimo consignado, cartões de crédito, linhas de financiamentos imobiliário e de veículos, capital de giro, CDC e leasing. “A partir do momento em que conhecemos esses impactos, passamos a atuar de forma mais estratégica e sustentável”, afirma Candido Bracher, presidente do Itaú. Segundo ele, o levantamento gerou indicadores que vão guiar as atividades, os produtos e os serviços do banco para uma economia mais eficiente, inclusiva e verde.

Conforme a pesquisa, cada real de PIB gerado pelo Itaú contribui com o equivalente a 4,16 reais do PIB total do Brasil. Além disso, cada emprego mantido diretamente pelo banco leva à manutenção de 64 empregos no país. Para fazer o mapeamento, o banco contou com o apoio de uma consultoria independente, que usou dados internos referentes ao exercício contábil de 2016 e informações oficiais da economia brasileira. Para a avaliação dos impactos, foi utilizada a metodologia Local Footprint Nature, reconhecida internacionalmente. A conclusão é que, em 2016, a pegada de carbono dos produtos de crédito do Itaú foi de 10,4 milhões de toneladas, o equivalente às emissões geradas por todos os veículos da cidade de São Paulo durante três anos. No caso dos fornecedores, representa 938.000 toneladas de CO2, ou três meses das emissões dos veículos da capital paulista. No país, os produtos de crédito e a cadeia de suprimentos do Itaú representaram um consumo de água de 311 milhões de metros cúbicos, que poderiam suprir 5 milhões de pessoas durante um ano, e um consumo de energia de 74 400 gigawatts-hora, o suficiente para abastecer 38 milhões de residências por um ano. “Hoje, a inteligência de gestão deve considerar tanto o resultado financeiro quanto as chamadas externalidades, que são os impactos socioambientais”, diz Denise Hills, superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú.

O estudo será atualizado todos os anos, incorporando gradativamente os impactos de outros produtos e serviços. Isso será viabilizado, sobretudo, porque o Itaú está investindo cada vez mais em big data, com sistemas para processamento e análise de grandes volumes de informações.


UMA POLÍTICA QUE ATUA DE FORMA TRANSVERSAL

Transversalidade é a palavra que define a política de sustentabilidade que o Banco do Brasil busca colocar em prática. Há iniciativas em todas as direções, da concessão de crédito para estimular a economia verde à locação de uma usina solar para abastecer agências. Parte da remuneração variável dos funcionários está atrelada ao resultado de iniciativas para poupar recursos como água e energia. E, a partir do ano que vem, os fornecedores passarão por uma espécie de due diligence (diligência prévia) socioambiental. “Estamos avançando em práticas internas e externas e criamos uma gerência de economia verde que conecta as áreas de produto, clientes e serviços”, diz Ana Maria Borro Macedo, gerente de inovação e responsabilidade socioambiental do BB.

Entre os programas de destaque estão a coleta seletiva e o descarte adequado de bens inservíveis, como eletroeletrônicos e mobiliário. No ano passado, a instituição doou 17.837 móveis e equipamentos em condições de uso. Também relevantes são as iniciativas para reduzir o consumo de energia. Nos últimos cinco anos, o BB, que tem uma rede de quase 5.000 agências, consumiu 3.500 gigawatts-hora de energia, o suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes. A energia elétrica é a sétima maior despesa do banco — em cinco anos, os gastos somaram 2 bilhões de reais. Para diminuir essa conta, o BB iniciou no ano passado a substituição de 2 milhões de lâmpadas convencionais por LED — até agora, foram substituídas  340 000 lâmpadas, gerando uma economia de 4,7 milhões de reais. Ainda na área de energia, a iniciativa mais recente é o aluguel de uma usina solar no norte de Minas Gerais. A usina abastecerá 58 agências, mas o BB já pensa em expandir o uso de energia solar para outros cinco estados. Para que a redução do consumo tenha a colaboração interna, o BB inclui metas por departamento que impactam no cálculo da remuneração variá-vel. O objetivo é diminuir o consumo de energia em 35% nos próximos cinco anos.

Para o público externo, a novidade, ainda em fase de elaboração, é a inclusão de novos critérios para a avaliação dos fornecedores. O BB já tinha normas sobre trabalho escravo e infantil, mas decidiu acrescentar outros itens na avaliação dos seus mais de 1 500 fornecedores. O banco não revela os itens que estão sendo considerados, mas afirma que a empresa em desacordo receberá sugestões de melhora e, no limite, pode ser substituída. “A partir do ano que vem, teremos due diligence dos fornecedores para verificar a situação, com um escopo maior e itens mais qualitativos”, diz Ana Maria.


UM CAMINHO DE MÃO DUPLA

Com iniciativas como o ciclo de palestras para pequenos e médios empreendedores, o Bradesco avança em seu plano de apoiar o crescimento dos clientes e da comunidade para garantir a própria sustentabilidade | Jiane Carvalho

Uma via de mão dupla norteia as iniciativas de sustentabilidade do Bradesco, que vão além da adoção de boas práticas ambientais. O banco já tem um histórico de 62 anos de apoio às comunidades, com a educação de 100 000 crianças pela Fundação Bradesco. A iniciativa mais recente é o Ciclo de Encontros Empresariais, que leva conhecimento a pequenos e médios empreendedores. A ideia por trás dessas ações é que garantir a sustentabilidade do banco no longo prazo passa pelo apoio ao crescimento econômico-financeiro da comunidade e dos clientes. “Temos a noção de que, quanto maior a participação na economia, mais importantes nos tornamos no sentido de contribuir para transformar as futuras gerações”, afirma Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco. Ele lembra que, à iniciativa de criar a Fundação Bradesco em 1956, se somam as atividades de voluntariado e de proteção ao meio ambiente, as políticas de diversidade no trabalho, as ações de inclusão financeira em comunidades carentes e os projetos de educação financeira. “É um processo retroalimentador e muito inspirador.”

Nessa visão de sustentabilidade do próprio negócio, o Ciclo de Encontros Empresariais surgiu para atender à necessidade de informação do público de PMEs. O projeto, iniciado em 2017, já realizou 15 encontros com pelo menos 500 participantes, clientes e não clientes, em grandes centros, mais 105 de pequeno porte em cidades menores, com algo entre 150 e 200 participantes cada um. “No total, atendemos 23 000 pessoas, o que nos surpreendeu. O empreendedor tem a necessidade de interagir, de absorver conhecimento”, diz o vice-presidente André Cano. Os encontros incluem palestras sobre o cenário macro e microeconômico e dicas para impulsionar os negócios.

Além da atuação no campo social, o Bradesco tem colhido frutos de ações iniciadas em 2014 para reduzir o consumo de água. Foram perfurados sete poços artesianos na sede do banco, na Cidade de Deus, em Osasco. A água ali é tratada e garante o fornecimento a 15 000 pessoas. “Não queríamos depender da rede pública de água”, diz Cano. Da autossuficiência em água, o projeto avançou para a construção de uma estação de tratamento de esgoto. A água recuperada volta para reúso, e os resíduos vão para uma empresa que produz adubo. No primeiro trimestre de 2019, o Bradesco deverá atingir o índice de 100% de tratamento do esgoto gerado na Cidade de Deus. Completa o pacote de avanços ambientais a construção de uma usina solar, em Minas Gerais, suficiente para atender 150 agências do banco a partir do próximo ano.


UM REFORÇO À CULTURA DE PREVENÇÃO DE INCIDENTES

O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre lançou no ano passado dez vídeos, em linguagem simplificada, sobre a importância dos seguros e apostou em iniciativas de prevenção de riscos | Daniela Rocha

Desde o início de sua trajetória em 2010, o Grupo Segurador BB e Mapfre — resultado da união estratégica do Banco do Brasil, por meio da subsidiária BB Seguros, com a espanhola Mapfre — tem buscado democratizar o acesso aos seguros no país. No Brasil, por exemplo, cerca de 30% dos veículos estão cobertos por seguro, enquanto a parcela de domicílios com seguro residencial é de menos de 14%. Em relação ao seguro de vida, esse percentual é ainda menor. Ou seja, a maioria dos brasileiros não conta com proteção e não tem nenhum tipo de apoio financeiro em casos de incidentes e imprevistos. Uma oportunidade e tanto para as empresas do setor, o que levou o Grupo BB e Mapfre a investir na conscientização das pessoas sobre o planejamento financeiro. “Temos apostado fortemente em iniciativas de educação financeira, uma área que era pouco explorada pelo setor de seguros no país”, diz Fátima Lima, diretora de marketing e sustentabilidade do Grupo BB e Mapfre.

No ano passado, o grupo divulgou dez vídeos, que alcançaram mais de 975.000 pessoas e contaram com 353.000 interações pelas redes sociais, entre curtidas, compartilhamentos e comentários. Nesses vídeos, um repórter pergunta sobre imprevistos pelos quais as pessoas já passaram em casa, como vazamento de água, perda de chave, pane na parte elétrica e queima de aparelhos eletrônicos, além de problemas na rua, como pneu furado e furto de veículo. Com base nessas situações, foram dadas explicações sobre seguros, com a tradução de termos técnicos e jurídicos — isto é, do “segurês” — para informações mais claras e simplificadas. Por exemplo, uma “apólice” nada mais é do que um contrato de seguro que apresenta as condições e as coberturas de imprevistos, e “sinistro” é um incidente que gera dano e prejuízo. “Explicamos as palavras difíceis que existem no dia a dia dos seguros e as complicações que poderiam ser evitadas”, diz Fátima. “A maioria das pessoas já passou por alguma situação difícil ou um incidente e acabou perdendo tempo, gastou muito dinheiro para resolver ou perdeu algum bem. Se tivessem seguro, poderiam ter evitado essa dor de cabeça.”

Também na vertente educativa, o grupo editou a cartilha Boas Práticas de Prevenção em Seguro Residencial. O material foi distribuído aos funcionários e aos corretores pela internet. Esse manual trata das medidas para evitar incêndios e das formas de reforçar a segurança e proteger a casa de roubos e furtos. “Abordar a prevenção de riscos com uma linguagem simplificada também reforça nossa função social”, afirma Fátima.


APOSTA EM TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO

O Santander tem incentivado tecnologias que reduzam os impactos no meio ambiente. Nos últimos 13 anos, participou do financiamento ou da estruturação de 35% dos projetos de energia eólica no Brasil | Daniela Rocha

Atuar como um agente de desenvolvimento sustentável e contribuir para enfrentar as mudanças climáticas são algumas das metas do Santander. Para isso, o banco vem fomentando novos negócios e o uso de tecnologias inovadoras — o que beneficia o país e também as atividades do banco. Um exemplo é a atuação na área de energias renováveis. “Oferecemos um conjunto de soluções financeiras, desde o suporte completo aos grandes projetos de geração até o financiamento aos clientes no varejo”, diz Karine Bueno, superintendente de sustentabilidade do Santander. Nos últimos 13 anos, cerca de 35% dos projetos de energia eólica no Brasil foram estruturados ou financiados pelo Santander. Em 2017, o banco prestou assessoria financeira a 29 parques eólicos, com capacidade instalada de 844,3 megawatts e avaliados em quase 3,3 bilhões de reais. No total, já financiou 61 usinas eólicas, com capacidade de 1,6 gigawatt e investimentos de 5,5 bilhões de reais. Em relação à energia fotovoltaica, o Santander auxiliou na estruturação e financiou um grande projeto: um cluster formado por 14 parques, com capacidade de geração de 474,4 megawatts-, representando um aporte total de quase 2 bilhões de reais. Historicamente, a instituição já assessorou 44 projetos fotovoltaicos, que representam 1,4 gigawatt, financiando três deles. Para ter uma ideia da forte atuação do Santander nessa área, a capacidade instalada em energia solar no Brasil deverá atingir neste ano quase 2,5 gigawatts, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica.

No varejo, o Santander oferece linhas de crédito para que clientes pessoa física, empresas de todos os portes e produtores rurais instalem sistemas fotovoltaicos em residências, estabelecimentos comerciais, fábricas e centros de distribuição. Em 2017, foram 1 315 contratos, um volume de financiamentos de 34 milhões de reais. Em quatro anos de atuação nessa área, já foram concedidos 67 milhões de reais. “Em agosto deste ano, o Santander passou a ter uma atuação mais abrangente, oferecendo esses produtos também nas agências”, diz Karine. Até então, essas linhas de crédito eram disponibilizadas somente por sua financeira, por intermédio dos fabricantes e instaladores de equipamentos.

O Santander vem ampliando sua presença também no agronegócio. Sua carteira de crédito nesse setor somou 11,5 bilhões em 2017, quase 30% mais do que no ano anterior. “O banco oferece capacitação aos produtores e financiamentos para a adoção de tecnologias e métodos de produção mais eficientes e com menores impactos ambientais”, diz Karine.

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