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Depois de virar unicórnio, Olist quer conquistar América Latina

Depois de captar 144 milhões de reais em 2021, o Olist, desenvolvedor de ferramentas para lojas online, planeja operar no México em 2022

Dalvi, do Olist:“Por mais que a gente entenda do mercado, entrar em uma região diferente é como começar do zero” (Guilherme Pupo/Divulgação)

Dalvi, do Olist:“Por mais que a gente entenda do mercado, entrar em uma região diferente é como começar do zero” (Guilherme Pupo/Divulgação)

A virada do ano costuma ser uma época de tomadas de decisão para muita gente à frente de negócios em expansão. Vale a pena entrar num novo mercado? Ou atender um tipo diferente de clientela? Para o Olist, uma companhia de Curitiba dedicada a tecnologias para facilitar a presença digital de pequenas e médias empresas, os caminhos a seguir em 2022 estão abertos como poucas vezes estiveram em sete anos de existência. Em sucessivas rodadas lideradas pelo fundo japonês SoftBank e por fundos especializados em startups da América Latina, como o americano Valor Capital Group e o brasileiro Redpoint eventures, o Olist captou quase 2 bilhões de ­reais — o último cheque, em dezembro, foi de 1 bilhão de reais.

Agora, como o mais recente unicórnio do país (apelido de negócios com valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares), o Olist quer aproveitar a liquidez dentro de casa para expandir para fora do Brasil. Em 2022, a aposta de Tiago Dalvi, fundador e principal executivo da empresa, é colocar os pés no México, mercado mais importante da América Latina depois do Brasil. “O ecossistema por lá já é muito dinâmico”, diz Dalvi. “Vemos startups buscando investimentos e pequenas empresas ganhando relevância. É a ocasião certa para isso, pois os marketplaces são o assunto do momento por lá.” .

Sem copia e cola

O conhecimento a fundo sobre as dores dos lojistas brasileiros trouxe confiança para arriscar uma expansão internacional. O incentivo dos investidores também ajuda — o SoftBank está por trás de startups bem-sucedidas naquele país, como a plataforma de venda de carros Kavak. “A familiaridade do fundo com o México nos tranquiliza, pois com a análise deles estamos mais perto de entender as particularidades locais”, diz Dalvi. A orientação não é a única a embalar a incursão no mercado mexicano: com 500 milhões de reais em caixa, o Olist decidiu que há dinheiro sobrando para se arriscar nessa empreitada já no ano que vem.

O primeiro passo para a operação internacional tem sido a expansão da mão de obra. Em 2021, o time de tecnologia do Olist saltou de 150 para mais de 550 profissionais. Considerando os negócios comprados pelo Olist em 2021 — na lista estão startups dedicadas à transformação digital do varejo, como a Tiny e a Vnda —, o número de funcionários praticamente triplicou: hoje são 1.400. Em 2022, outras 300 vagas para gestores, desenvolvedores de softwares, cientistas de dados, e por aí vai, deverão ser abertas. Boa parte desses profissionais será formada por gente acostumada à realidade mexicana. “Ajudar lojistas é algo que já fizemos muito bem por aqui. Agora teremos um time criado do zero que entende a nova rea­lidade por lá, sem copia e cola”, diz Dalvi. “O modelo será único.” 

A expectativa de Dalvi é usar a expansão para o México como um pontapé inicial para a entrada do Olist em novos mercados da América Latina a partir de 2022. O apetite internacional do Olist vem na esteira de bons resultados entre lojistas brasileiros. Nas contas da empresa, as vendas de serviços às vésperas da Black Friday de 2021 foram o dobro do ano passado. Por trás do crescimento está a demanda crescente de PMEs por ferramentas para otimizar etapas do comércio eletrônico, como o processamento de pagamentos online e o despacho de encomendas, em meio à escalada de custos causada por uma inflação beirando os 10% em 2021. Por isso, o Olist deverá encerrar o ano com uma receita três vezes maior do que em 2020 (a empresa não revela os valores).

Inaugurar as operações em um novo mercado, mesmo com todo o otimismo, ainda é um desafio. “Por mais que a gente entenda muito bem do mercado e tenha musculatura, entrar em uma região diferente é como começar do zero”, afirma. Outra missão está em mostrar ao mercado de marketplaces a importância de voltar as atenções aos pequenos lojistas. “Redes líderes na região, como Mercado Livre e Linio, estão passando a investir mais nessa tese, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido”, diz.  

(Arte)

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