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"É certo que haverá uma bolha", declara Karen B. Peetz

Para a vice-presidente do Bank of New York Mellon, os estrangeiros estão inebriados com a economia brasileira

Karen: "O setor brasileiro de infraestrutura é um dos que hoje atraem mais interesse no exterior"

Karen: "O setor brasileiro de infraestrutura é um dos que hoje atraem mais interesse no exterior"

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2012 às 14h20.

São Paulo - Segundo a americana Karen B. Peetz, uma das poucas mulheres que chegaram ao topo em Wall Street, o Brasil é um país mais atraente para os investidores do que a China. Apesar da visão positiva, a responsável pela área financeira do BNY Mellon dá como certa uma correção de preços na Bovespa.

1) EXAME - Parte dos economistas prevê um crescimento acima de 5% no Brasil neste ano. O resultado da eleição presidencial pode mudar essas previsões?

Karen Peetz - Não creio. Os economistas podem fazer alguma correção se ganhar um ou outro candidato, mas o rumo da economia está dado. E é positivo. O número de investidores interessados no Brasil é crescente.

2) EXAME - O perfil desses aplicadores estrangeiros mudou?

Karen Peetz - Muita gente nova chegou nos últimos anos. Várias gestoras de recursos americanas e europeias se instalaram no país. Há um interesse grande de investidores do Oriente Médio e da Ásia, principalmente da China e do Japão. Fora isso, desde o ano passado, fundos soberanos com sede na Europa passaram a olhar com mais atenção para o Brasil. Essa tendência deve se intensificar.

3) EXAME - Quais setores chamam mais a atenção?

Karen Peetz - Grandes investidores de várias partes do mundo estão atentos aos projetos de infraestrutura previstos para o Brasil. O mercado de emissão de dívida das empresas instaladas no país deve ficar muito aquecido nos próximos anos justamente por causa dessa demanda.


4) EXAME - O Brasil está imune a solavancos vindos de fora?

Karen Peetz - O país já tomou os remédios necessários para evitar a crise. E tem muita gente impressionada com o que acontece aqui. A China está sempre nas manchetes, mas acho que o Brasil é o mais bem posicionado entre os países do Bric (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia e China). É democrático, tem uma bolsa de valores madura e leis confiáveis. Mas, claro, se houver uma grande aversão ao risco, o país sentirá.

5) EXAME - Até que ponto o otimismo com o Brasil não é exagerado?

Karen Peetz - Há uma bolha em formação? Uma coisa é certa: um dia haverá uma bolha na bolsa de valores. Isso é cíclico e acontece em várias partes do mundo quando há excesso de otimismo.

6) EXAME - A senhora é uma grande executiva em Wall Street. A crise mudou seu status social?

Karen Peetz - É difícil ser uma banqueira nos Estados Unidos hoje. Durante a crise houve excessos, é verdade, mas nem todos foram criados por banqueiros. Alguns foram obra dos reguladores, e outros, do governo. Muita gente não entende que os banqueiros são os responsáveis pela concessão de crédito, que é, em última instância, o que faz o mundo girar.

7) EXAME - A senhora já foi xingada na rua?

Karen Peetz - Não, mas, se você diz que é banqueira, as pessoas acham que você é uma criminosa. Nosso endereço em Nova York é na esquina da Broadway com a Wall Street. Antes, a gente dizia que trabalhava em Wall Street. Agora dizemos que trabalhamos na Broadway.

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