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Cerque-se de talentos

Recrutamento é um desafio para empresas de todos os tamanhos, e se debruçar sobre o tema deveria estar na lista de prioridades

Um efeito colateral de se cercar de talentos é que, com o tempo, inevitavelmente algumas dessas pessoas se sentirão inspiradas a criar seus próprios negócios (MirageC/Getty Images)

Um efeito colateral de se cercar de talentos é que, com o tempo, inevitavelmente algumas dessas pessoas se sentirão inspiradas a criar seus próprios negócios (MirageC/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 20 de abril de 2023 às 06h00.

Quais podcasts você acompanha? Desde que essa mídia ganhou os nossos ouvidos, a pergunta tem surgido com frequência não só em conversas informais, com familiares e amigos, mas também em entrevistas e outras situações profissionais. 

No meu caso, a resposta para essa pergunta costuma ser “Masters of Scale”, apresentado pelo cofundador do LinkedIn Reid Hoffman. É um dos meus podcasts preferidos há algum tempo — e é possível, inclusive, que eu já tenha escrito sobre ele aqui.

Caso você dê uma chance para o programa, sugiro que comece pelo episódio Five ways to rethink your hiring, ou “Cinco maneiras de repensar a maneira como você contrata”. Em aproximadamente 30 minutos, Hoffman e seus entrevistados navegam por afirmações cruciais sobre recrutamento. 

Spoiler: todas elas nos desafiam a repensar nossas opiniões sobre como atrair, treinar e reter talentos. E os cases e conselhos compartilhados vêm de nomes de peso, como Indra Nooyi (PepsiCo), Tim Cadogan (GoFundMe), Angela Ahrendts (Burberry e Apple) e o técnico de basquete Jerry Stackhouse (Vanderbilt).

Essa indicação não é aleatória, claro. Recrutamento é um desafio para empresas de todos os tamanhos, e se debruçar sobre o tema deveria estar na lista de prioridades de todos os empreendedores, em especial daqueles que estão formando um time pela primeira vez ou que se preparam para um salto de crescimento. 

Ao longo de toda a minha jornada, diferentes pessoas também já me perguntaram qual é o segredo das empresas de sucesso, e eu percebo a surpresa delas quando digo que a resposta é muito simples: “talentos”. 

Como empreendedor e investidor, acredito verdadeiramente que se cercar de talentos é o ingrediente secreto da tal receita para o sucesso.

É fato que eu tenho um interesse especial pelo tema. Em todos os meus projetos sempre dediquei mais tempo ao time e à cultura do que a qualquer outro assunto. Reunir as pessoas certas e perceber que elas também se sentem motivadas pela sua ideia de negócio, para mim, é o que faz a mágica acontecer. 

Aproveito o gancho para compartilhar três pensamentos sobre o tema.   

1 → O primeiro — e aqui vou pegar emprestado um dos pontos abordados no podcast que mencionei — é: contrate pensando na cultura, e não só nas competências do candidato. 

Em um processo seletivo, é comum ter vários ótimos currículos. O que vai diferenciar uma contratação excelente de uma contratação errada, no entanto, não está no CV dos candidatos, mas no que não está escrito ali. 

Nesse ponto, as entrevistas são essenciais. É importante usar esse momento de conversa para conhecer as pessoas e entender qual delas se encaixaria melhor no time que já existe e seria um(a) embaixador(a) dos valores e da cultura da empresa.

Com o tempo, essas pessoas passarão a montar seus próprios times. E é apenas natural e instintivo que elas recrutem talentos que compartilhem os mesmos valores. 

2 → O segundo tem ligação direta com o primeiro: evite contratar apenas profissionais com experiência no mercado em que você pretende atuar. 

É claro que é legal ter gente no time com um bom currículo e que conheça o mercado, mas eu não contrataria uma pessoa com esse perfil para liderar um negócio em estágio inicial. Normalmente, esses profissionais trazem um viés tradicional para o jogo, e pode ser mais difícil fazer algo novo e disruptar o mercado. 

Dependendo de quão inovadora é a sua ideia de negócio, é possível, na verdade, que nem existam especialistas ou pessoas com experiência nesse nicho. 

A saída passa sempre por selecionar pessoas inteligentes, com soft skills, que aprendam rápido e tenham pensamento de construção.  

3 → O terceiro e último considera o longo prazo. Ao reunir pessoas com pensamento de construção e que aprendam rápido, é preciso ter em mente que elas vão demandar novos desafios, autonomia e crescimento. É preciso se preparar para isso.

Um efeito colateral de se cercar de talentos é que, com o tempo, inevitavelmente algumas dessas pessoas se sentirão inspiradas a criar seus próprios negócios. Só na Loft, mais de uma dezena de colaboradores tomaram a decisão de abrir uma empresa. 

Quando isso acontece, é hora de recomeçar o trabalho de atração. Você está pronto?  

(Leandro Fonseca/Exame)

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