Revista Exame

As empresas campeãs em 11 setores do agronegócio

Conheça as empresas do agronegócio que se destacaram em um ano de alta dos custos de produção e de barreiras em mercados importantes

Agronegócio: setor segue como um motor econômico do país, respondendo por 21% do PIB (Exame/Exame)

Agronegócio: setor segue como um motor econômico do país, respondendo por 21% do PIB (Exame/Exame)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 04h16.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h49.

aumento dos custos de produção e a adoção de medidas restritivas à importação por mercados importantes criaram um cenário complicado para o agronegócio brasileiro em 2018. Os preços dos fertilizantes e do diesel puxaram a alta dos custos. Adicionalmente, com a demanda interna enfraquecida, a pecuária brasileira enfrentou barreiras em alguns países, como a Rússia, que ficou fechada à carne brasileira em boa parte do ano.

Por esse motivo, o segmento pecuário registrou uma queda de 0,11% em receita no ano passado. Já a safra de grãos fechou o ciclo 2017/2018 com uma produção de 228 milhões de toneladas, a segunda maior colheita da história, perdendo apenas para a safra anterior. A greve dos caminhoneiros, que praticamente paralisou o país por duas semanas em maio, no entanto, afetou quase todos os segmentos. 

No balanço geral, o produto interno bruto do setor, que em anos anteriores havia destoado da economia brasileira, manteve-se estável, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo. Apesar dessa parada, o agronegócio segue como um motor econômico do país, respondendo por 21% do PIB.

Considerando o universo somente das 400 maiores empresas do agronegócio, os resultados foram melhores do que a média. Juntas, essas empresas faturaram 223 bilhões de dólares em 2018, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. Os lucros somaram quase 5 bilhões de dólares, um aumento de 3,4%. Nesse conjunto de negócios, diante de um período de altos e baixos, sobressaíram os que mais investiram em tecnologia. A seguir, conheça as companhias que, num cenário instável e imprevisível, se destacaram em 11 setores do agronegócio. 


O setor sucroalcooleiro está acostumado com os altos e baixos da economia. Como resultado, algumas empresas aprenderam a trabalhar conforme as condições do mercado. “Produzimos só etanol, pois o cenário para o açúcar está ruim. E temos procurado cortar os custos e melhorar a produtividade”, diz Gastão de Souza Mesquita, presidente da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, a CMNP. Em 2018, a demanda por biocombustíveis se manteve em alta, favorecendo os sucroalcooleiros, principalmente os que estavam com a casa em ordem. A CMNP faturou 117 milhões de dólares e teve um lucro de 62 milhões, obtendo uma excelente rentabilidade de 51% sobre o patrimônio.

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O aumento da safra de grãos tem impulsionado o consumo de fertilizantes no país. Em 2018, foram comercializados 35,5 milhões de toneladas de adubos, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. A paranaense BR Fértil é uma das empresas que têm se beneficiado do momento favorável para o setor. No ano passado, faturou 72 milhões de dólares, 98% mais do que no ano anterior. O lucro líquido foi de 3,3 milhões de dólares, um retorno sobre o patrimônio de 60% — a maior taxa do setor. Há mais de 20 anos atuando na importação e na distribuição de fertilizantes, a BR Fértil tem uma linha de produtos especiais, como o adubo que agrega o enxofre, um nutriente escasso no solo brasileiro.

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A segunda maior safra de grãos da história do Brasil acabou ofuscada pela volatilidade do câmbio e pelos gargalos da logística, segundo Maurício Hardman, presidente da ALZ Grãos, comercializadora que surgiu de uma parceria entre a brasileira Amaggi, a francesa Louis Dreyfus e a japonesa Zen-Noh. O desafio foi superado com o aumento da eficiência operacional. “Atuamos com uma estrutura simples, que facilita nossa comunicação com os produtores e a tomada de decisão”, afirma Hardman. Em 2018, o faturamento da ALZ chegou a 784 milhões de dólares, quase o dobro do registrado no ano anterior. O lucro foi de 12 milhões de dólares, proporcionando um retorno de 26% sobre o patrimônio.

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Demanda em baixa e mercados externos quase fechados. O cenário para os produtores de aves e suínos foi atribulado em 2018. “Só tínhamos uma coisa a fazer: intensificar as ações para ganhar competitividade”, diz Alfredo Lang, presidente da C. Vale, cooperativa que reúne 21.000 associados. A oferta de produtos diferenciados, como cortes especiais, abriu novas frentes. E, se a China e a Arábia Saudita impuseram barreiras, a saída foi trabalhar melhor a Europa. No final do ano, uma peste suína na Ásia reabriu os mercados para a carne brasileira e ajudou a C. Vale a faturar 2,2 bilhões de dólares em 2018, um crescimento de 19%. As perspectivas são boas. “Vai ser difícil atender à demanda”, afirma Lang.

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O brasileiro está cada vez mais exigente com a qualidade do café, e a demanda por novos sabores e aromas fez disparar o segmento de cafés especiais. Esse mercado vem crescendo, em média, 20% ao ano — e é a principal aposta da mineira Cafebras. Entre suas especialidades estão microlotes de cafés raros, com notas acima de 85 na escala (de zero a 100) da Specialty Coffee Association, que representa produtores e baristas de todo o mundo e certifica a qualidade do produto em nível global.  A Cafebras teve em 2018 uma receita de 132 milhões de dólares, 27% mais do que no ano anterior. O lucro líquido, de 6,8 milhões de dólares, representou um retorno sobre o patrimônio de 31%, a maior taxa do setor.

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A construção de uma empresa sólida no agronegócio demanda tempo. “Há anos, desenvolvemos uma estratégia bem definida de relacionamento com a cadeia produtiva cujo objetivo é criar valor para todos”, afirma Luciano Castiglione Pascon, presidente da paulista Frigol. Por trabalhar com commodities, uma de suas preocupações é procurar se diferenciar da concorrência adotando boas práticas. “Quero garantir que a carne que ofereço é procedente de uma operação que segue as melhores práticas ambientais e sociais”, afirma Pascon. Ao que parece, a Frigol está no caminho certo. O faturamento obtido no ano passado, de 415 milhões de dólares, foi o dobro do registrado no início da década.

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No setor de leite e derivados, o quesito marca, muitas vezes, é deixado em segundo plano. Não na mineira Manteiga Aviação, que vai completar 100 anos em 2020. “Hoje, até em função da crise financeira, o consumidor não quer errar”, diz Roberto Rezende, vice-presidente da companhia. “Quando o brasileiro está com o orçamento mais apertado, ele busca produtos cuja qualidade reconhece. E paga mais por isso.” A meta da Aviação, que faturou 79 milhões de dólares em 2018, é tornar-se a marca preferida dos brasileiros para o café da manhã. Para isso, ela tem apostado não só em sua tradicional manteiga mas também no lançamento de produtos como café, queijo, requeijão e doce de leite.

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Um dos meios de aumentar a produtividade na agricultura é recorrer a soluções que permitam automatizar processos. Para atender a essa demanda, a paulista Jacto tem investido até 5% de seu faturamento anual em pesquisa e inovação. “Há uma grande procura por ferramentas que aumentem a produtividade no campo, algo que só é possível com uma visão abrangente do que está acontecendo no campo”, afirma Ricardo Nishimura, presidente do conselho de administração da Jacto. Em 2018, a empresa conseguiu crescer a uma taxa de dois dígitos (19%) com a estratégia de apostar na expansão da agricultura de precisão, que exige equipamentos mais sofisticados para monitorar as plantações.

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A gaúcha Olfar atua no processamento de soja, na comercialização de grãos, na produção de óleo vegetal e de biodiesel, entre outras atividades. Seu portfólio é composto de mais de 350 produtos, com destaque para o biodiesel — produz em torno de 378 milhões de litros por ano. Em 2018, a receita da Olfar atingiu 463 milhões de dólares, com um lucro de 30 milhões. O bom desempenho foi puxado pelo mercado externo. “A quebra da safra de soja na Argentina gerou maior demanda pelos produtos brasileiros”, diz o vice-presidente Guilherme Weschenfelder. No fim de 2018, a Olfar comprou uma usina em Porangatu, Goiás, com capacidade para produzir 700 000 litros de biodiesel por dia.

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No passado, o agricultor brasileiro precisava ficar atento às novidades lançadas nos Estados Unidos e na Europa pelos grandes fornecedores de máquinas agrícolas. Isso não é mais tão necessário. “Os fabricantes hoje lançam simultaneamente em vários países ou até primeiro aqui do que lá fora”, afirma Luiz Piccinin, presidente da revendedora Áster Máquinas. O desafio é garantir um bom serviço de pós-venda. “O produtor não pode parar por falta de peças.” Por esse motivo, a Áster, que faturou 154 milhões de dólares em 2018, está desenvolvendo um sistema com sensores para o monitoramento em tempo real dos equipamentos dos clientes. A novidade deverá ser testada na próxima safra de algodão.

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A forte concorrência de produtos asiáticos gera, para a indústria têxtil brasileira, o desafio de se diferenciar pela qualidade dos produtos. Por esse motivo, a catarinense Döhler tem procurado avançar em tecnologia. “Acabamos de receber uma nova máquina que fará a impressão em tecidos com uma resolução muito superior ao que temos no mercado nacional”, afirma José Mário Gomes Ribeiro, presidente da Döhler. Mais conhecida por seus produtos de cama, mesa e banho, a Döhler, que faturou 126 milhões de dólares no ano passado, tem buscado ampliar o portfólio. Ela é líder no mercado de tecidos para colchões e também fornece tecidos para a fabricação de calçados.

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Ilustrações: Julia Boscolo

1. Vendas estimadas pela revista.  2. Vendas informadas por meio de questionário. 3. Vendas extraídas da demonstração contábil.  4. Vendas em moeda constante.  5. Controle acionário em maio de 2019.  6. Informações ajustadas. calculadas pela revista.  7. Data do balanço diferente de 31/12/2018.  B. Bônus: Guia Exame de Sustentabilidade / Guia você s/a — As Melhores Empresas para Trabalhar.  NA – Não aplicável.  NI – Não informado.  T – Transparência.        

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