Revista Exame

Agora é a hora de investir no Brasil, diz Daniel Houston

Para o presidente da gestora americana Principal, este é o momento certo de os estrangeiros investirem no Brasil — mas está difícil convencer a todos

Daniel Houston: estrangeiros deveriam apostar mais no Brasil (Daniela Toviansky/Exame)

Daniel Houston: estrangeiros deveriam apostar mais no Brasil (Daniela Toviansky/Exame)

PV

Patrícia Valle

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 05h55.

Última atualização em 5 de outubro de 2017 às 05h55.

Malas de dinheiro confiscadas, empresários e políticos presos, o presidente da República denunciado por corrupção. Para muitos analistas, essas notícias mostram que o Brasil está combatendo a corrupção, mas elas também afastam os investidores estrangeiros de classe média. A avaliação é de Daniel Houston, presidente da gestora americana Principal Financial Group, que tem 629 bilhões de dólares sob gestão e, no Brasil, é sócia da gestora Claritas e da Brasilprev, empresa de previdência do Banco do Brasil. A EXAME, Houston diz que agora é o “momento perfeito” para investir na bolsa brasileira.

A Operação Lava-Jato afastou os investidores do Brasil? 

O respeito às leis deve ser o principal compromisso de um país que quer progredir. Essa é a base que dá sustentação a todo o resto. O Brasil tem feito isso, mas nem sempre os investidores percebem dessa forma. Nosso desafio como empresa é convencer os clientes na Europa, em Dubai, na China e no Japão, por exemplo, a aumentar seus investimentos no país.

Os riscos são altos demais, na opinião desses investidores?   

Existe a dúvida sobre se o país conseguirá dar conta de seus problemas. E muitos só investem em países que têm grau de investimento. É verdade que as dificuldades são grandes, mas o Brasil tem potencial. Todas as economias passam por momentos difíceis. Os desafios atuais do Brasil são comuns em mercados emergentes. Para quem pensa no longo prazo, porém, este é o momento perfeito para colocar dinheiro na bolsa brasileira. 

Por quê? O que o Brasil tem a oferecer? 

O país está entre as dez maiores economias do mundo e, em 2050, deverá estar na sexta posição. Hoje está saindo de uma recessão. Ou seja, grande parte do crescimento mundial ocorrerá aqui. Além disso, a moeda brasileira é confiável. Pode ser volátil, mas é sólida. Nosso cuidado tem sido fazer uma avaliação criteriosa das empresas para evitar investir nas que ainda podem ser envolvidas em denúncias de corrupção.

A queda de juros no Brasil ainda pode beneficiar a bolsa

ou essa expectativa já está nos preços das ações?

Pode, claro. O Banco Central está cortando os juros pela metade, o que deve estimular a economia e a bolsa de valores. Na maioria dos países, as ações rendem mais do que a renda fixa no longo prazo. No Brasil, não. Mas isso deve mudar.

Para um brasileiro, vale a pena investir no exterior?

Sim, não faz sentido apostar tudo num lugar só. Mas é preciso entender os mercados globais e aguentar a volatilidade do câmbio ou das ações. Não ficaria surpreso se, em dez anos, metade dos investimentos dos brasileiros estiver no exterior.

O aumento das taxas de juro no exterior pode prejudicar

países emergentes como o Brasil?

Os mercados emergentes devem continuar sendo mais atrativos do que os desenvolvidos por bastante tempo, porque devem crescer mais. Além disso, os sinais são de que o aumento dos juros e a retirada da liquidez do mercado acontecerão de forma gradual. Não afetará o fluxo de recursos para os países emergentes.

A Principal pretende investir mais no Brasil?

Sempre avaliamos oportunidades. O Brasil tem uma classe média emergente que começa a se preocupar em poupar para a aposentadoria, e isso deve aumentar o volume de recursos investido por meio de gestoras como a Principal. Comprar uma empresa de investimentos parecida com a XP seria interessante. 

Acompanhe tudo sobre:B3CorrupçãoInvestidores

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda