Revista Exame

A chave é diversificar: três carteiras para atravessar 2022

Conservador, moderado ou arrojado: as recomendações para o investidor montar um portfólio de acordo com o seu perfil

Investir em dólar é alternativa para diversificação e proteção financeira. (wutwhanfoto/Thinkstock)

Investir em dólar é alternativa para diversificação e proteção financeira. (wutwhanfoto/Thinkstock)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 23 de março de 2022 às 15h00.

Última atualização em 23 de março de 2022 às 15h15.

Para muitos investidores, navegar em momentos de crise consiste mais em preservar o patrimônio do que em usar a turbulência para aproveitar oportunidades em cima de ativos com preços descontados. Em 2022, essa é uma máxima do mercado ainda mais verdadeira. O ano começou com o risco inflacionário no radar, diante da alta global nos preços de matérias-primas, como combustíveis e alimentos. Essa ameaça se agravou com os efeitos advindos da guerra entre Rússia e Ucrânia. O trabalho dos bancos centrais ficou ainda mais complexo, pois precisam lidar com a inflação no maior patamar em décadas, junto com expectativas desancoradas, de um lado, e com o risco de desaceleração da atividade econômica, de outro. Em momentos assim, torna-se ainda mais valioso observar como os profissionais mais experientes do mercado estão operando. 

“Os gestores de fundos estão tentando resguardar os retornos em qualquer cenário para atender à regra de nunca perder mais do que ganhou. O momento mostra que não dá para abrir mão da proteção da carteira, e isso vale também para o investidor pessoa física. A busca por investimentos em ouro e em dólar é reflexo dessa preocupação”, explicou Juliana Machado, analista de fundos do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Machado afirma que o ideal para o investidor é montar e manter a proteção ativa na carteira, mesmo em momentos de calmaria, até para que o investidor não sofra com a alta dos preços dos ativos. No momento mais agudo da crise atual da guerra, por exemplo, o ouro chegou a se aproximar de seu recorde histórico alcançado em mea­dos de 2020, na primeira onda da pandemia. Ou seja: contratar a “proteção” se tornou mais caro.

Outra estratégia-chave para atravessar 2022 com preservação do patrimônio é a maior exposição à renda fixa. Com a projeção do mercado de juros perto dos 13% no fim do ano, o movimento adotado por muitos gestores e investidores, até mesmo entre os que têm um perfil mais arrojado, é o de garantir boa parte do retorno em ativos da categoria. A alocação de renda fixa na carteira recomendada do BTG Pactual varia de 44% para investidores com maior predisposição ao risco a mais de 80% para aqueles com perfil conservador (veja quadro abaixo). O chamado custo de oportunidade de investimento em outras categorias, como a renda variá­vel, está mais elevado. “Isso não significa que os retornos serão mais tímidos em outros ativos. Fundos multimercado, por exemplo, são uma importante ferramenta de diversificação da carteira e estão rendendo bem, mesmo com os juros mais altos. Montar um portfólio equilibrado para diferentes cenários é a chave para obter uma taxa de retorno adequada na carteira”, afirma Bruno Brito, head da área de research de fundos de investimento do BTG Pactual.

O ponto é até quando o cenário de incerteza vai durar. Dado que boa parte do aumento dos juros já foi antecipada e precificada pelo mercado ao longo dos últimos meses, a questão-chave passa a ser o comportamento da inflação. E, embora essa resposta dependa diretamente da extensão e do desfecho do conflito entre Rússia e Ucrânia, captar a “virada” de cenário pode ser uma boa oportunidade para fisgar retornos melhores. A analista de fundos do BTG lembra, no entanto, que o trabalho de gestores de fundos é justamente dedicado a captar essas flutuações de cenário, e que o investidor pode obter um resultado mais eficiente se buscar um fundo com uma boa equipe de análise de indicadores macroeconômicos.  

(Arte/Exame)

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