Pequenos e grandes momentos celebrados com espumantes
BARCELONA - A bebida que vem à mente em momentos de celebrações é o espumante. O líquido que costumava preencher taças em festas de ano novo, casamentos e formaturas passou, com a pandemia e sem grandes eventos, a ser consumido em ocasiões casuais. Dentre as opções estão velhos conhecidos como os proseccos, os champanhes, os espumantes nacionais e as espanholas cavas.
Dados da Ideal Consulting mostram que o mercado de espumantes nacional cresceu 2% em 2022, enquanto o de importados cresceu 28%, alcançando uma participação de mercado de 17%. A expectativa de quem acompanha o mercado é de que a evolução dos espumantes continue positiva, com um crescimento superior ao dos vinhos tranquilos.
Essa evolução pode ser explicada pelo aumento global no consumo de borbulhas, pela capacidade de investimento em comunicação e marketing dos produtores locais e globais, pela reputação positiva dos espumantes brasileiros e pelo aumento do número de consumidores regulares de vinho no país. No Brasil, a cada três espumantes importados vendidos no país, um é da Freixenet. “E esses números comprovam o quão grande somos no mercado e vamos continuar trabalhando para irmos sempre além", destaca Fabiano Ruiz, Diretor Executivo do grupo no Brasil.
A marca espanhola foi criada em 1861, em Sant Sadurní d´Anoia (a 30 quilômetros de Barcelona) com a família Sala. Anos mais tarde, no começo do século XX, acontece o casamento entre Dolores Sala com Pedro Ferrer, que revolucionaria o negócio ao unir os conhecimentos de enologia de Dolores com a capacidade comercial de Pedro. Do casamento, a Freixenet passa de um negócio familiar para uma das maiores produtoras de Cava do país.
As cavas e o centro de distribuição da Freixenet ainda estão na pequena cidade espanhola. De lá são envasadas mais de 100 milhões garrafas por ano que são distribuídas em 140 países.
Os maiores consumidores são Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha, Japão, e é claro, a Espanha, que representa em torno de 85% das vendas.
O Brasil é o nono mercado do mundo para a empresa e o país que mais cresce. “Crescemos nos últimos anos no Brasil. Em 2018 foram vendidas 300 mil garrafas no Brasil, já em 2022 este volume passou para 2,4 milhões de garrafas”, comenta Thomas Scholl, CFO do Grupo Freixenet.
Entre os rótulos mais vendidos no Brasil, tanto no e-commerce da marca quanto nos pontos de venda, estão os Cavas da linha clássica, como Carta Nevada, Cordón Negro e Cordón Rosado. “Conquistar essa fatia do mercado após dois anos desafiadores é um mérito grande para a equipe. Mesmo analisando dados e entendendo as oportunidades, tivemos movimentos assertivos e estratégicos para chegar neste patamar e agora o desafio é perpetuar o crescimento de maneira saudável, pautado na diversificação de portfólio, fidelização de clientes e busca por novos consumidores”, pontua Ruiz.
Cava ou champanhe?
Todo champanhe e cava são espumantes. Mas, os vinhos francês e espanhol possuem suas diferenças e até rixas históricas. Foi nos anos 1970 que surgiu a Denominação de Origem Cava. Até então, produtores se referiam à bebida como champanhe. Com a Denominação de origem protegida pelos franceses, os espanhóis escolheram por um nome simples e que faz referência ao local onde são guardadas as garrafas, cava.
As uvas usadas para a fabricação dos cavas são os tipos Macabeo, Xarel.lo e Parellada, estas três castas não existem noutra parte do mundo. Mas também são utilizados os tipos Subirat Pai e Chardonnay. Outros tipos de uvas tintas como Garnacha Tinta, a Monastrell, a Pinot Noir e a Trepat podem ser utilizados em assemblages. “Na Denominação de Origem Cava pode-se utilizar um total de 9 variedades de uva, essas três Macabeo, Xarel.lo e Parellada são as de maior plantio, portanto são as mais utilizadas, mas também podem ser utilizadas Trepat para a produção de rosés”, explica Xavier Flores, RP da Freixenet.
Na Espanha existem 37 mil hectares de vinhedos, sendo que 32 mil hectares estão localizados na Catalunha. Em Penedès, região onde está localizada a vinícola Freixenet, estão 26 mil hectares. Atualmente além das uvas produzidas nos próprios vinhedos, a Freixenet também é abastecida com a produção de mais de 2 mil viticultores da região.
“Cerca de 80% das uvas são plantadas em Penedès. Um fato é muito interessante, é que Sant Sadurní d´Anoia possui cerca de 12 mil habitantes e mais de 100 vinícolas de cava”, comenta Flores. Porém, a Denominação de Origem Cava não se restringe a uma única região da Espanha, enquanto a produção do champanhe é restrita à região de Champanhe.
“O tempo mínimo de envelhecimento por lei também é diferente entre as bebidas. No nosso caso, o cava precisa de um tempo mínimo de 9 meses, enquanto em Champanhe, são necessários 18 meses”, diz Flores.
Para Scholl, dentre os diferentes espumantes, o que faz a cava ser especial é sua origem “Quais são as características únicas que o diferenciam dos demais espumantes? É a Terra”, diz. “O cava é um produto que se encontra em todo o mundo, mas nasceu aqui e é verdadeiramente uma origem desta terra”.
La Freixeneda
Toda a aula de Flores sobre a origem e produção da cava acontece a seis andares debaixo da terra na casa “La Freixeneda”. O espaço onde a marca foi fundada continua ativa como casa-museu e com a produção de mais de 100 milhões de garrafas ao ano, armazenados em 38 Tanques com 600 mil litros e 6 tanques de 1,2 milhão de litro.
A visita começa com um vídeo introdutório sobre a história da marca, mas é descendo os andares subterrâneos que é a imersão na marca começa. Uma escada estreita, e que à primeira vista parece interminável, cercada por paredes frias de pedra, conduz aos pisos inferiores onde estão milhares de garrafas empoeiradas e empilhadas formando paredes. Para Xavier, estas relíquias contam a história da marca. “Muitos visitantes não entendem por que tantas garrafas foram deixadas aqui sem utilização, mas elas estão fazendo alguma coisa: estão decorando o ambiente. Não seria a mesma coisa visitar esta parte emblemática da cave sem as garrafas. Além disso, podemos mostrar o método tradicional de empilhamento”, diz.
Atualmente o percurso se encerra ainda no terceiro piso inferior. Mas, há planos de retomar as visitas aos outros andares onde estão os tanques e maquinários de envase. No final do passeio, os mais de 93 mil visitantes anuais podem degustar uma seleção de cavas harmonizadas com tapas ou chocolates. A visita custa 16,50 euros (90 reais).
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A versatilidade do espumante reflete no crescimento do consumo. Nas praias, agora é possível notar garrafas da bebida no cardápio ao lado de conhecidas nacionais, como a cerveja e a caipirinha. “É uma bebida mais social, descontraída e versátil, capaz de agradar até quem prefere bebidas mais doces”, diz Lanari. É o caso do Espumante Mía Moscato Sweet, da Freixenet.
Feito com uva moscato, o espumante possui aroma com essências de flores brancas, pêssego e ameixa. “A linha Freixenet Mía tem uma penetração muito importante na Região Sul do país, sendo consumida pelos mais jovens, que preferem a uva moscato, de paladar mais adocicado. É um case de sucesso dentro da Freixenet”, comenta Ruiz.
Lançar bebidas mais adocicadas é uma das estratégias para atingir um público mais jovem. “Quem procura espumante mais fácil de beber, busca algo mais frutado”, comenta Gloria Collell, enóloga responsável pela criação do espumante Mía e International Wine Manager do Grupo Freixenet.
Além de espumantes adocicados, outro investimento do Grupo Henkell Freixenet é o lançamento de novos espumantes sem álcool, com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. No ano passado, foram vendidas 70 mil garrafas de Freixenet Zero Álcool no país.
Produzido por meio de uma destilação em baixa temperatura e fermentação processada sem grandes variações de pressão, a técnica minimiza o risco de perdas de componentes aromáticos, alcançando um vinho espumante sem álcool de qualidade. “Queremos que Freixenet esteja em todos os momentos da vida, seja em momentos de pequenas ou grandes comemorações. Queremos ser a marca da festa”, finaliza Collell.
*A jornalista viajou para a Espanha a convite da Freixenet.
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Créditos
Júlia Storch
Repórter de Casual
Formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Culturas Digitais pela Universidade de Maastricht. Escreve sobre cultura e lifestyle desde 2015, na EXAME desde 2020. Foi repórter na revista ELLE Brasil.