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Sem caixa nem segurança: mercado autônomo abre as portas em SP

A startup Zaitt se uniu à varejista Carrefour para lançar em São Paulo um mercado que funciona por QR Codes, RFID e, no futuro, por reconhecimento facial

Mercado autônomo da rede Zaitt, em São Paulo: criado há três anos em Vitória, o negócio começou como um app para entregar bebidas (Zaitt/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 4 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 4 de maio de 2019 às 14h57.

Quando se imaginam mercados que funcionam sem caixas ou seguranças, logo se pensa nas iniciativas de gigantes como as da varejista americana Amazon, com sua Amazon Go, ou da gigante de tecnologia Alibaba, com o supermercado Hema. Mas o plano da startup Zaitt é que tenhamos uma rede nacional de mercados autônomos.

Em alguns quarteirões do bairro paulistano Itaim Bibi, o plano já é realidade: é possível fazer compras na companhia apenas de consumidores, celulares e produtos, sem caixas ou seguranças. O plano é chegar a 21 mercados autônomos Zaitt até o final deste ano e expandir para outras verticais.

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Criado há três anos em Vitória (Espírito Santo), o Zaitt começou com outra ideia de negócio: ser um aplicativo para delivery de bebidas. Os sócios e engenheiros capixabas Tomás Scopel, Rodrigo Miranda, Renato Antunes Jr e Mario Miranda passaram um ano com essa ideia, o que incluiu a abertura de uma loja de conveniência física que também funcionava como o estoque das bebidas.

Em julho de 2017, as operações online e física se desmembraram em negócios distintos. O aplicativo para delivery de bebidas se tornou para delivery de produtos diversos, criando a startup Shipp. Já a loja de conveniência física continuou com o nome Zaitt, mas com uma proposta de escalar por meio de tecnologias no ponto de venda. Em dezembro do mesmo ano, a primeira unidade do Zaitt nos moldes autônomos foi lançada.

“Esse último ano foi dedicado a refinar nossa tecnologia e expandir a equipe. Quadruplicamos nosso faturamento em Vitória e decidimos ir a São Paulo no fechamento de 2018”, afirma o fundador Rodrigo Miranda. A Zaitt possui 23 funcionários atualmente, 20 deles na capital paulista.

Rodrigo Miranda, fundador da rede Zaitt (Zaitt/Divulgação)

A unidade do Itaim Bibi abriu suas portas no final de março de 2019, após três meses de escolha e construção do ponto comercial. Ela possui 75 metros quadrados e representa uma expansão em relação ao mercado autônomo em Vitória, com 35 metros quadrados.

A poucos metros de distância do Zaitt paulistano está um supermercado da rede varejista Carrefour, que firmou uma parceria com a startup. “Somos um laboratório para varejos entrarem no universo digital e adquirirem poder de marca. Acho que esses foram pontos de atração para o Carrefour. Temos a experiência tecnológica, enquanto eles possuem um grande histórico em varejo”, diz Miranda.

O Carrefour colaborou na montagem da loja, do design ao mix de produtos. Também é responsável por manter a quantidade certa dos produtos na unidade. Seus estoquistas são os únicos funcionários humanos vistos ao longo das 24 horas de funcionamento do mercado autônomo.

A jornada em um mercado autônomo

O consumidor do Zaitt precisa baixar um aplicativo e inserir dados pessoais, como documentos e uma selfie na hora, e financeiros, como o cadastro do cartão de crédito. Com o celular em mãos, precisa usar a leitura de QR Codes para passar por duas portas e chegar às prateleiras com produtos.

O Zaitt paulistano possui 800 variações de itens alimentícios e de higiene. Os produtos possuem etiquetas que armazenam dados remotamente, por meio de identificação por radiofrequência (na sigla original, RFID).

Produtos com etiquetas RFID no mercado autônomo da rede Zaitt em São Paulo (Zaitt/Divulgação)

No fundo do estabelecimento há um micro-ondas, para o consumo na hora de produtos prontos congelados. O consumidor coloca seus itens, consumidos ou não, em uma sacola.

Ele passa por outras duas portas na hora da saída. A primeira porta também é aberta por QR Code. Para a segunda ser aberta, o usuário precisa olhar para uma tela à direita, que mostra todos os produtos identificados através de sinais de rádio, e confirmar a transação por cartão de crédito. Após finalizar a compra, o consumidor pode sair do mercado autônomo. Apenas uma pessoa por vez pode ficar entre as duas portas.

Check out no mercado autônomo da rede Zaitt em São Paulo (Zaitt/Divulgação)

Expansão e tecnologia para o futuro

O Zaitt projeta chegar a 21 mercados autônomos e dobrar sua equipe até o final de 2019. A startup já está perto de lançar um mercado autônomo no também bairro paulistano Vila Olímpia e negocia sua entrada em shopping centers.

Segundo Miranda, o custo apenas com aluguel e estocagem faz com que seja possível atingir o ponto de equilíbrio com poucos consumidores recorrentes, como moradores de bairro. Com mais Zaitt próximos abrindo, as equipes de estocagem podem ser compartilhadas e os custos fixos caem mais ainda. Quando atinge a maturidade, uma unidade do Zaitt apresenta um faturamento médio mensal de 150 mil reais mensais. Apenas a de Vitória está nesse estágio atualmente.

A startup espera não depender apenas de QR Codes e RFID no futuro. O Zaitt está desenvolvendo uma tecnologia de reconhecimento facial ao entrar no supermercado e ao computar os produtos selecionados. Hoje, as câmeras de segurança já dividem espaço com as de visão computacional e reconhecimento térmico. “Há um ano estamos desenvolvendo esse reconhecimento facial e analisando se é algo economicamente viável e se agrega simplicidade na jornada dos nossos consumidores”, diz o fundador.

Miranda projeta que sua solução de automação não sirva apenas para supermercados e afirma negociar uma expansão das tecnologias para segmentos como farmácias, lojas de roupas, pet shops e unidades de material de construção. Em alguns anos, talvez não haja companhia na próxima ida às compras.

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