Produto "imperfeito" pode fazer sucesso, mostra o Easy Taxi
Não espere o momento de atingir a perfeição
Da Redação
Publicado em 21 de abril de 2014 às 09h05.
São Paulo - Em 2011, quando fundou a Easy Taxi , que faz um aplicativo para motoristas e usuários de táxi, o publicitário Tallis Gomes, de 26 anos, deu aos funcionários uma ordem. Eles deveriam desenvolver o sistema no menor prazo possível. "A ferramenta poderia não funcionar 100% bem e ser meio 'pelada' ", diz Gomes.
Três semanas depois, ficou pronta uma primeira versão, que permite ao passageiro usar o celular para chamar o carro mais próximo, de um motorista também conectado ao sistema. O protótipo foi entregue para teste a 70 taxistas e passageiros. Eles deveriam usá-lo de graça, avisar o que estava faltando e reclamar do que não funcionasse direito.
Dois meses mais tarde, foi trocado por uma segunda versão, que, quatro meses depois, deu lugar a uma terceira. Na quarta, o serviço foi para o mercado. "O projeto foi do zero ao lançamento em apenas sete meses", diz Gomes. "Foi metade do que se tivéssemos feito tudo de uma vez."
Um exemplo de algo que foi melhorado é o botão usado pelos taxistas para aceitar ou recusar uma corrida. "Eles disseram que era difícil enxergá-lo à noite", diz Gomes. "Agora, o botão fica bem no centro da tela." A colaboração dos usuários também ajudou a Easy Taxi a descobrir logo que alguns dos recursos projetados inicialmente não tinham muita utilidade.
Foi o caso da função para saber as condições do trânsito e encontrar rotas alternativas. "Eles precisavam de um dispositivo para aceitar ou recusar uma corrida que fosse fácil de usar, e só", diz Gomes. "Mais do que isso só encareceria o produto."
Para os clientes, o produto imperfeito da Easy Taxi também foi útil. "Enquanto testava, consegui uma porção de corridas sem investir nada”, diz Antônio Bueno, taxista da cidade do Rio de Janeiro . A empresa tem hoje mais de 5.000 taxistas cadastrados, que pagam 2 reais por corrida. "Os clientes são taxistas independentes, que não contam com central telefônica e aparelhos de rádio", diz Gomes.
O que a Easy Taxi fez tem o nome de "produto mínimo viável". Primeiro, a empresa faz um protótipo (também chamado de beta), libera o uso a um grupo de clientes em potencial e observa o que acontece. Conforme for, mais funções são acrescentadas. Recursos que se mostram pouco úteis são extintos. O que fica é continuamente melhorado até chegar ao lançamento oficial.
"O custo da evolução por etapas é menor do que o de uma pesquisa de mercado tradicional", diz Edson Rigonatti, sócio da paulista Astella, gestora de recursos que investe em startups . "É também muito mais rápido do que levar meses construindo um produto completo e só no final saber que os clientes não gostaram."
Empresas de tecnologia, como as de softwares e sites, são candidatas naturais a aproveitar o produto mínimo viável — em comparação com outros produtos, não é tão complicado modificar um software em pleno voo. Mas é possível adaptar a ideia. Vamos imaginar que uma empresa que faz tintas vai fabricar pincéis.
Pintores que já usam a tinta poderiam testar protótipos de pincéis. Com o relato deles, a empresa faria novas versões, que seriam testadas novamente — e assim por diante, até chegar a um pincel definitivo. Em troca, os pintores poderiam receber pincéis de graça no lançamento oficial.
São Paulo - Em 2011, quando fundou a Easy Taxi , que faz um aplicativo para motoristas e usuários de táxi, o publicitário Tallis Gomes, de 26 anos, deu aos funcionários uma ordem. Eles deveriam desenvolver o sistema no menor prazo possível. "A ferramenta poderia não funcionar 100% bem e ser meio 'pelada' ", diz Gomes.
Três semanas depois, ficou pronta uma primeira versão, que permite ao passageiro usar o celular para chamar o carro mais próximo, de um motorista também conectado ao sistema. O protótipo foi entregue para teste a 70 taxistas e passageiros. Eles deveriam usá-lo de graça, avisar o que estava faltando e reclamar do que não funcionasse direito.
Dois meses mais tarde, foi trocado por uma segunda versão, que, quatro meses depois, deu lugar a uma terceira. Na quarta, o serviço foi para o mercado. "O projeto foi do zero ao lançamento em apenas sete meses", diz Gomes. "Foi metade do que se tivéssemos feito tudo de uma vez."
Um exemplo de algo que foi melhorado é o botão usado pelos taxistas para aceitar ou recusar uma corrida. "Eles disseram que era difícil enxergá-lo à noite", diz Gomes. "Agora, o botão fica bem no centro da tela." A colaboração dos usuários também ajudou a Easy Taxi a descobrir logo que alguns dos recursos projetados inicialmente não tinham muita utilidade.
Foi o caso da função para saber as condições do trânsito e encontrar rotas alternativas. "Eles precisavam de um dispositivo para aceitar ou recusar uma corrida que fosse fácil de usar, e só", diz Gomes. "Mais do que isso só encareceria o produto."
Para os clientes, o produto imperfeito da Easy Taxi também foi útil. "Enquanto testava, consegui uma porção de corridas sem investir nada”, diz Antônio Bueno, taxista da cidade do Rio de Janeiro . A empresa tem hoje mais de 5.000 taxistas cadastrados, que pagam 2 reais por corrida. "Os clientes são taxistas independentes, que não contam com central telefônica e aparelhos de rádio", diz Gomes.
O que a Easy Taxi fez tem o nome de "produto mínimo viável". Primeiro, a empresa faz um protótipo (também chamado de beta), libera o uso a um grupo de clientes em potencial e observa o que acontece. Conforme for, mais funções são acrescentadas. Recursos que se mostram pouco úteis são extintos. O que fica é continuamente melhorado até chegar ao lançamento oficial.
"O custo da evolução por etapas é menor do que o de uma pesquisa de mercado tradicional", diz Edson Rigonatti, sócio da paulista Astella, gestora de recursos que investe em startups . "É também muito mais rápido do que levar meses construindo um produto completo e só no final saber que os clientes não gostaram."
Empresas de tecnologia, como as de softwares e sites, são candidatas naturais a aproveitar o produto mínimo viável — em comparação com outros produtos, não é tão complicado modificar um software em pleno voo. Mas é possível adaptar a ideia. Vamos imaginar que uma empresa que faz tintas vai fabricar pincéis.
Pintores que já usam a tinta poderiam testar protótipos de pincéis. Com o relato deles, a empresa faria novas versões, que seriam testadas novamente — e assim por diante, até chegar a um pincel definitivo. Em troca, os pintores poderiam receber pincéis de graça no lançamento oficial.