Exame Logo

Fundador da Netshoes lança startup que digitaliza o conserto do carro

A Tunne, nova empresa de Marcio Kumruian, permite que o cliente compare preços, o tempo de execução do serviço e faça o agendamento de consertos e da instalação de acessórios em um marketplace

O empreendedor Marcio Kumruian, fundador e ex-CEO da Netshoes, lança a startup Tunne, um marketplace de serviços automotivos | Foto: Ali Karakas/Tunne (Tunne/Divulgação)
MS

Marcelo Sakate

Publicado em 23 de junho de 2021 às 10h10.

Última atualização em 23 de junho de 2021 às 12h44.

"Aonde vou levar o meu carro ? A oficina é confiável? Qual o problema do carro? Quanto vai custar o conserto?" Essas são algumas perguntas que muitos brasileiros que possuem automóvel já se fizeram ou se fazem quando aparece algum problema ou é momento de fazer uma revisão. Trata-se de um universo considerável: uma frota de 67 milhões de veículos (incluindo picapes), segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

É um mercado endereçável estimado em 100 bilhões de reais, a depender das variáveis para os cálculos.

Veja também

Atento a essas dores e às oportunidades, o empreendedor Marcio Kumruian, fundador e ex-CEO daNetshoes, lança nesta semana a sua nova startup, a Tunne. É um marketplace de serviços automotivos que nasce já com mais de 200 oficinas credenciadas na Grande São Paulo, maior mercado automotivo do país, e 200 fornecedores parceiros.

"No mercado automotivo, as vendas de carros começam a ficar digitalizadas, mas isso não havia chegado aos serviços. A Tunne vem para preencher essa lacuna", afirmou Marcio Kumruian à EXAME Invest . "Queremos descomplicar esse ecossistema que envolve oficinas, distribuidores, indústria e, claro, o consumidor."

"Vamos oferecer em tempo real e com transparência, com base no carro e no endereço do cliente, as informações sobre quais são os melhores prestadores de serviços, pensando em qualidade, confiança e preço", afirma o empreendedor.

De posse das informações, o proprietário do carro poderá escolher a oficina e realizar o agendamento da visita para levar o veículo e o pagamento de forma online, como já acontece com muitos serviços que migraram ao mundo digital há mais tempo. Em alguns casos, haverá a opção da retirada do automóvel na casa do cliente.

Na primeira fase de operação, estão disponíveis também serviços de estética do carro, como higienização, polimento e lavagem e a instalação de acessórios como películas, alarmes e sensores de estacionamento.

As oficinas concordaram em fornecer previamente de maneira online as informações que no mundo físico são tratadas como uma espécie de "caixa-preta" do segmento automotivo: o preço e o tempo de execução de serviços como a troca do óleo e do filtro do motor, alinhamento e balanceamento de rodas e pneus, entre outros.

Como contrapartida, conseguem digitalizar os seus serviços e ganham o acesso a um mercado endereçável de proprietários de cerca de 10 milhões de veículos apenas na Grande São Paulo. A Tunne vai cuidar também do gerenciamento das contas pelos serviços prestados, fazendo o repasse para as oficinas.

A nova startup começa a atender um mercado estimado em 410 mil oficinas no país, das quais cerca de 350 mil são independentes, e o restante, autorizadas e credenciadas, segundo estudos feitos pela Tunne. O principal alvo do lado da oferta são as oficinas independentes, mas serão aceitas também autorizadas e credenciadas.

Todas as oficinas credenciadas, segundo Kumruian, passam por visitas de uma equipe especializada em fazer a inspeção e uma espécie de onboarding para os funcionários, para reduzir os riscos de problemas com a execução dos serviços. Na base atual, são em sua maioria oficinas que possuem alguma autorização da indústria.

Para montar o marketplace e atender o cliente com precisão, a Tunne dá a largada com um banco de dados com mais de 30.000 combinações de peças e acessórios, a partir de informações como modelo e motorização do veículo, tudo com uso de inteligência artificial a partir de um parceiro da startup que fica baseado na Califórnia.

A plataforma já nasce também com negócios B2B2C, ou seja, que fazem a conexão de empresas com o consumidor. Ele explica: "O cliente já consegue escolher pneus em uma loja e pedir a execução do serviço em outra."

O empreendedor avalia que, em geral, houve boa aceitação da plataforma por donos de oficinas, uma vez que ela vai complementar uma demanda já existente do mundo "offline".

Além disso, a startup também vai oferecer o serviço de compra de peças e acessórios com fornecedores, assumindo uma tarefa de gestão de contas e estoque que muitas vezes é uma dor de cabeça para o pequeno empresário. E com acesso a melhores preços dada a capacidade de compra em escalas mais amplas.

Integração com a Siri

Na próxima fase, reparos de funilaria -- com cotação por meio do envio de imagens --, troca de baterias e de peças de freio, além de serviços emergenciais como guincho e chaveiro, serão integrados à plataforma.

Segundo ele, a Tunne nasce com atendimento na Grande São Paulo, mas a expansão nacional faz parte dos planos. Ele não confirma, mas dá a entender que a startup pode atender motos e caminhões em fase posterior.

"Temos um roadmap [um planejamento de serviços e produtos] bem ambicioso. Pensamos em serviços financeiros para o B2B e para o B2C e em parcerias com seguradoras e a própria indústria, além de fóruns de donos de carros para tirar dúvidas. Podemos nos transformar em uma grande comunidade reunindo todos os players", conta.

Kumruian conta que o "sonho grande" é que seja possível, no futuro, que o motorista de um carro digitalizado seja alertado pelo computador que é necessário realizar alguma revisão ou reparo e que a Tunne seja utilizada como referência para a comparação de preços e recomendação da prestação do serviço.

A Tunne é a segunda startup lançada por Marcio Kumruian desde que ele se desligou do dia-a-dia da Netshoes há quase um ano. No início de 2021, ele lançou a ZiYou, uma startup de assinatura de equipamentos e conteúdo fitness .

O fundador e ex-CEO da Netshoes, adquirida pelo Magazine Luiza (MGLU3) há dois anos, deixou em agosto de 2020 a companhia em que passou 20 anos e passou a se dedicar às duas startups, que agora estão ambas no mercado.

Acompanhe tudo sobre:CarrosInteligência artificialNetshoesPicapesStartups

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Invest

Mais na Exame