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Esta fintech é aposta de Wizard para próximo unicórnio brasileiro

A Hub Fintech quer dominar um setor cheio de pequenos players e longe dos holofotes: o de soluções e tecnologias para meios de pagamento

Carlos Wizard, Rodrigo Borges e Charles Martins: investidores da família Wizard e fundador da Hub Fintech possuem relação que vai muito além do Social Bank (Alexandre Battibugli/Exame)

Mariana Fonseca

Publicado em 21 de março de 2018 às 06h00.

Última atualização em 21 de março de 2018 às 11h33.

São Paulo – O Brasil ganhou três unicórnios que deram o que falar nos últimos anos – 99, PagSeguro e Nubank. Porém, nosso próximo negócio de um bilhão de dólares talvez surja bem longe dos holofotes.

Não seria a primeira vez no mundo. O exemplo mais notável do sucesso sem muito alarde é a gigante Microsoft: o negócio avaliado em mais de 700 bilhões de dólares alcançou o sucesso sendo a engrenagem de diversas empresas, das pequenas às gigantes.

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Quem aposta na tese é o investidor Carlos Wizard Martins. O criador da rede de idiomas Wizard lidera hoje negócios conhecidos, que passam por setores como beleza, escolas de futebol, idiomas, fast food e produtos naturais.

No portfólio também há um investimento antigo e curioso na startup Hub Prepaid, que hoje se chama Hub Fintech . O negócio, que começou em 2012 como uma empresa de cartões para vale-presentes, já recebeu 150 milhões de reais de Wizard.

A Hub Fintech se transformou em uma provedora de soluções e tecnologias para meios de pagamento, atendendo desde negócios como a gigante Magazine Luiza até o inovador Social Bank (lançado pelo próprio Wizard, diga-se de passagem).

A Hub Fintech possui hoje um valuation de 1,5 bilhão de reais – e acredita que entrará para o grupo dos unicórnios brasileiros em poucos anos.

Dos vale-presentes à fintech

Em 2012, a então Hub Prepaid era focada em vale-presentes. O negócio atuava tanto no B2B, com premiações e gratificações aos funcionários de empresas, quanto no B2C, com um site pelo qual usuários poderiam emitir vale-presentes de Dia dos Namorados e Natal.

O grande diferencial do empreendimento é, ainda hoje, cuidar de toda a cadeia de produção. No caso dos vale-presentes, isso significa desde produzir o plástico até desenvolver o software por trás da realização do pagamento.

Para Alexandre Brito, CEO da Hub Fintech, foi essa independência que atraiu o interesse do empresário Carlos Wizard logo no começo da empresa. “O Carlos diz que gosta de investir em empresas que possam fazer a diferença”, resume o executivo.

“O investimento na Hub Fintech foi o primeiro que fiz na área. Foi uma iniciativa de meu filho Charles e do empreendedor Rodrigo Borges", conta Carlos Wizard por e-mail a EXAME.

Além de Wizard, o empreendimento atraiu o interesse de empresas públicas e startups nascentes, especialmente após obter aprovações para efetuar serviços financeiros junto ao Banco Central, em 2014.

A Caixa Econômica Federal pediu cartões pré-pagos para programas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e para a linha de crédito de materiais de construção ConstruCard.

Enquanto isso, a então tímida 99 tinha um grande custo ao fazer transferências diárias aos seus motoristas, por meio de serviços como DOC e TED. Com a Hub Fintech centralizando o recebimento dos pagamentos e distribuindo-os aos motoristas, a 99 hoje só precisa fazer um DOC, direto para a empresa.

Com tais experiências, a Hub Fintech viu que o mercado B2B apresentava mais oportunidades e deixou de atender os clientes finais. “A gente quer ser um grande coadjuvante para as empresas. Ninguém precisa saber que eu estou ajudando por trás”, diz Brito.

Alexandre Brito, da Hub Fintech (Hub Fintech/Divulgação)

Em linhas gerais, a Hub Fintech se tornou uma empresa que, dominando toda a cadeia de produção, entrega soluções tecnológicas de meios de pagamento a empresas por meio de softwares com padrões já estabelecidos (as conhecidas APIs).

O empreendimento se distanciou de uma empresa apenas de vale-presentes e se transformou em uma fintech – o que incluiu a mudança de nome e uma reorganização recente de áreas. Além das soluções na área de vale-presentes, chamada Hub Benefícios, surgiram áreas como a Paypaxx, focada em contas digitais e gestão de despesas e recebíveis, e a Hub Risk, focada em análise antifraude.

O fundador do negócio, Rodrigo Borges, juntou-se a Wizard no final do ano passado para inaugurar o Social Bank, espécie de “Uber do dinheiro”. Quem desenvolveu toda sua tecnologia de meios de pagamento, logicamente, foi a própria Hub Fintech.

Os clientes da Hub Fintech são tão diversos quanto seus serviços. Ainda que o foco sempre esteja em grandes empresas, os contratantes vão de startups de mobilidade, como 99 e Uber, até varejistas, como Magazine Luiza. Outro tipo de cliente é o de empresas com vocação financeira, como o Mercado Pago (do Mercado Livre).

Algo comum em todos esses negócios é o funcionamento análogo ao marketplace, conectando ofertantes a seus compradores. Os serviços financeiros e de soluções para marketplaces correspondem a 85% do volume transacionado pela Hub Prepaid, com 50 empresas. Enquanto isso, os 15% restantes estão nos benefícios e gratificações, que atendem 4 mil negócios.

Enquanto isso, a Hub Risk é uma área de suporte a essas soluções, conectando-se a mais de 20 bureaus de crédito para fazer análises e garantir a segurança dos meios de pagamento. Esse é um diferencial em relação à concorrência, segundo Brito, que não costuma possuir um sistema antifraude desenvolvido internamente.

A Hub Fintech possui 250 funcionários hoje, sendo que a maioria está na área de atendimento, com 150 membros, e de desenvolvimento, com 60 membros. O negócio atingiu seu ponto de equilíbrio entre receitas (contando aí os investimentos de Wizard) e despesas em dezembro do ano passado.

A expectativa para 2018 é dobrar o volume financeiro visto em 2017, de 6 bilhões de reais. Isso inclui expandir suas operações para outros países da América Latina, como Argentina e México.

Escritório da Hub Fintech: (Hub Fintech/Divulgação)

Sonhos com unicórnios

Segundo Brito, a Hub Fintech recebeu uma proposta de aquisição de participação minoritária, recusada por Carlos Wizard. Nessa negociação, o valuation da empresa foi estimado em 1 bilhão de reais. Segundo Wizard, hoje o negócio já está avaliado em 1,5 bilhão de reais pelo mercado.

Isso significa que quase metade do caminho para ser um unicórnio – startup avaliada em 1 bilhão de dólares – já foi percorrido.

“Eu vim para cá porque acho que é possível [ser um unicórnio]. Acredito que conseguiremos em três anos”, estima o CEO da Hub Fintech. "É uma forte candidata a ser, em breve, mais uma startup unicórnio brasileira. Tenho orgulho de ter apostado nesse projeto inovador”, completa Wizard por e-mail.

Apenas depois desse valuation é que uma oferta pública inicial de ações, ou IPO, na Bolsa de Nova York entrará para os planos do negócio. “A família [Wizard] é muito líquida, com bastante capacidade de investimento, então existe um plano de fazer nosso IPO, mas sem nenhuma pressa. É algo que temos em mente em um plano de cinco anos”, diz Brito.

Enquanto a estreia no mercado de ações não ocorre, a Hub Fintech continua uma empresa longe dos holofotes - mas no meio da ação.

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