Morales, que comanda a operação no país da fintech espanhola Belvo: APIs para facilitar a vida de clientes de outras fintechs (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 14h36.
Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 22h37.
Em meio à euforia dos brasileiros com as facilidades de transferência de recursos trazidas pelo Pix (já são mais de 10 milhões de cadastrados na ferramenta de acordo com o Banco Central), o país começa a atrair startups estrangeiras interessadas em expandir ainda mais por aqui o conceito de open banking — série de tecnologias para trocas de dados sobre clientes de instituições financeiras.
Um exemplo é a espanhola Belvo, que começou a operar no Brasil nesta terça-feira, 13. O negócio da Belvo é ajudar empreendedores de fintechs a interpretar dados sobre as finanças de seus clientes. "E, assim, melhorar a experiência desses clientes em sites e aplicativos das fintechs", diz Albert Morales, que comanda a operação no Brasil.
A ideia da Belvo é fornecer a tecnologia para integrar os sistemas das fintechs com os de outras instituições financeiras e também com os aparelhos dos consumidores finais. No jargão dos programadores, tratam-se de APIs (sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicação).
A tecnologia é importante para o dado do cliente final não se perder no meio do caminho até as plataformas de uma instituição financeira. Além disso, permite a uma fintech enviar um serviço ajustado ao padrão de consumo do consumidor, diz Morales.
Desde sua fundação em maio de 2019, a empresa levantou um total de 13 milhões de dólares de aportes de fundos de venture capital como Founders Fund, Kaszek Ventures (investidores em empresas como Nubank, Creditas, Quinto Andar e Warren), Maya Capital (que possui em seu portfólio startups como Kovi, EmCasa e Gupy), Y Combinator (aceleradora global de mais de 2.000 startups como a Stripe, Brex e Coinbase), Maya Capital e de investidores como David Vélez, fundador do Nubank. A empresa não divulga valores de faturamento.
Os serviços da Belvo estão em fintechs da Espanha, México, Colômbia e, agora, Brasil, onde atualmente a startup participa do programa de aceleração BoostLAB, do banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador de EXAME).
“O Brasil é chave para a estratégia de expansão da Belvo e, graças ao investimento obtido neste ano, contamos com os talentos e recursos tecnológicos para oferecer a melhor solução de open finance para o mercado brasileiro", diz o empreendedor espanhol Pablo Viguera, um dos fundadores da Belvo.
"Ainda que o Banco Central tenha anunciado que apenas em outubro de 2021 a regulamentação do open banking será uma realidade, é possível afirmar que a implementação trará novos desafios e o mercado demanda uma solução agora."
O desafio para negócios como o da Belvo no Brasil é superar o número elevado de desbancarizados — pessoas sem relação com instituições financeiras e, portanto, fora do alcance das fintechs para as quais a Belvo quer trabalhar por aqui.
Nas contas do IBGE, o Brasil tinha 45 milhões de desbancarizados antes da pandemia. Com o auxílio emergencial de 600 reais, e a abertura de contas digitais para autônomos que perderam renda com a crise sanitária, a expectativa é que esse contingente esteja menor agora. Para negócios como a Belvo, quanto menor for esse número, mais oportunidades de negócios por aqui.