Após aporte de R$ 580 mi, Acesso Digital muda nome da marca para Unico
A empresa anuncia a nova marca e identidade visual após ter recebido um aporte milionário em setembro de fundos SoftBank e General Atlantic
Carolina Ingizza
Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 00h30.
Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 00h31.
O sonho dos empreendedores Diego Martins e Paulo Alencastro, fundadores da Acesso Digital, sempre foi criar no Brasil um grande negócio de tecnologia , que pudesse dividir o cenário mundial com gigantes como Google, Facebook e Microsoft.
Com o passar dos anos, conforme a empresa fica mais próxima do objetivo dos sócios, mudanças foram necessárias. Após ter recebido um aporte de 580 milhões de dólares dos fundos SoftBank e General Atlantic em setembro deste ano, a empresa anuncia nesta terça-feira, 1º, que está mudando o nome da sua marca para Unico.
A ideia por trás da mudança é ter um nome curto, sonoro e que possa ser facilmente pronunciado por falantes de língua espanhola e inglesa, o que facilitaria a tão sonhada expansão internacional, de acordo com a Mariana Marchi, diretora de comunicação e branding.
A marca foi escolhida com a participação dos 290 funcionários e faz alusão ao negócio da companhia. A empresa oferece tecnologias de reconhecimento facial, admissão de funcionários à distância e assinatura eletrônica de contratos para mais de 400 empresas, entre elas B2W, Santander e Magazine Luiza. “Nos posicionamos como uma empresa de tecnologia focada em identidade digital. E o novo nome traz isso: cada pessoa é única”, diz Marchi.
Com a mudança da marca, o nome dos produtos também serão alterados. O AcessoBio, de autenticação de identidade, passa a ser unico|check e o AcessoRH, unico|people. O logotipo mantém os tons de azul, roxo e rosa da versão anterior, mas foi redesenhado para ser mais simples. Ao todo, o processo de criação do novo conceito demorou dois meses e foi feito pela própria equipe da startup.
A viagem que mudou os rumos do negócio
Quando foi fundada em 2007, a Acesso Digital oferecia uma forma fácil das empresas digitalizarem seus documentos e acessá-los pela nuvem. A companhia seguiu vendendo o produto para empresas até o começo de 2016, quando os sócios perceberam 80% dos documentos capturados pelos seus clientes eram de pessoas físicas. Analisando o mercado, concluíram que havia um problema sistêmico de burocracia e fraude, o que obrigava as pessoas a apresentar o mesmo documento várias vezes para diferentes companhias ao longo do ano.
Foi nessa época que eles visitaram o país que mudaria os rumos do seu negócio: a Estônia. O pequeno país europeu é considerado há quase duas décadas o lugar mais digital do mundo. Por lá, os cidadãos votam, compram imóveis e acessam prontuários médicos usando uma identidade digital criada pelo governo. Fraude não faz parte do cotidiano dos estonianos.
Inspirados pela Estônia, os fundadores da Acesso Digital decidiram apostar na criação de uma identidade digital usando o rosto como chave de acesso. Eles brincam que seu maior desejo é que as calças do futuro não precisem de bolsos, pois a face iria substituir as chaves, os documentos e o dinheiro. Desde 2016, então, a companhia deixou o arquivo digital em segundo plano para focar em produtos de identificação digital biométrica.
A mudança de nome vem para refletir essa mudança de posicionamento que aconteceu ao longo da trajetória do negócio e para coroar um ano positivo para os negócios. “O ano foi super intenso. Recebemos dois aportes milionários e começamos nosso projeto de aquisições, com a compra da startup Meerkat, de Porto Alegre”, diz Guilherme Cervieri, vice-presidente de gestão da Acesso Digital.
A digitalização forçada pela pandemia deu um impulso para a startup, que começou a navegar por outras áreas, como a identificação de pacientes para a telemedicina. Com isso, em 2020, a companhia deve mais do que dobrar o faturamento de 70 milhões de reais do ano passado, atingindo a marca de 150 milhões de receita. Um feito raro, que justifica o novo nome da empresa.