Diego Martins, da Acesso Digital: faturamento de 150 milhões de reais para 2020, mais que o dobro dos 70 milhões no ano passado (Acesso Digital/Divulgação)
Reuters
Publicado em 21 de setembro de 2020 às 17h41.
Última atualização em 21 de setembro de 2020 às 18h34.
A startup brasileira Acesso Digital anunciou nesta segunda-feira, 21, ter recebido um aporte de 580 milhões de reais liderado pela General Atlantic (Neon, Gympass) e pelo Softbank (Creditas, Loggi). A empresa tem crescido muito com a pandemia do novo coronavírus, que acelerou a demanda por serviços digitais de identificação, como biometria e assinatura eletrônica.
Criada em 2007 pelo empreendedor Diego Martins, a Acesso Digital tem se dedicado a tecnologias de reconhecimento facial, admissão à distância e assinatura eletrônica, serviços com os quais atende grandes bancos, varejistas como B2W, Carrefour Brasil e Magazine Luiza.
O segmento, que já vinha em alta, se acelerou com a pandemia, atraindo investidores internacionais. “Vimos a tendência a longo prazo da digitalização ser ainda mais acelerada no momento atual”, afirmou em nota Martin Escobari, chefe para a América Latina da General Atlantic.
Já o SoftBank, que criou em 2019 um fundo de 5 bilhões de dólares com foco na América Latina, acredita que a Acesso Digital tenha capacidade de escalar suas tecnologias “no ritmo de países concorrentes, como China e Estados Unidos”, segundo afirmou Paulo Passoni, sócio do SoftBank Latin America Fund.
O foco da startup agora é expandir sua atuação para outros segmentos. “O aporte vai nos permitir entrar em mercados como de telemedicina, e-commerce e telecomunicações, além de investir na contratação de engenheiros e em aquisições estratégicas”, disse o fundador e presidente da Acesso Digital, Diego Martins, em entrevista à Reuters.
A Acesso Digital deve mais do que dobrar o faturamento de 70 milhões de reais de 2019, atingindo 150 milhões de receita este ano. Para dar conta desse volume maior de transações, a empresa tem crescido seu time constantemente. Segundo Martins, a companhia tem hoje cerca de 150 vagas em aberto, sobretudo para engenheiros, para reforçar o time atual de 230 funcionários.
Um jeito para a startup continuar crescendo rapidamente seria usar a tática de comprar empresas rivais menores para aumentar seu próprio time de tecnologia, movimento conhecido no mercado de inovação como acqui-hiring.
Não seria a primeira vez que a startup usa a tática. No mês passado, a Acesso Digital comprou a startup gaúcha de análise de imagens Meerkat. O dinheiro para a aquisição veio de um aporte de 40 milhões de reais que a empresa havia recebido em janeiro deste ano da Igah Ventures (ex-e.Bricks Ventures).
A empresa precisa de um time de tecnologia robusto porque planeja desenvolver soluções proprietárias mais complexas, como o uso de reconhecimento facial para concluir pagamentos, solução já em piloto em algumas varejistas, e a biometria de íris, tida como próxima geração da biometria.
Nos próximos anos, a startup planeja seguir fazendo rodadas de investimentos até chegar ao ponto de abrir capital na bolsa. O plano do presidente é fazer o IPO da companhia dentro de cinco a sete anos, enquanto os sócios fundadores ainda tiverem controle da empresa.