Negócios

WTorre vende participação em shopping e teatro para abater dívida

Dívida da empresa chegou a R$ 1,9 bilhão e precipitou a venda de ativos

WTorre: construtora teve o nome citado nas operações Lava Jato e Greenfield (FERNANDO MORAES/Divulgação)

WTorre: construtora teve o nome citado nas operações Lava Jato e Greenfield (FERNANDO MORAES/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de março de 2017 às 09h26.

São Paulo - Em um movimento para reduzir sua pesada dívida, que chegou a R$ 1,9 bilhão, a WTorre levantou nos últimos dias cerca de R$ 230 milhões com a venda do prédio do teatro Santander e da participação majoritária do Shopping Nação Limeira.

A construtora, que teve o nome citado no ano passado nas operações Lava Jato e Greenfield, também está na reta final das renegociações do restante de seus débitos - na maior parte dos casos, com ativos dados em garantia aos bancos credores.

No início de abril, a WTorre deve fechar a parceria com a chinesa CCCC (China Communications Construction Company), que fará um aporte de cerca de R$ 1,7 bilhão no porto intermodal de São Luís (MA).

Após a formalização do acordo, a construtora ficará responsável pelas obras desse porto, afirmou ao Estado Pedro Guizzo, sócio da Ivix, consultoria de reestruturação de empresas em dificuldades financeiras e atual presidente do grupo.

Em seu terceiro processo de reestruturação em um período de dez anos, o grupo de Walter Torre é administrado pela Ivix desde 20 de janeiro.

Desde então, a Ivix traçou um diagnóstico financeiro do grupo e está revendo processos para tirar a construtora, que se diversificou suas atividades nos últimos anos, da crise.

Foco

Guizzo afirmou que sua gestão está concentrada em duas frentes. Uma delas é a renegociação das dívidas. A mais pesada é com o Banco do Brasil, de cerca de R$ 500 milhões, que financiou a construção do estádio Allianz Parque. O restante está nas mãos de outros bancos.

"Com a venda do teatro (para o Santander) e do shopping de Limeira (a um investidor local), conseguimos reduzir a dívida para R$ 1,6 bilhão."

Segundo Guizzo, o grupo vai se concentrar nos segmentos nos quais tem mais experiência. "A empresa é referência em galpões logísticos e está com três projetos fechados para este ano. A Capital Live (da WTorre) continuará a gerir o teatro Santander e o Allianz Parque."

O outro pilar é a gestão, que será mais descentralizada, com menos níveis hierárquicos. Nos últimos meses, o grupo cortou 200 pessoas e tem hoje cerca de 300 trabalhadores diretos. Guizzo acredita que o grupo não corre risco de entrar em recuperação judicial.

Em 2016, a WTorre teve seu nome envolvido em duas operações - a Lava Jato e a Greenfield, o que afetou fechamento de importantes contratos. Em julho, a construtora foi acusada de receber R$ 18 milhões para deixar a licitação para realizar uma obra da Petrobrás, que teria ficado com a OAS. A WTorre nega irregularidades e disse que está à disposição para esclarecimentos.

Na Greenfield, que investiga fraudes nos fundos de pensão, Walter Torre foi convocado para depoimento coercitivo. O caso refere-se ao estaleiro Rio Grande. A empresa disse que construiu o estaleiro em 2005 com recursos próprios, sem verba pública, e vendeu o negócio à Engevix. Depois disso, a Engevix se associou-se à Funcef (fundo de pensão da Caixa).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Dívidas empresariaisWTorre

Mais de Negócios

Jovens de 20 anos pegaram US$ 9 mil dos pais para abrir uma startup — agora ela gera US$ 1 milhão

Qual é o melhor horário para comprar na Black Friday 2024?

Esta startup capta R$ 4 milhões para ajudar o varejo a parar de perder dinheiro

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados