Wal-Mart passou por transformações de gestão e troca de presidente ao longo de 2010 (Germano Luders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2011 às 19h05.
São Paulo - O Walmart anuncia nesta quarta-feira que pretende aplicar no Brasil, a partir de janeiro, o conceito de ‘preço baixo todo dia’ (tradução de seu slogan americano everyday low price). Isso significa que as promoções de início de mês, ou semanais - criadas para gerar fluxo nas lojas e tão comuns no Brasil - deixarão de existir.
No lugar dos 'saldões', a rede tentará reduzir os preços de seus produtos abaixo do que vem sendo praticado pela concorrência, sobretudo o Extra, do Grupo Pão de Açúcar. Nesse jogo, aparentemente, o consumidor irá sair ganhando e o Walmart também. O lado perdedor será o dos fornecedores.
A garantia de preços mais baixos é explicada pela renegociação de contratos com fornecedores. Desde o início do segundo semestre de 2010, o Walmart vem redefinindo preços e, sobretudo, aumentando a chamada ‘verba promocional’ com seus fornecedores. Tal verba é uma espécie de jargão que o mercado brasileiro utiliza para apelidar os descontos que as redes recebem de seus fornecedores na compra de lotes de seus produtos.
Esse aumento de descontos conseguido será possivelmente revertido em redução de preços para os consumidores e não mais constará nos resultados financeiros da empresa. “Em contrapartida, as margens de venda dos produtos serão maiores”, afirma uma fonte ligada ao Walmart.
A estratégia foi aplicada no México em 1999 e garantiu a tranqüila liderança de mercado ao varejista. O México é o maior mercado para o Walmart fora dos Estados Unidos. Por essa razão, o mexicano Francisco Casado, executivo da empresa, foi deslocado para o Brasil em 2010 para comandar as mudanças de gestão que o país deveria sofrer. O ‘preço baixo todo dia’ pode dar início a uma nova etapa da rede no Brasil – talvez mais lucrativa e menos turbulenta para seus executivos.
Além da nova estratégia, o Walmart anuncia nessa quarta-feira o resultado das mudanças de gestão que a empresa vem sofrendo no Brasil - renegociação de contratos com fornecedores, troca de presidente (Hector Nuñes deu lugar a Marcos Samaha) e integração das operações de todas as suas bandeiras.