Volkswagen: empresa abriu uma investigação interna e nomeou um pesquisador independente para verificar as acusações e procurar documentos na sede da empresa e no Brasil (Stephen Lam/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 08h29.
São Paulo - A Volkswagen espera acertar as contas com as acusações de apoio aos órgãos de repressão da ditadura militar na próxima quinta-feira, dia 14.
Pressionada por acionistas, sindicalistas e por entidades de defesa dos direitos humanos, a empresa abriu uma investigação interna e nomeou um pesquisador independente - o historiador Christopher Kopper, da Universidade de Bielefeld, da Alemanha - para verificar as acusações e procurar documentos na sede da empresa e no Brasil.
O relatório foi concluído dois anos depois de o jornal O Estado de S. Paulo revelar que a empresa negociava em sigilo uma reparação judicial em razão de seu apoio à repressão durante a ditadura.
O Ministério Público Federal (MPF), com base nos dados colecionados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), abriu uma investigação sobre o caso, transformada hoje em inquérito civil.
O anúncio do resultado da investigação patrocinada pela empresa deve ser feito pelo historiador, com a presença do CEO da empresa para a América do Sul, Pablo Di Ci.
De acordo com o testemunho de ex-operários da empresa e de policiais envolvidos na repressão, além de documentos encontrados no arquivo do departamento Estadual de Ordem Polícia e Social (Dops), a segurança da empresa entregou os nomes de operários supostamente ligados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1972.
O grupo foi preso na empresa e espancado e torturado pelos policiais. A empresa enviaria relatórios com as fichas de funcionários e a identidade dos suspeitos de participação em movimentos grevistas ou subversão até 1982.
A apresentação do relatório não deve encerrar de vez a disputa envolvendo a montadora e seus ex-funcionários.
"Nós temos receio de que a empresa esteja preocupada somente com sua imagem, divulgando agora o relatório, somente depois da repercussão do caso na Alemanha", afirmou Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
Para o Grupo dos Trabalhadores da Volks, o número de vítima pode passar de uma centena.
Apoiados por todas as centrais sindicais brasileiras, o grupo entregou em setembro de 2015 um documento de 500 páginas para o MPF com as denúncias e reclamavam o que consideram ser o "silêncio" da empresa no inquérito em andamento.
Seis ex-trabalhadores da empresa divulgaram agora uma nota qual dizem acreditar que "o relatório do senhor Kopper deverá se somar ao trabalho do perito contrato pelo MPF." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.