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Vivara divulga hoje preço das ações e pode passar a valer R$ 6 bilhões

Abertura de capital na bolsa deve levantar cerca de 2 bilhões de reais, que a companhia pretende usar para dobrar o número de lojas

Vivara: fundador, Nelson Kaufman, não estava mais à frente da gestão executiva há mais de 10 anos (Vivara/Facebook/Reprodução)

Vivara: fundador, Nelson Kaufman, não estava mais à frente da gestão executiva há mais de 10 anos (Vivara/Facebook/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 06h08.

Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 16h04.

São Paulo — A fabricante e varejista de joias Vivara conta os dias para estrear na bolsa. A empresa tem a precificação de suas ações marcada para esta terça-feira 8. A joalheria propôs valor entre 21,17 reais e 25,40 reais, e a aposta dos analistas é de que o preço fique no patamar máximo. O período de reserva terminou na segunda-feira 7, e a estreia na B3, bolsa de valores paulista, acontece na quinta-feira 10.

Empresa familiar fundada em 1962 pelo avô do atual presidente, Marcio Kaufman, a Vivara é hoje a maior rede de joalherias do Brasil, com cerca de 10% de um mercado altamente pulverizado. Com a venda das ações, a empresa pode passar a valer 6 bilhões de reais, quase seis vezes seu faturamento de 1,1 bilhão de reais em 2018.

O lucro no ano passado foi de 198,4 milhões de reais. Atuando em modelo vertical, a empresa produz as próprias peças na Zona Franca de Manaus, com uma margem bruta de 70% em 2018.

Se mantidas as expectativas otimistas no preço da ação, o IPO pode levantar cerca de 2 bilhões de reais, mais de 60% ficando com a família fundadora — um percentual criticado por investidores. Com o restante do dinheiro, a empresa pretende dobrar os atuais 234 pontos de venda e abrir 50 novas lojas por ano. Para crescer em ritmo forte, abrir lojas físicas será imprescindível, já que as vendas online ainda respondem por apenas 8% do faturamento no primeiro semestre de 2019.

Além das joias, a Vivara vende produtos como perfumes, óculos e relógios. Um dos passos nos últimos anos rumo à modernização da companhia foi a marca Life Vivara, com foco no público jovem e com menos ouro — lançado em 2014, o rótulo já tem 32% da receita, ante 49% da marca Vivara tradicional, voltada ao público mais velho.

O IPO da Vivara será o primeiro de uma série de cerca de 18 ofertas que ainda podem ser feitas bolsa no restante do ano, segundo a consultoria Guide. As ofertas dariam uma injeção de ânimo no mercado brasileiro após quedas bruscas nos últimos dias. Os maiores IPOs devem ser os do banco BMG e da varejista C&A, além da oferta subsequente de ações (follow-on) do Banco do Brasil.

Os analistas estão animados com a Vivara. A procura pelas ações, mesmo consideradas “caras” por estarem com preço batendo no teto, foi cinco vezes maior do que a oferta, segundo informou um analista a EXAME. Estimativas apontam que a ação ainda pode valorizar outros 20% nos próximos meses.

Parte do otimismo com as joias vem da confiança em uma retomada econômica. Como a Vivara tem produtos que vão de 150 reais a 100.000 reais, consegue atender, além da elite, público das classes B e C.

Assim, a empresa deve conseguir aproveitar uma eventual volta do consumo da classe média, principal responsável por fazer o mercado de luxo ter alta de mais de 20% no Brasil até 2023, segundo a consultoria Euromonitor. Já as famílias de alta renda são menos atingidas por crises, de modo que a joalheria conseguiu ter um tombo menor nos anos de baixa no Brasil. Dos endinheirados à classe média, a Vivara mira o melhor dos dois mundos. Falta a economia ajudar.

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