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Vietnã e Coreia buscam pilotos brasileiros

A procura acontece após o anúncio de demissão em massa na TAM

Avião da TAM: a empresa abriu um Programa de Demissão Voluntária para cortar 811 pilotos e comissários (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2013 às 09h01.

São Paulo - Após o anúncio de demissão em massa na TAM, empresas aéreas de outros países estão se voltando para o Brasil para preencher suas vagas em aberto. Nos últimos dois dias, uma agência de empregos irlandesa, especializada em contratações para a aviação, reuniu cerca de 80 comandantes e copilotos de várias companhias que se mostraram abertos a avaliar propostas de lugares tão longínquos quanto o Vietnã.

"“Viemos porque ficamos sabendo das demissões na TAM. Como a reputação do piloto brasileiro é boa, achamos oportuno apresentar as vagas que temos lá fora"”, disse Garrett McGuckian, presidente da Direct Personnel. Ele falou aos brasileiros sobre vagas na Korean Air, Vietnam Airlines, Jetstar Japan, Jet Airways e Ethiopian.

No encontro de terça-feira, 13, pela manhã, havia 30 pilotos e copilotos da TAM, da Gol, da Avianca e da Passaredo. Apesar de a maioria estar empregada, parte está em busca de novas oportunidades ou sabe que será demitida. A TAM abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para cortar 811 pilotos e comissários. A medida reflete os sucessivos prejuízos da empresa, que acumulou perda de R$ 1,2 bilhão no ano passado e tem reduzido a oferta de voos.

Um copiloto da TAM, que não quis se identificar, disse estar considerando plenamente a ideia de trabalhar na Coreia do Sul ou no Vietnã. “Eles são bem rigorosos (na Coreia), mas existe a oportunidade de voar aeronaves maiores. Fora que piloto não pode ficar parado.” Ele vai se casar neste ano, mas diz que a esposa estará disposta a mudar do Brasil caso seja necessário.

É do interesse de empresas asiáticas a presença de pilotos do Brasil entre os funcionários. Uma característica que atrai, segundo McGuckian, é a versatilidade do brasileiro, que tem fama de se adaptar facilmente a novos ambientes.


Outro motivador é a escassez de mão de obra. “O Vietnã reconhece que (seu setor aéreo) vai crescer mais do que sua capacidade de formar pilotos”, disse o presidente da Direct Personnel. Há ainda o plano de montar equipes mais heterogêneas nas aéreas, com funcionários de outras partes do mundo. A Qatar Airways também enviou representantes a São Paulo, há uma semana, para sondar os brasileiros, segundo os pilotos.

Apesar de toda essa atenção, o clima entre os pilotos locais é de frustração. Outro copiloto da TAM disse já poder “ensinar como ser demitido”. Ele foi dispensado pela Gol em 2012 e acredita que o mesmo ocorrerá agora. “O mercado está perigosamente hostil”, disse um piloto presente ao evento da Direct Personnel. “Ao menor indício de que possa ser mandado embora, já estarei preparado.”

Desafios

As empresas aéreas brasileiras têm enfrentado dificuldades. Apesar do corte de custos realizado - com a redução da oferta de voos e mudanças operacionais -, a alta do dólar atinge em cheio os resultados.

Enquanto isso, em boa parte da Ásia o setor está aquecido. Apenas a Lion Air, da Indonésia, encomendou 234 aeronaves à Airbus, por US$ 24 bilhões. A Vietnam Airlines procura no momento 120 pilotos. E a estimativa é de que a China precise de 5 mil aviões comerciais para atender a demanda até 2030.

Os salários oferecidos pelos asiáticos aos brasileiros são, em geral, mais altos que os pagos pelas empresas nacionais. O valor, para voos domésticos, varia entre US$ 9,8 mil e US$ 12,9 mil para comandantes e US$ 7,1 mil a US$ 8,4 mil para copilotos, dependendo da companhia. No Brasil, segundo estimativas de mercado, a média é de R$ 10 mil e R$ 7 mil, respectivamente.

Candidatar-se a vaga no exterior, porém, exige grande esforço, a começar pela exigência de uma carta de verificação de licença, que tem de ser pedida à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Quem está tentando diz que a espera pelo documento pode durar mais de cem dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Após o anúncio de demissão em massa na TAM, empresas aéreas de outros países estão se voltando para o Brasil para preencher suas vagas em aberto. Nos últimos dois dias, uma agência de empregos irlandesa, especializada em contratações para a aviação, reuniu cerca de 80 comandantes e copilotos de várias companhias que se mostraram abertos a avaliar propostas de lugares tão longínquos quanto o Vietnã.

"“Viemos porque ficamos sabendo das demissões na TAM. Como a reputação do piloto brasileiro é boa, achamos oportuno apresentar as vagas que temos lá fora"”, disse Garrett McGuckian, presidente da Direct Personnel. Ele falou aos brasileiros sobre vagas na Korean Air, Vietnam Airlines, Jetstar Japan, Jet Airways e Ethiopian.

No encontro de terça-feira, 13, pela manhã, havia 30 pilotos e copilotos da TAM, da Gol, da Avianca e da Passaredo. Apesar de a maioria estar empregada, parte está em busca de novas oportunidades ou sabe que será demitida. A TAM abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para cortar 811 pilotos e comissários. A medida reflete os sucessivos prejuízos da empresa, que acumulou perda de R$ 1,2 bilhão no ano passado e tem reduzido a oferta de voos.

Um copiloto da TAM, que não quis se identificar, disse estar considerando plenamente a ideia de trabalhar na Coreia do Sul ou no Vietnã. “Eles são bem rigorosos (na Coreia), mas existe a oportunidade de voar aeronaves maiores. Fora que piloto não pode ficar parado.” Ele vai se casar neste ano, mas diz que a esposa estará disposta a mudar do Brasil caso seja necessário.

É do interesse de empresas asiáticas a presença de pilotos do Brasil entre os funcionários. Uma característica que atrai, segundo McGuckian, é a versatilidade do brasileiro, que tem fama de se adaptar facilmente a novos ambientes.


Outro motivador é a escassez de mão de obra. “O Vietnã reconhece que (seu setor aéreo) vai crescer mais do que sua capacidade de formar pilotos”, disse o presidente da Direct Personnel. Há ainda o plano de montar equipes mais heterogêneas nas aéreas, com funcionários de outras partes do mundo. A Qatar Airways também enviou representantes a São Paulo, há uma semana, para sondar os brasileiros, segundo os pilotos.

Apesar de toda essa atenção, o clima entre os pilotos locais é de frustração. Outro copiloto da TAM disse já poder “ensinar como ser demitido”. Ele foi dispensado pela Gol em 2012 e acredita que o mesmo ocorrerá agora. “O mercado está perigosamente hostil”, disse um piloto presente ao evento da Direct Personnel. “Ao menor indício de que possa ser mandado embora, já estarei preparado.”

Desafios

As empresas aéreas brasileiras têm enfrentado dificuldades. Apesar do corte de custos realizado - com a redução da oferta de voos e mudanças operacionais -, a alta do dólar atinge em cheio os resultados.

Enquanto isso, em boa parte da Ásia o setor está aquecido. Apenas a Lion Air, da Indonésia, encomendou 234 aeronaves à Airbus, por US$ 24 bilhões. A Vietnam Airlines procura no momento 120 pilotos. E a estimativa é de que a China precise de 5 mil aviões comerciais para atender a demanda até 2030.

Os salários oferecidos pelos asiáticos aos brasileiros são, em geral, mais altos que os pagos pelas empresas nacionais. O valor, para voos domésticos, varia entre US$ 9,8 mil e US$ 12,9 mil para comandantes e US$ 7,1 mil a US$ 8,4 mil para copilotos, dependendo da companhia. No Brasil, segundo estimativas de mercado, a média é de R$ 10 mil e R$ 7 mil, respectivamente.

Candidatar-se a vaga no exterior, porém, exige grande esforço, a começar pela exigência de uma carta de verificação de licença, que tem de ser pedida à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Quem está tentando diz que a espera pelo documento pode durar mais de cem dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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