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Venda do controle da XP não foi colocada na mesa, diz fundador

Os sócios da XP têm o direito de vender o controle da companhia a partir de 2024, mas o fundador da corretora reforça a não obrigatoriedade da cláusula

Itaú: segundo Benchimol, a proposta de venda do controle da companhia nunca foi colocada na mesa e sua intenção no longo prazo é continuar tocando a corretora (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)

Itaú: segundo Benchimol, a proposta de venda do controle da companhia nunca foi colocada na mesa e sua intenção no longo prazo é continuar tocando a corretora (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de maio de 2017 às 16h32.

São Paulo - A compra de 49,9% da XP Investimentos pelo Itaú Unibanco, em um negócio de R$ 6,3 bilhões fechado na última quinta-feira, 11, começou a ser aventada há três meses, após um almoço de Guilherme Benchimol, fundador da corretora, com executivos do banco.

"Era só um bate-papo em que comentamos o processo de abertura de capital. Mas a conversa (que também teve a presença de Martin Escobari, diretor executivo no Brasil do fundo General Atlantic, dono de 42,9% da XP) foi boa e, a partir dela, tive um encontro com Roberto Setubal para contar um pouco mais sobre nosso projeto", explica Benchimol.

O encontro com o copresidente do conselho do Itaú foi há cerca de dois meses e meio.

"Houve uma super empatia, teve uma química legal", define Benchimol, que conhecia Setubal, mas não era próximo.

A partir daí, seguiram-se uma série de encontros com a cúpula do banco, que reuniu também Pedro Moreira Salles (copresidente do conselho do Itaú) e Candido Bracher, presidente do Itaú.

Pouco a pouco, a operação começou a ser desenhada, e ganhou tração nos últimos 45 dias.

"O foco era o IPO (abertura de capital), mas, há um mês e meio, a gente já estava convicto de que queria a operação (com o Itaú). Como não tínhamos a certeza de que ela ia sair, levamos o processo de IPO em paralelo porque era a única coisa que tínhamos na mão se tudo desse errado."

Segundo Benchimol, a proposta de venda do controle da companhia nunca foi colocada na mesa e sua intenção no longo prazo é continuar tocando a corretora.

Conforme o contrato fechado, os sócios da XP têm o direito de vender o controle da companhia a partir de 2024, mas Benchimol reforça que essa cláusula é direito, não obrigação.

"A gente terá o direito de vender, mas você concorda que já tenho esse direito hoje? Não é porque tenho o direito de vender que vou vender."

Para o fundador da XP, é remota a chance de haver problemas na aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

"A gente cresceu muito, mas ainda somos muito pequenos comparados com o Itaú."

Sobre os R$ 600 milhões que irão para o caixa da empresa, o fundador da XP diz que serão usados no pagamento da compra da Rico (rival adquirida pela corretora em dezembro do ano passado) e para dar início ao projeto da companhia de se tornar um banco.

A corretora aguarda uma licença do Banco Central para poder conceder empréstimos para pessoas físicas e investidores institucionais utilizando investimentos de clientes como garantia.

Oportunidade

É no fato de só 5% da população brasileira ter investimentos fora dos bancos, contra 90% no mercado americano, que Benchimol continua enxergando a grande oportunidade da corretora que criou há 16 anos em Porto Alegre.

Nessa nova etapa, o empresário que se criou com o discurso de desbancarização tem em um dos maiores banqueiros do País sua fonte de inspiração.

"Temos um potencial danado. E eu só tenho 40 anos. O Roberto (Setubal) se aposentou como CEO do banco com 62 anos. Eu tenho, no mínimo, 22 anos pra tocar o negócio e fazer as coisas acontecerem. Não poderia ter sócios melhores do que todos os que tenho aqui dentro hoje."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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