O leillão de venda da Varig foi cancelado nesta sexta-feira pela Justiça do Rio de Janeiro. A NV Participações, consórcio formado pelos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e por investidores estrangeiros que havia ofertado 1,01 bilhão de reais pela companhia aérea, não depositou o sinal de 75 milhões de dólares no prazo determinado pela Justiça. O prazo foi encerrado às 11h desta sexta-feira, mas o juiz Luiz Roberto Ayoub, que cuida do caso, ainda esperou pelo pagamento até o final da tarde, sem resultado. Os compradores também não conseguiram oferecer garantias de que conseguiriam pagar o valor total ofertado.

Caso outro comprador não apresente proposta, a companhia aérea corre o risco de falência. Outra alternativa seria a convocação de assembléia de credores para avaliar novas propostas. O juiz deverá tomar uma decisão na segunda-feira. Nesta sexta-feira, o processo foi encaminhado para análise do Ministério Público e da administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte.

Resta agora uma única proposta de compra da Varig, que teria de ser oficializada em novo leilão: a oferta de 500 milhões de dólares feita pela VarigLog na terça-feira. Essa proposta esbarra em uma dificuldade, no entanto. A Volo, empresa formada pelo fundo americano Matlin Patterson, ainda não obteve autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para concluir a compra da VarigLog. A legislação determina que companhias aéreas brasileiras não podem ter mais de 20% de seu capital em mãos estrangeiras.

O depósito dos 75 milhões de dólares que estava previsto para esta sexta-feira ajudaria a convencer a Justiça americana a prorrogar uma liminar que protege a Varig contra o arresto de aeronaves. Essa decisão foi estendida até 21 de julho, mas condicionada ao pagamento esperado para esta sexta-feira. Empresas de leasing pedem o arresto de 25 aviões da Varig. Outra ameaça é a falta de combustível. A BR Distribuidora só garante o fornecimento até segunda-feira.

A Varig tem cancelado mais de 100 vôos por dia e suspendeu 50% de suas rotas internacionais e 30% das nacionais. Nesta sexta-feira, o Ministério da Defesa determinou que aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) sejam utilizados para trazer passageiros da companhia que estão no exterior e não consigam o endosso de suas passagens aéreas.