Carro flex? Veja por que é mais vantajoso abastecer com etanol
Biocombustível reduz em até 90% as emissões de poluentes, é mais barato que a gasolina e é considerado estratégico para o futuro da economia brasileira
EXAME Solutions
Publicado em 11 de abril de 2024 às 10h00.
Sabia que 2023 foi o ano mais quente da história? Essa foi a conclusão de estudos da União Europeia. E não é novidade que os gases de efeito estufa são os principais vilões da história – e que os meios de transporte correspondem a 25% dessas emissões. Mas ajudar o meio ambiente é mais fácil (e mais barato) do que parece: basta abastecer com etanol.
Tido como o combustível mais limpo do mundo, o etanol pode reduzir as emissões de gás carbônico de ponta a ponta (da produção até o uso nos veículos) em até 90% em relação à gasolina e, por ser feito de cana-de-açúcar ou de milho, é renovável, diferentemente do diesel e da gasolina.
SEGREDO PARA REDUZIR EMISSÕES DE CO2(SEM GASTAR)
“O etanol é um instrumento importante para descarbonização, especialmente nos países em região tropical, e o Brasil se destaca neste sentido porque já temos experiência de longa data: começamos a misturar gasolina com etanol em 1931 e, entre os anos 1970 e 1980, vieram os carros movidos a etanol”, explica Luciano Rodrigues, diretor da Unica, organização que reúne a indústria de cana-de-açúcar e etanol combustível no país.
Escolher o etanol é uma decisão ainda mais simples aqui, onde, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 85% dos veículos leves licenciados em 2024 têm motores flex – uma tecnologia criada no Brasil e que permite utilizar gasolina ou etanol em qualquer proporção sem nenhum risco.
“Essa é uma das melhores maneiras para descarbonização de mobilidade, porque não é necessário nenhum investimento de infraestrutura e custo de aquisição, como acontece com carros elétricos, e as emissões caem 90% do dia para a noite”, diz o executivo.
É SEGURO ABASTECER O CARRO COM ETANOL?
Desde 2003, quando o primeiro veículo flex foi lançado no país, 660 milhões de toneladas de CO2deixaram de ser emitidas na atmosfera. Para ter ideia do que isso significa, seria como plantar 5 bilhões de árvores e manter todas de pé por duas décadas.
Existem mitos em relação aos efeitos do etanol no motor, mas a verdade é que o combustível é mais barato e ajuda a manter o motor com características de novo por mais tempo, graças à queima mais limpa e livre dos acúmulos de sujeiras. E não há problema abastecer no inverno, viu? Todos os motores flex têm sistemas para partida no frio.
“A produção de etanol usa apenas 1% da área total de plantio no país e, com isso, já seria possível substituir cerca de 50% da gasolina utilizada em veículos leves. Além disso, desde 2018, a indústria do etanol assumiu um compromisso de desmatamento zero, já adotado por mais de 90% dos produtores, com áreas monitoradas via satélite, auditoria e dados públicos na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)”, explica Rodrigues.
Como resultado, todas as unidades industriais que produzem etanol e estão inscritas na Política Nacional dos Biocombustíveis (RenovaBio) têm de publicar um inventário de carbono para mensurar a descarbonização da produção de ponta a ponta – considerando, inclusive, processo de transporte a diesel e adubagem.
Para um futuro próximo, estão previstas unidades capazes de consumir mais carbono do que produz, graças a técnicas de aproveitamento de subprodutos da cana-de-açúcar para produzir biogás e biometano, além de captar gás carbônico do meio ambiente.
O FUTURO DO ETANOL NO BRASIL E NO MUNDO
Com benefícios para o bolso do motorista, para o meio ambiente e para a economia do Brasil (gerando empregos e movimentando a indústria), o etanol foi favorecido pelo programa Mover, que tem como meta reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030: veículos híbridos flex e movidos a etanol terão direito a um incentivo fiscal.
Mas o futuro para esse combustível vai além, já que o etanol tem potencial para reduzir as emissões de CO2em segmentos igualmente relevantes, como aviação e marítimo.
“Muitos países têm visto a energia como uma questão estratégica, e o Brasil tem condições para se posicionar como protagonista nesse cenário. É aqui o maior centro de variedades de cana-de-açúcar do mundo, e a previsão é dobrar a produtividade atual em dez anos. Também estamos investindo em pleno processo de digitalização dos plantios”, afirma Rodrigues. Ele também destaca o desenvolvimento de tecnologias para a bioeletrificação de veículos, por exemplo, a célula a combustível, que usa etanol para gerar eletricidade.