Negócios

Vale vê risco de desabastecimento após paralisação de mina por covid-19

A mineradora informou que pode faltar pelota, um preparado de minério de ferro, no mercado doméstico; contratos futuros dispararam na China para US$ 112

Vale vê risco de falta de pelotas, um subproduto de minério de ferro, no país (Agência Vale/Divulgação)

Vale vê risco de falta de pelotas, um subproduto de minério de ferro, no país (Agência Vale/Divulgação)

JE

Juliana Estigarribia

Publicado em 8 de junho de 2020 às 11h07.

Última atualização em 8 de junho de 2020 às 11h23.

A Vale informou que vê risco de desabastecimento de pelotas (minério de ferro preparado usado em altos-fornos de siderúrgicas) no mercado interno, após a paralisação do complexo da mina de Itabira, Minas Gerais. Diante do aumento de casos de covid-19 no local, a mineradora interrompeu a produção por ordem da Justiça.

"A Vale informa que poderá haver desabastecimento temporário de pelotas para o mercado interno, enquanto permanecer a paralisação de Itabira, tendo em vista que o complexo fornece para as pelotizadoras do complexo de Tubarão", disse a companhia, em comunicado ao mercado.

A mineradora destacou que o guidance de produção de minério de ferro, de 310 milhões a 330 milhões de toneladas em 2020, considera um efeito negativo de 15 milhões de toneladas por "eventuais impactos decorrentes do combate à covid-19".

A produção mensal esperada para o complexo de Itabira é de 2,7 milhões de toneladas para os próximos meses, mas segundo a companhia, não há, por ora, necessidade de revisão deste guidance. A Vale é a maior produtora de pelotas do Brasil, com cerca de 90% de market share, segundo estimativas do mercado.

Nos últimos meses, diante da busca por aumento de produtividade no setor ao redor do mundo, a pelota é o tipo de produto que vinha obtendo bons prêmios em cima do preço de negociação.

Agora, com a crise econômica generalizada, principalmente no setor siderúrgico, a expectativa é que o consumo de pelotas apresente queda, segundo analistas ouvidos pela EXAME. Embora mais eficiente, a pelota tem um alto custo, o que gera embates entre as áreas de produção e de custos.

No entanto, a paralisação do complexo de Itabira provocou preocupações no mercado. Nesta segunda-feira, 08, com a notícia da parada, os contratos futuros do minério de ferro na China dispararam para cerca de 112 dólares a tonelada, maior ganho intradiário desde julho de 2019.

Testagem em massa

Em atendimento a uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, a paralisação em Itabira irá vigorar até o julgamento do mérito da ação ou até que sejam implementadas as medidas de controle para proteção da covid-19, sob pena de aplicação de multa diária no valor de 500.000 reais.

A mineradora informou que vem promovendo a testagem em massa de seus funcionários no Brasil. Até a última sexta-feira, 05, foram testados mais de 75% dos empregados (próprios e terceirizados) no país. "Em Itabira, foi testada a quase totalidade da força de trabalho em regime presencial", disse a Vale em nota.

A mineradora acrescenta que, além dos testes em massa, desde o início da pandemia a Vale adotou medidas voltadas para a segurança de seus funcionários, como home office, afastamento de trabalhadores em grupos de risco, redução de efetivo nas operações e escalonamento de turnos, entre outros.

 

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusMineraçãoVale

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia