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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
O minério de ferro fornecido pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) vai custar 71,5% mais caro a partir de abril. O reajuste recorde foi negociado com a siderúrgica japonesa Nippon Steel Corporation, mas pode servir de referência para outros contratos, inclusive com siderúrgicas brasileiras. Os economistas do Credit Suisse First Boston (CSFB) calcularam que o novo preço da commodity pode elevar as exportações em 2,5 bilhões de dólares em 2005, sem considerar alterações de quantidade.
Em nota, a CVRD, maior produtora mundial de minério de ferro, justifica o aumento pelos "desequilíbrios sem precedentes nos mercados de metais e fretes marítimos, que conduziram a substanciais elevações de preços desses produtos e serviços durante os dois últimos anos".
O impacto da medida na balança comercial brasileira, dizem os economistas do CSFB, é estimado em 1,85 bilhão de dólares em 2005, ante uma previsão inicial de 26 bilhões. Em 2004, o Brasil exportou 4,8 bilhões de dólares de minério de ferro e seus concentrados. Com todas as demais variáveis constantes, a maior receita de exportações gera um crescimento adicional do Produto Interno Bruto de cerca de 0,3 ponto percentual. Para o banco, o benefício em melhora de receita das exportações com o reajuste anunciado nesta terça-feira (22/2) supera o custo.
O custo é a pressão de alta inflacionária no Brasil. A consultoria Tendências estima que o impacto direto pode chegar a 0,16 ponto percentual no caso dos preços ao atacado (IPA) e de 0,10 ponto percentual sobre o Índice Geral de Preços. Considerando-se o efeito indireto dos reajustes do aço, para cada 10% de aumento de aço, o impacto é de 0,95 ponto percentual no IPA e de 0,57 ponto percentual no IGP. No caso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o CSFB calcula que o reajuste pode representar um aumento da inflação de cerca de 0,2 ponto percentual, dificultando o cumprimento da meta em 2005 (5,1%).