Vale anuncia criação de nova empresa com Mitsui e Kobe Steel
Batizada de Newven, a companhia irá fornecer soluções metálicas e siderúrgicas para reduzir a pegada de carbono
Juliana Estigarribia
Publicado em 13 de julho de 2020 às 11h45.
A Vale informou nesta segunda-feira, 13, sobre acordo não vinculativo para a criação de uma nova empresa com o conglomerado japonês Mitsui e a Kobe Steel. Batizada de Newven, a companhia irá fornecer soluções metálicas e siderúrgicas de baixo GEE, termo para gases de efeito estufa, para a indústria siderúrgica.
Em comunicado ao mercado, a mineradora brasileira informou que o acordo estabelece os termos e condições preliminares para a criação da empresa, que tem como objetivo "fornecer metálicos de baixo CO2 ao mercado global".
A Mitsui já tem outras parcerias com a Vale e é uma importante acionista da mineradora. A Kobe Steel é uma empresa global no setor de siderurgia.
"Um período de avaliação já foi iniciado para aprofundar a colaboração e estimar a demanda do mercado pelas várias soluções existentes e novas para a produção de aço antes de um acordo final para a criação da Newven."
Ainda de acordo com a Vale, a nova empresa "está comprometida em contribuir com seus clientes siderúrgicos no desafio de reduzir a pegada de carbono".
A estratégia tem dois pilares importantes. Um deles é o aumento da demanda por parte da China, maior consumidor de minério de ferro do mundo, por produtos mais eficientes, que reduzam as emissões de carbono.
Nos últimos anos, o país asiático vem tentando diminuir os altíssimos níveis de poluição com o fechamento de capacidades de produção de aço ultrapassadas e de alto custo.
Neste cenário, a Vale vem se beneficiando com o aumento da demanda chinesa pelos seus produtos, especialmente o minério de Carajás, que possui teor de ferro contido mais elevado e de melhor qualidade, o que contribui para reduzir as emissões por parte das siderúrgicas.
Segundo analistas, a mineradora brasileira têm obtido inclusive prêmios sobre o preço negociado por cada tonelada de sua mistura de minério de ferro especial, chamada "Brazilian Blend".
A Vale tem ainda um planejamento de longo prazo para se tornar uma empresa mais alinhada com as melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) - uma cobrança que vem aumentando por parte dos investidores, principalmente no mercado internacional. Após o desastre de Brumadinho, em 25 de janeiro do ano passado, as exigências tornaram-se ainda maiores.
No início do ano, a mineradora criou novas metas de sustentabilidade e governança para balizar a remuneração de seus executivos, em um movimento para reconquistar a confiança dos investidores.
"Nossas metas declaradas de emissões para 2030 demonstram o compromisso da Vale com o Acordo de Paris, alinhado ao nosso pilar estratégico e o objetivo de melhorar nosso valor para a sociedade", disse a companhia no comunicado.