Exame Logo

Vale a pena investir em startups em 2025? Saiba onde está o verdadeiro potencial

Inteligência artificial e fintechs continuam sendo os destaques do ano mesmo sob condições macroeconômicas adversas

Investir em 2025: veja os principais temas que devem englobar o setor de startups (Getty Images)
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 07h00.

O ano de 2025 começa com o Brasil em um cenário desafiador: juros altos, um mercado financeiro pressionado e muita imprevisibilidade fiscal.

A volatilidade econômica continua dificultando o acesso a capital para quem empreende ou investe.A taxa Selic a 12,25% ao ano freou o apetite ao risco de investidores institucionais e anjos.

Veja também

Ao mesmo tempo, os desafios para atrair capital estrangeiro foram amplificados pela desvalorização cambial e pelo mau-humor do mercado internacional em relação ao país.Dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) mostram que 84,3% dasstartups brasileirasnão receberam investimento em 2024.

Apesar disso, o Brasil mantém elementos únicos que podem beneficiar setores estratégicos. A digitalização em massa, liderada por iniciativas como o Pix e o fortalecimento de fintechs, demonstrou a capacidade do país de inovar mesmo sob condições macroeconômicas adversas.

A EXAME conversou com investidores de startups e trouxe os temas que devem impactar o setor em 2025:


IA molda o cenário

Como já é de se esperar, a inteligência artificial (IA) continua sendo a força mais transformadora no mercado de startups.

Seja em saúde, educação ou mesmo no varejo, incorporar IA deixou de ser um diferencial e se tornou obrigação para as empresas que buscam investimento em 2025. Andiara Petterle, investidora-anjo e conselheira de grandes empresas, é categórica: “É impossível investir em uma startup que diga que não precisa de IA. Isso já morreu.”

Com a maior acessibilidade a tecnologias como chatbots, agentes virtuais e automações em massa, startups menores conseguem competir em áreas onde antes eram deixadas para trás. Contudo, essa democratização também aumenta a pressão sobre as empresas para entregar resultados mais rápidos e inovadores.

O ponto de atenção está na baixa barreira de entrada. Ferramentas de IA estão disponíveis para todos, e as empresas que não conseguirem se diferenciar terão dificuldade de se destacar em um mercado mais saturado e competitivo.


Impacto do Banco Central

Se há um setor que continua atraindo o interesse dos investidores, mesmo em meio à crise, é o de fintechs . Iniciativas como o Drex, a moeda digital brasileira que deve ser lançada oficialmente pelo Banco Central, prometem transformar ainda mais o ambiente de pagamentos e transações financeiras no Brasil.

“Em termos globais, o Brasil é um dos mercados mais avançados em infraestrutura bancária”, diz Marcelo Ciampolini, executivo da Antler Investimentos. Isso dá às fintechs locais uma vantagem competitiva, mas também as força a operar sob intenso escrutínio regulatório, especialmente com a ascensão das criptomoedas e dos stablecoins.

No segmento de crédito, a alta dos juros tem dificultado o acesso de pequenas e médias empresas a financiamentos tradicionais, abrindo espaço para soluções inovadoras de fintechs. Startups que oferecem crédito alternativo por meio de análise de dados e inteligência artificial, como antecipação de recebíveis ou empréstimos baseados em histórico digital, têm se destacado em preencher essa lacuna.

Shark Tank: eles abriram um negócio com apenas US$ 200 – e deve render US$ 300 mil este ano

América Latina ou Estados Unidos?

A expansão internacional é um desejo de muitas startups brasileiras, mas, segundo especialistas, a América Latina não é o terreno mais fértil para isso. Barreiras regulatórias, instabilidade política e economias menores tornam a região – que muitas vezes é vista como o “próximo passo” depois da expansão no Brasil – desafiadora.

Os Estados Unidos, por outro lado, continua atraindo empreendedores que buscam escala global. “Quando você compara com os Estados Unidos, o Brasil já está mais avançado [em fintechs], mas lá as operações ganham mais segurança e estabilidade, o que atrai investidores em busca de projetos sólidos,” afirma o executivo​.

Mas a volta de Donald Trump à presidência traz um clima de incerteza. Embora o governo sinalize um forte apoio à inovação tecnológica, como o fortalecimento do Vale do Silício, políticas mais protecionistas podem dificultar a entrada de empresas estrangeiras no mercado americano.

Os novos amigos do presidente: as razões que uniram as big techs a Trump

Em busca de saúde financeira

A alta dos juros no Brasil colocou ainda mais pressão nos investidores, especialmente nos individuais, que passaram a optar por opções seguras de renda fixa em 2024. Com isso, os fundos de venture capital ficaram mais seletivos, exigindo startups comestratégias claras de monetizaçãoe modelos de negócios escaláveis.

Para Bruno Teixeira, sócio da Raio Capital, o cenário é desafiador, mas cheio de oportunidades para quem está preparado. “Não existe estabilidade, as regras são revistas ou rasgadas, mas, quando você entende que é assim que funciona [no Brasil], também percebe que é possível fazer ótimos negócios”.

Startups bem estruturadas têm a chance de atrair investidores estrangeiros, especialmente com o câmbio favorável e valuations em queda. Contudo, para as empresas dependentes de rodadas de captação para sobreviver, o cenário continuará difícil, demandando foco em eficiência operacional e criatividade na busca por financiamento.

Os 5 prédios com m² mais caro da Faria Lima

Acompanhe tudo sobre:Startups

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame