Atlanta - A United Parcel Services está contratando uma força de trabalho para a temporada do final do ano maior à da Macy’s.

Seus recrutas recebem um curso rápido de levantamento de cargas pesadas, as vantagens de usar dois pares de meias e, em caso de emergência, como defender-se de cachorros que rosnam com computadores portáteis.

A maior empresa de entrega de pacotes do mundo está se apressando em contratar até 95.000 pessoas para a semana que vem para lidar com um recorde projetado de entregas.

A UPS está determinada a se desempenhar melhor do que no ano passado, quando um clima hostil e um crescimento vertiginoso nas compras on-line feitas a última hora fizeram com que mais do que alguns pacotes fossem entregues depois do Natal.

Alguns desses funcionários, que estão sendo recrutados on-line desde iPhones ou em visitas a faculdades de Boston até Seattle, acabarão organizando pacotes em prédios temporários.

Alguns entregarão caixas em torres de escritórios de Los Angeles e 207 serão enviados a dirigir os tradicionais caminhões Pullman marrons – com roupas da mesma cor – driblando táxis e mensageiros de bicicleta em Nova York.

“Há esses mensageiros kamikaze loucos”, disse Tony Hussienroshdy, treinador em segurança da UPS que parece um pouco com o herói de filmes de ação Dwayne “Rock” Johnson e possui bíceps à altura da semelhança, enquanto assessorava um grupo de recém-contratados sobre os perigos da entrega de pacotes.

A agitação era palpável em uma sessão de treinamento neste mês em Nova York.

Enquanto alguns candidatos entravam em busca de vagas, novos funcionários aprendiam a evitar lesões nas costas ao carregar pacotes de até 32 quilos e recebiam dicas sobre como se orientar nas ruas lotadas de Manhattan, bem como o cuidado da aparência pessoal.

Estratégia sazonal

A UPS espera entregar 585 milhões de pacotes em dezembro, o equivalente a 1,9 pacote por cada habitante dos EUA. Tamanho volume colocará à prova seu plano.

A empresa chegou ao pico de 31 milhões de pacotes entregues em um dia só na última temporada do final do ano; neste ano, ela espera ultrapassar essa cifra em seis dias.

A companhia começou a formular sua estratégia para 2014 pouco depois do último Natal, procurando formas de lidar com o maior volume de forma mais eficiente e confiável.

Uma parte do plano é que a UPS monte unidades modulares, similares aos prédios parecidos com trailers utilizados para acrescentar espaço em algumas escolas, em quinze “aldeias-centro-de-distribuição móveis” em todo o país.

Os motoristas entrarão nas áreas de entrega das aldeias, pegarão uma carga e voltarão a sair.

Treinamento

Outro componente do plano é exigir um melhor policiamento das quantidades de pacotes que os maiores clientes varejistas da UPS lhe enviam para sua entrega, assegurando-se de que coincidam com as previsões dessas companhias.

Para ajudar a cumprir essas metas haverá uma força de trabalho sazonal maior do que aquela da Macy’s, que planeja contratar 86.000 pessoas para o final do ano, e do que as 80.000 contratações planejadas pela Amazon.com.

Mais laborioso do que atrair candidatos é prepará-los para o trabalho. Em total, a UPS contratará 50.000 ajudantes de motoristas, 30.000 carregadores de pacotes e 15.000 motoristas.

Hussienroshdy, o treinador, ajuda a preparar os recrutas.

Primeira dica: sempre seja ciente dos seus arredores.

Em Nova York, um grande desafio é atravessar ruas lotadas de táxis e ônibus turísticos, com mensageiros ziguezagueando de bicicleta entre eles a toda velocidade.

Segunda dica: os computadores portáteis da UPS, os DIAD, utilizados para escanear pacotes e aceitar assinaturas, também podem funcionar como dispositivos protetores.

Hussienroshdy aconselhou aos jovens contratados a usar os DIAD ou pacotes para bloquear um cachorro ameaçador. Contudo, normalmente isso não é necessário em Nova York, onde os cachorros frequentemente vivem no luxo.

Terceira dica: Tenha cuidado quando utilizar os carrinhos de mão da UPS, os “dollies”. Nas ruas desniveladas de Nova York, os cabos podem ir para trás e bater no seu queixo.

“Vocês não vão ganhar tanto dinheiro assim”, disse Hussienroshdy à sala cheia de recrutas que vão ganhar US$ 8 por hora, enquanto explicava como manipular os dollies nas ruas desniveladas da cidade. “Vocês querem mesmo se machucar por isso?”.