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União da Cargill e Copersucar cria gigante do mercado global

Joint venture deve começar a operar no segundo semestre, reforçando a posição das gigantes do agronegócio mundial


	Copersucar: nova instituição "estaria entre as maiores... se não a maior (trading de açúcar do mundo)", disse o analista Claudiu Covrig da Platts Kingsman
 (Tadeu Fessel/Divulgação)

Copersucar: nova instituição "estaria entre as maiores... se não a maior (trading de açúcar do mundo)", disse o analista Claudiu Covrig da Platts Kingsman (Tadeu Fessel/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 14h24.

São Paulo - A multinacional do agronegócio Cargill e a brasileira Copersucar anunciaram nesta quinta-feira um acordo para combinar suas atividades globais de comercialização de açúcar em uma joint venture que deve começar a operar no segundo semestre, reforçando a posição das gigantes do agronegócio mundial.

A Copersucar é a maior comercializadora global de açúcar integrada à produção e a maior exportadora brasileira do produto, enquanto a Cargill, com sede nos Estados Unidos e faturamento de 137 bilhões de dólares com diversos negócios agropecuários, origina açúcar nos principais países produtores ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

"É basicamente o braço de mercado da Cargill juntando-se ao braço de produção da Copersucar. São instituições completamente diferentes, então é realmente uma combinação perfeita", disse um analista europeu.

Ambas estão entre as maiores comercializadoras de açúcar, tendo como principais concorrentes a Sucden, Louis Dreyfus e a ED&F Man.

A nova instituição "estaria entre as maiores... se não a maior (trading de açúcar do mundo)", disse o analista Claudiu Covrig da Platts Kingsman.

"A Copersucar é forte internamente (no Brasil), enquanto a Cargill é vista melhor no mercado internacional. A logística da Cargill é fantástica em diferentes commodities, então é um caso de ganha-ganha", disse ele.

Este não é o primeiro negócio do setor de açúcar e álcool a unir uma grande multinacional e uma empresa brasileira. A Raízen, maior exportadora individual de etanol, foi criada por uma joint venture entre a grande produtora de petróleo Royal Dutch Shell e a brasileira Cosan em 2010.

"Elas provavelmente terão alguns ganhos ao combinar as operações logísticas, no mínimo. É preciso ver os detalhes, mas se a Cargill entregar o trabalho de originação à Copersucar e focar no aspecto internacional da venda de açúcar, pode funcionar", disse o chefe da mesa de negociação de uma trading asiática que faz negócio com as duas empresas.


A Copersucar comercializa 8,5 milhões de toneladas de açúcar por ano, com exportações de 6,8 milhões na última temporada, ou cerca de um quarto dos embarques realizados pelo Brasil, o maior produtor e exportador da commodity.

"A operação faz sentido. É interessante que a Cargill havia dito anteriormente que estava obtendo melhor retorno ao reduzir sua originação de açúcar de 6 milhões para 4,5 milhões de toneladas por ano. É difícil fazer dinheiro com o comércio de açúcar, mesmo que você seja grande", disse o diretor da corretora e consultoria Bioagência, Tarcilo Rodrigues.

As duas companhias enfrentaram dificuldades nos últimos anos.

A Copersucar está com a capacidade reduzida em seu gigantesco terminal de exportação de açúcar no porto de Santos (SP), após um incêndio no final do ano passado.

Já a Cargill teve suas atividades de comercialização de açúcar abaladas no final de 2011, quando a unidade foi apontada como uma das responsáveis pelo pior resultado trimestral da empresa em uma década.

O líder de negociação de açúcar Jonathan Drake deixou a Cargill no fim de 2011, sendo substituído por Ivo Sarjanovic, que agora será indicado como presidente-executivo da nova joint venture com a Copersucar.

Operações

Cada companhia terá fatia de 50 por cento na nova empresa, que atuará independente das controladoras na originação e negociação de açúcar bruto e branco. As empresas não mencionaram valores envolvidos na negociação.

A joint venture, que ainda não tem nome definido, depende da aprovação de autoridades regulatórias, que é esperada para a segunda metade do ano, segundo nota conjunta da Cargill e da Copersucar.


Os negócios de etanol e os ativos fixos das duas empresas, como terminais e usinas, não farão parte da transação.

A Copersucar também é a maior comercializadora mundial de etanol, após ter assumido no fim de 2012 o controle da trading norte-americana de combustíveis Eco-Energy.

As atividades de trading de açúcar da nova empresa serão sediadas em Genebra, na Suíça.

A joint venture terá escritórios em Hong Kong, São Paulo, Miami, Delhi, Moscou, Jacarta, Xangai, Bangkok e Dubai, mesmas cidades onde a unidade de açúcar da Cargill já tem atuação.

"Com a nova empresa, a Copersucar reforça sua estratégia de consolidar sua presença global no mercado de açúcar. A Copersucar também reforça seu modelo de negócios diferenciado, baseado na oferta em larga escala, capacidade logística e integração de todos os elos da cadeia, dos produtores aos clientes", disse em nota o presidente do Conselho de Administração da Copersucar, Luis Roberto Pogetti.

O brasileiro será o primeiro presidente rotativo do Conselho de Administração da nova sociedade.

"Acreditamos que a sólida capacidade analítica de nossas equipes de trading e comercialização combinada com a presença global dessa nova joint venture oferecerá aos nossos clientes um entendimento único do mercado global", disse o vice-presidente corporativo da Cargill, Olivier Kerr.

A Copersucar, que une a produção de quase 100 usinas de açúcar no Brasil, tem receita líquida anual de quase 15 bilhões de reais.

A gigante Cargill, uma das maiores empresas do mundo com capital fechado, opera no Brasil o Terminal de Exportação de Açúcar a Granel (Teag), no complexo portuário de Santos, em conjunto com outras empresas.

Atuando no Brasil desde 1965, a Cargill é uma das maiores indústrias de alimentos do país. Com sede em São Paulo, a empresa está presente em 16 Estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em cerca de 150 municípios, e com mais de 9 mil funcionários.

Entre as áreas de atuação globalmente, a empresa é uma das líderes na comercialização e processamento de grãos e oleaginosas, entre outros produtos como o açúcar.

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