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Ultra Academia fatura R$ 200 mi com boom do bem-estar e febre do Gymrats

Crescimento de apps sociais colaboram para aumento no interesse em musculação e outros treinos. A rede soma mais de 150 contratos assinados e mantém uma média de uma nova unidade por semana

Fernando Nero, CEO da Ultra: "A concorrência da academia não é mais outra academia. É o sofá, o celular, a rotina cheia" (Divulgação/Divulgação)

Fernando Nero, CEO da Ultra: "A concorrência da academia não é mais outra academia. É o sofá, o celular, a rotina cheia" (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 06h01.

Última atualização em 10 de dezembro de 2025 às 10h46.

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O ano de 2025 foi marcado por uma expansão sem precedentes do interesse em saúde e condicionamento físico no Brasil.

Aplicativos como o Gymrats, que transforma rotina de exercícios em desafios entre amigos e colegas, viralizaram nas redes sociais e ajudaram a criar um novo comportamento: cuidar do corpo e da mente passou a fazer parte da rotina de milhões de pessoas.

Nesse contexto, a Ultra, uma rede de academias fundada em São Paulo, viu a demanda crescer e o faturamento seguir no mesmo ritmo. A empresa projeta encerrar o ano com R$ 200 milhões em receita, quase o dobro do valor registrado no ano anterior.

A rede foi criada em 2021 e é liderada por Fernando Nero, um executivo com mais de 15 anos de experiência no setor de academias. Ele já havia participado da criação e expansão da Bluefit, e agora comanda um novo modelo de negócio.

"As pessoas estão mudando o jeito de enxergar o treino. A academia deixa de ser um lugar de cobrança e passa a ser um espaço de bem-estar, convivência e acolhimento", afirma Nero.

A Ultra aposta nesse novo perfil de consumidor com um conceito que a empresa chama de soft wellness — uma proposta de saúde e atividade física com menos pressão estética e mais foco em bem-estar.

Em vez de espelhos, luz baixa e aparelhos de som no volume máximo, as unidades têm cores claras, janelas abertas, ambientes sociais e estrutura planejada para receber alunos iniciantes e veteranos com o mesmo conforto.

Em 2025, a rede acelerou a expansão por meio de uma rede de franquias. Inaugurou novas academias no Rio de Janeiro, onde o mercado de serviços cresceu acima da média nacional. A marca também reforçou sua presença em outras capitais e cidades de médio porte, e hoje está em 14 estados com mais de 80 unidades em operação. De acordo com a empresa, o número de alunos chegou a 200 mil em todo o país.

Além das academias, a Ultra criou um ecossistema de estúdios especializados — o Spider Kick, voltado para artes marciais; o The Flame, de treinos funcionais; e o Cycle, com aulas de bike indoor.

Todas as unidades funcionam por meio de franquias, com investimento inicial a partir de R$ 500 mil. A rede soma mais de 150 contratos assinados e mantém uma média de uma nova inauguração por semana.

A concorrência é o sofá e o celular

O momento favorável do setor ajudou. Segundo dados do Global Wellness Institute, o mercado global de bem-estar movimentou mais de US$ 6 trilhões em 2023 e deve chegar a US$ 9 trilhões até 2028.

No Brasil, o mercado fitness fatura cerca de R$ 12 bilhões por ano, com mais de 56 mil academias em funcionamento — o segundo maior número no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Parte desse crescimento se deve a mudanças culturais. Em vez de treinar para competir, grande parte das pessoas busca hoje mais energia, rotina saudável e qualidade de vida.

Aplicativos como o Gymrats, que cresceu no Brasil em 2024 e 2025, ajudam a transformar o treino em uma atividade social e lúdica. O app permite montar grupos de amigos e colegas de trabalho, registrar exercícios e competir com pontuação, rankings e desafios. Estima-se que o Gymrats tenha ultrapassado 1 milhão de downloads em 2025, com o Brasil como principal mercado.

Na avaliação de Nero, essa nova relação com o treino também afeta o modelo de negócio. "A concorrência da academia não é mais outra academia. É o sofá, o celular, a rotina cheia. Por isso, a experiência dentro da unidade precisa ser leve, agradável e fácil de manter", afirma o CEO.

A rede também ganhou projeção com a campanha “Ative o Modo Ultra”, estrelada pela apresentadora Fernanda Souza. A ação foi aprovada por 99% dos franqueados, segundo a empresa, e reforçou a identidade da marca como um espaço acessível para quem quer treinar no próprio ritmo.

A escolha da embaixadora teve como foco atrair um público mais amplo, especialmente o feminino — grupo que, segundo pesquisas do setor, ainda enfrenta barreiras culturais para frequentar academias.

Com o crescimento da rede e o aumento da base de alunos, a Ultra planeja abrir 50 novas unidades até o fim de 2025 e manter a estrutura de suporte para os franqueados.

As unidades têm faturamento médio entre R$ 3 milhões e R$ 6 milhões por ano, e mais de 90% dos franqueados da rede já abriram uma segunda unidade.

Para Fernando Nero, o potencial de crescimento do setor segue alto.

"A academia virou um serviço de rotina, como o supermercado ou a farmácia. O que estamos fazendo é adaptar esse serviço para que mais pessoas consigam incluir o treino na vida real", diz.

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