O último trimestre de folga da Netflix
Resultados divulgados hoje devem ser melhores que os do 2º trimestre, mas a concorrência está chegando com novos serviços de streaming
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2019 às 06h23.
Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 18h34.
São Paulo — Após ter visto o número de assinantes cair pela primeira vez nos Estados Unidos no trimestre passado, a empresa de streaming Netflix espera apresentar resultados melhores nesta quarta-feira 16, de olho na concorrência de Disney e Apple que está por vir.
A Netflix apresenta seu balanço do terceiro trimestre às 17h (horário de Brasília) e a expectativa é de alta de cerca de 21% no número de assinantes, a principal métrica para a qual os analistas se atentam nos resultados de grandes empresas de tecnologia.
No segundo trimestre, o total de assinantes nos Estados Unidos caiu em 130.000 e o lucro recuou 30%. Desta vez, no período entre julho e outubro, a Netflix estima ter ganho em torno de 800.000 assinantes em sua terra natal e 6 milhões no resto do mundo, segundo suas previsões oficiais divulgadas em junho passado.
A estimativa é que o lucro suba 17% na comparação com o mesmo período do ano passado (com lucro por ação em 1,04 dólar), segundo mais de 30 analistas consultados pelo Yahoo Finance. O faturamento deve ficar em torno de 5,25 bilhões de dólares, alta de 31%.
São números robustos, mas a principal preocupação dos investidores é que a empresa, cujo faturamento cresceu mais de 60% ao ano na média dos últimos cinco anos, esteja desacelerando. A queda no número de assinantes nos EUA acendeu um sinal de alerta que fez a ação da empresa cair 10% e perder mais de 20 bilhões de dólares em valor de mercado desde a divulgação do último balanço. No acumulado do ano, o papel subiu somente 2%.
Esse também foi o último trimestre em que a Netflix reinou quase solitária no mundo do streaming. O novo serviço de streaming da Apple, o Apple+ — cuja série principal, com Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, já custou mais que a série Game of Thrones, da HBO –, estreia no dia 1º de novembro. Em 11 de novembro, também chega às telas o Disney+, que será o serviço mais barato dos Estados Unidos, por 7 dólares, e já estreia com mais de 600 títulos da Disney. No ano que vem, também chega o HBO Max (que unirá produções de Warner e HBO, em substituição ao atual HBO Go, que sofre debandada de assinantes após o fim de Game of Thrones ).
Com a competição americana acirrada, a saída é crescer no exterior, onde está 60% da base de mais de 150 milhões de usuários da Netflix. Mas mesmo mercados outrora promissores, como a América Latina, começaram a estagnar. Não há previsão de quando os serviços de Disney e Apple chegam ao Brasil, embora o país deva estar no radar dos executivos: por aqui estão 7% dos usuários da Netflix no mundo, segundo projeção da consultoria eMarketer.
Uma esperança são mercados da Ásia — sobretudo a Índia –, que devem passar a responder por um terço da fatia global de assinantes da empresa até 2022. Se a Disney não chegar lá primeiro.
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