Trabalhadores da Mercedes entram em greve por reajuste e contra demissões
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, paralisação ocorre porque empresa, além de não querer dar reajuste salarial, pretende demitir 340 pessoas
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de maio de 2018 às 17h32.
São Paulo - Os trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo entraram em greve nesta segunda-feira, 14, por tempo indeterminado.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a paralisação ocorre porque a empresa, além de não querer dar reajuste salarial na negociação deste ano, pretende demitir 340 pessoas da área administrativa, de um total de 8 mil funcionários.
O sindicato afirma também que a Mercedes-Benz quer acabar com algumas cláusulas acertadas no último acordo, como o tempo de estabilidade para trabalhadores que sofreram algum acidente e o complemento que eles recebem da empresa por quatro meses para que o auxílio-doença recebido pelo INSS chegue ao mesmo valor do salário.
Os metalúrgicos defendem a manutenção destes pontos e a inclusão de uma cláusula de salvaguarda contra a reforma trabalhista, garantindo que qualquer alteração prevista na nova legislação só possa ser aplicada após negociação entre empresa e sindicato.
Além disso, os trabalhadores querem que o cálculo da Participação em Lucros e Resultados (PLR) leve em conta a exportação dos itens agregados, como motor, câmbio e eixos.
Os trabalhadores vão realizar uma nova reunião na terça-feira para decidir se continuam em greve ou não. A empresa, no entanto, ainda não mandou uma nova proposta, segundo o sindicato. Procurada, a Mercedes-Benz confirmou que mantém conversas com as lideranças sindicais, mas não quis dar detalhes enquanto as negociações ocorrem. Pela mesma razão, o sindicato não quis divulgar quais os valores em discussão para o reajuste salarial.
A paralisação ocorre em um momento em que o setor volta a crescer. A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo é destinada à produção de caminhões e ônibus.
Tais segmentos, respectivamente, apresentam crescimento de 54,9% e 81,7% no acumulado de janeiro a abril ante igual intervalo do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A fábrica da Mercedes, que com a crise passou a produzir em somente um turno, deve voltar aos dois turnos no segundo semestre deste ano, conforme tem dito em entrevistas o presidente da empresa no Brasil, Philipp Schiemer. A unidade, que tem capacidade de produzir 80 mil veículos por ano, tem operado no limite de apenas um turno.